Capítulo 3

A igreja de Sardes é reprovada e exortada a se arrepender.
A igreja de Filadélfia é aprovada pela sua diligência e perseverança.
A igreja de Laodiceia é admoestada a ser zelosa, Cristo permanece à porta de bate.
    A mensagem a qualquer uma das sete igrejas se aplica especificamente à igreja cristã de determinado período da história. Isso se baseia na ideia de que elas representam sete períodos consecutivos da era cristã e que cada mensagem tem uma aplicação única para apenas uma época. Somente assim os cristãos de determinada era podem ser considerados pertencentes a uma igreja em particular e, dessa forma, a mensagem de Laodiceia pode ser aplicada especificamente à igreja de nossos dias. Portanto, quando as sete igrejas são compreendidas de maneira cronológica, aplicáveis a períodos específicos da história, os cristãos de uma época não podem migrar espiritualmente para outra.
    Cada uma das sete igrejas tem problemas próprios, e as advertências, as promessas e os conselhos direcionados a cada uma delas são apropriados. Também é verdade que algumas das igrejas refletem uma condição espiritual mais desejável do que outras.
    É apropriado que o cristão fiel de qualquer período da história cristã aspire a refletir as características desejáveis de todas as igrejas e se torne um candidato a receber suas promessas. Da mesma forma, deve evitar as características indesejáveis e dar ouvidos às advertências feitas.
    De modo geral, são proferidas palavras de elogio a todas as igrejas, com exceção de Sardes e Laodiceia; e há palavras de repreensão para cada uma, exceto a Esmirna e Filadélfia; e há promessas a todas as sete. Portanto, as igrejas tinham tanto membros desejáveis quanto indesejáveis. Porém, em nenhuma ocasião, Cristo aconselha os membros leais de uma suposta igreja desleal a fazer uma transferência espiritual e passar a ser membros de outra, cuja condição espiritual parece preferível.
    A ideia de que o cristão tem chances de se salvar por meio do mecanismo de escape, de migração espiritual, e de exercer uma forma de justiça que presume ser superior à de outro cristão está em clara desarmonia com os ensinos do Senhor (Lc 18:9-14). Na parábola do joio e do trigo (Mt 13:24-30, 37-43), o dono do campo ordenou que deixassem ambos crescerem “juntos até a colheita” (v. 30). O joio não deveria ser arrancado por mãos humanas, nem o trigo dentro do celeiro do Senhor e queimarem o joio é que haverá separação entre justos e ímpios (verso 30, 39-42).
    Os membros da antiga igreja de Laodiceia não melhorariam sua condição espiritual mudando-se para a cidade de Filadélfia. O propósito divino da igreja laodicense não inclui um plano de migração espiritual para uma das outras igrejas apocalípticas. Deus deseja uma transformação radical do coração e da vida (Ap 3:18-20). Qualquer outra solução proposta para os males de Laodiceia só serve para transformar a pessoa em hipócrita.
    É verdade que nenhuma outra igreja recebe repreensão tão severa quanto a de Laodiceia, como também é verdade que nenhuma outra tem evidência mais clara do amor de Cristo, da íntima comunhão com Ele, nem recompensa mais gloriosa (verso 19-21). A mensagem a Laodiceia não é de rejeição incondicional, nem a dirigida às demais igrejas. Se a pobreza espiritual dos laodicenses estivesse além da possibilidade de redenção, eles não receberiam a oferta de “ouro” por parte da Testemunha Verdadeira. Caso seu problema de visão espiritual fosse irremediável, não teriam à disposição o “colírio” celestial. Caso sua “nudez” ultrapassasse qualquer esperança, Cristo não lhes ofereceria as próprias “vestiduras brancas” (verso 17 e 18).
    Com certeza há vencedores em Laodiceia (verso 21), assim como em todos os outros períodos da história da igreja. E são esses vencedores, em Laodiceia, que recebem a promessa de se assentar com Cristo em Seu trono.
1 - E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelasConheço as tuas obrasque tens nome de que vives, e estás morto.
A. Anjo: Ver com. de Ap 1:20.
B. Sardes: A primeira cidade importante na estrada ao sul de Tiatira. Assim como Tiatira, Sardes desfrutava de uma localização comercial favorável. O significado do seu nome, porém, é incerto. Alguns sugerem “cântico de alegria”, “aquela que permanece” ou “algo novo”.
C. Sete espíritos de Deus: Ver com. de Ap 1:4.
D. Sete estrelas. Esta imagem, assim como as que introduzem as mensagens a cada uma das outras igrejas, é extraída da descrição do Cristo glorificado (ver com. de Ap 1:16-20).
E. Conheço as tuas obras. Ver com. de Ap 2:2.
F. Nome. Neste caso, “reputação”. A hipocrisia caracterizava essa igreja, que não era aquilo que fingia ser. As igrejas da Reforma professaram ter descoberto o que significa viver pela fé em Jesus Cristo. Todavia, em sua maioria, caíram em estado semelhante ao da organização da qual haviam se separado (2Tm 3:5). Seu nome (protestantes) sugeria oposição aos abusos, erros e ao formalismo católico romano; e o nome “Reforma” indica que nenhuma dessas falhas seria encontrada dentro do corpo protestante.
G. Estás morto: Este amargo comentário dá início a uma mensagem formada principalmente por reprovações. O pecado da hipocrisia despertou as denúncias mais severas de Jesus contra os líderes religiosos de Sua época (ver Mt 23:13-33). Então, o Cristo glorificado faz Sua repreensão mais aberta à hipócrita igreja de Sardes. Em vez de ter “vida” ou ser vivificada em Cristo (ver Ef 2:5; Cl 2:13; Gl 2:20), como alegava, esta igreja estava morta (2Tm 3:5). Aplicada ao período de Sardes da história da igreja, pode-se considerar que a mensagem é dirigida ao final do período da reforma e pode ser datada de 1517 a 1755.
    Algumas décadas depois do início da Reforma, as novas igrejas passaram por um período de fortes controvérsias doutrinárias. Com o tempo, as diferenças de opinião forma resolvidas adotando credos definitivos que tendiam a desestimular a busca por verdades adicionais. Nos primeiros séculos de sua história, a igreja romana cristalizara boa parte de sua teologia por meio de um processo semelhante. Protegidas pelo poder e prestígio do estado e abrigadas pelo refúgio de credos confessionais rígidos, as igrejas nacionais do mundo protestante passaram a se contentar, de modo geral, com a forma de piedade, sem seu poder. Outro fator importante que contribuiu para a apatia em relação as coisa espirituais foi o racionalismo, nos séculos 17 e 18. Apoiados em descobertas científicas, muitos eruditos começaram a crer que as leis naturais eram suficientes para explicar o funcionamento do universo. Com frequência, concluíam que a principal função de Deus neste mundo foi a de uma causa inicial e, desde esse ato de criação, o mundo vinha funcionando de maneira mais ou menos independente. Os intelectuais perceberam a eliminação da reflexão teológica independente em vista das fórmulas rígidas da ortodoxia protestante e se voltaram, em alguns casos, para o racionalismo filosófico. O racionalismo produziu idealismo elevado e pensamentos louváveis em campos como a ciência política e o humanitarismo. Porém, quando aplicados à religião, seus pressupostos contribuíram para a frieza espiritual que caracterizou grande parte do protestantismo nos séculos posteriores à Reforma.
2 - Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.
A. Sê vigilante: Sobre a vigilância como um dever cristão, ver com. de Mt 24:42; Mt 25:13.
B. Restantes/Resto: Mesmo no protestantismo institucionalizado, havia certas coisas que deviam ser preservadas. Muito, mas nem tudo, fora perdido. A vida espiritual do protestantismo estava morrendo, mas o sistema não estava morto. Pode-se considerar que a “sobrevivência” seja a nota tônica do período de Sardes na história da igreja.
C. Íntegras as tuas obras: O ardor do protestantismo ao longo de seus primeiros anos alimentava a esperança de crescimento rumo à perfeição e à integridade na compreensão das verdades reveladas e na aplicação delas à vida. Contudo, à medida que os anos se passaram, o zelo e a piedade se esvaíram. A igreja então se cansou do esforço para alcançar o objetivo ao qual havia se proposto.
3 - Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.
A. Lembra-te, pois: Comparar com Ap 2:5.
B. Recebido e ouvido: A forma verbal do grego sugere que a igreja de Sardes não só havia recebido a verdade, mas ainda a possuía. Nem tudo estava perdido. Ainda havia esperança, conforme demonstra a ordem para guardar, que, no grego, significa “continuar a guardar”. Alguns cristãos de Sardes não tinham apostatado, o que está claro no verso 4.
C. Arrepende-te: Do gr. metanoeõ (ver com. de Mt 3:2).
D. Ladrão: Comparar com Mt 24:43, que faz referência à segunda vinda de Cristo. Aqui, a advertência pode incluir não só o segundo advento em si, mas também uma visitação divina mais imediata (Ap 2:5). Qualquer uma dessas vindas seria inesperada para quem não se arrepender e vigiasse.
4 - Mas também tens em Sardes algumas poucas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso.
A. Pessoas que não contaminaram suas vestes. Ver com. de At 1:15Linguagem figurada para a contaminação moral, em que a maior parte da igreja de Sardes havia caído (ver com. de Mt 22:11; cf Ap 16:15; ver com. de Is 63:6).
B. E comigo andarão de branco. Em contraste com os que caíram moralmente, contaminando suas “vestiduras”, os fiéis vestem roupas “brancas”, limpas e sem manchas, símbolo de sua pureza. A frase seguinte revela isso, “pois são dignas” (ver Ap 7:13-14). A justiça e a dignidade não pertencem a eles, mas resulta de lavar as vestiduras no sangue do Cordeiro, até ficarem brancas. Eles receberam a justiça de Cristo.
5 - O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
A. O que vencer será vestido de vestes brancas: Ver com. de Ap 2:7Vestido - Isto é, com imortalidade na vida futura. Vestiduras brancas - Ver com. do v. 4.
B. Riscarei/apagarei o seu nome do livro da vida. Ver com. de Ap 3:19. A expressão figurada “de modo nenhum riscarei/apagarei” garante ao pecador arrependido que suas faltas foram perdoadas, mas adverte ao impenitente que seu nome será removido do Livro da Vida. A própria identidade pessoal do impenitente deixará de existir, e ele não terá mais lugar entre os seres criados. Livro da Vida - Ver com. de Fp 4:3; Ap 13:8; Ap 20:15.
C. Confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos: Isto é, o reconheceria como um seguidor devoto e leal. Cristo é o advogado e intercessor, o grande sumo sacerdote de todos que proclamam Sua justiça (1Jo 2:1-2; Mt 10:32-33; Hb 8:1-6). Diante dos Seus anjos - O "propósito" ainda mais vasto e profundo” do plano da redenção é “reinvindicar o caráter de Deus perante o universo”. Quando Cristo, em Seu papel de intercessor e sumo sacerdote, apresenta Seu povo resgatado perante o trono de Deus, Ele oferece testemunho convincente às hostes celestiais de que os caminhos do Senhor são justos e verdadeiros. Eles veem a justiça de Deus ser reivindicada, tanto em Sua “obra estranha” (Is 28:21) de entregar os impenitentes à destruição quanto no perdão dos pecadores que aceitam Sua graça salvadora pela fé. Sem a intercessão de Cristo no papel de sumo sacerdote, tais atos misteriosos de Deus poderiam parecer arbitrários e injustificados para seres inteligentes do universo.
6 - Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
A. Quem tem ouvidos. Ver com. de Ap 2:7.
7 - E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davio que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre:
A. Anjo: Ver com. de Ap 1:20.
B. Filadélfia: Palavra que significa “amor fraternal”. Cidade fundada no 2º século antes de Cristo e nomeada em honra a Átalo II Filadelfo, de Pérgamo, enaltecendo sua lealdade ao irmão mais velho, Eumenes II, que antecedeu no trono. Reconstruída pelo imperador romano Tibério, após terremoto catastrófico em 17 d.C, cidade pequena localizada a 48 km a sudeste de Sardes.
    Quando a aplicação histórica é feita, a mensagem a Filadélfia pode ser considerada adequada a vários movimentos protestantes no final do século 18 e primeira metade do 19, cujo objetivo era transformar a religião em algo vital e pessoal. Os grandes movimentos evangélicos e do advento na Europa e nos Estados Unidos restauraram o amor fraternal e enfatizaram a piedade prática, em contraste com as formalidades religiosas. O reavivamento da fé na graça salvadora de Cristo e na proximidade de Seu retorno renovou a comunhão cristã experimentada desde o início da Reforma.
C. O santo: Este título é usado para se referir a Deus no AT (Is 40:25; Hc 3:3). No NT, uma denominação semelhante é aplicada diversas vezes a Cristo, deixando implícita Sua divindade (Lc 1:35; At 4:27, 30; Jo 6:69).
DVerdadeiro: Do gr. alethinos, “genuíno”, “real”, em contraste com os falsos deuses.
E. A chave de Davi: Este versículo aplica a profecia de Isaías acerca de Eliaquim a Cristo (Is 22:20-22; 2Rs 18:18). Eliaquim foi designado para supervisionar a casa de Davi, conforme demonstra o fato de que receberia “a chave da casa de Davi”. Cristo possui a “chave”, o que indica Sua jurisdição sobre a igreja e sobre o propósito divino a ser alcançado por meio dela (ver Mt 28:18; Ef 1:22; comparar com Ap 5:5; 22:16 e ver com. de Mt 1:1).
F. Que abre: Isto é, com a “chave de Davi”. Cristo tem plena autoridade para abrir e fechar, para levar o plano da redenção a completo êxito.
8 - Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.
A. Tuas obras: Ver com. de Ap 2:2.
B. Uma porta aberta: Tendo a “chave de Davi” (v.7), Cristo pode abrir uma “porta” de oportunidades ilimitadas para a igreja de Filadélfia alcançar vitórias na luta contra o pecado e para dar testemunho da verdade salvadora do evangelho. Há outros usos semelhantes de “porta” como um símbolo de oportunidade (ver At 14:27; 1Co 16:9; 2Co 2:12; Cl 4:3).
    Os adventistas do sétimo dia defendem que o encerramento do período de Filadélfia (1844) marca o início do juízo investigativo (ver com. de Dn 7:10; Ap 14:6,7). Cristo é nosso grande sumo sacerdote (Hb 4:14, 15; 8:1), que ministra no santuário celestial, o “verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb 8:2,6; Êx 25:8,9). O ritual do santuário terrestre consistia essencialmente de duas partes, o serviço diário da ministração pelo pecado, no lugar santo, e o serviço anual, no Dia da Expiação, que era considerado um dia de juízo, no lugar santíssimo (Hb 9:1, 6, 7; ver com de Dn 8:11, 14). Considerando que o santuário terrestre era “figura e sombra das coisas celestes” (Hb 8:5), conclui-se que os serviços diário e anual do santuário terrestre encontram correspondentes no ministério de Cristo no santuário celestial. Falando em termos do simbolismo do santuário terrestre, que era uma “figura do verdadeiro” (Hb 9:24), no antitípico Dia da Expiação, iniciado em 1844, nosso grande Sumo Sacerdote deixou o lugar santo do santuário celestial e entrou no santíssimo. Assim, a “porta fechada” seria a do lugar santo do santuário celestial e a “porta aberta”, a do santíssimo, no qual Cristo se encontra envolvido na obra do grande antitípico Dia da Expiação, desde 1844. Ou seja, a “porta fechada” indica o encerramento da primeira etapa do ministério celestial de Cristo e a “porta aberta”, o início da segunda etapa (doutrina do santuário em Hb 10).
C. Ninguém pode fechar: Cristo levará avante a obra da redenção até terminá-la. O ser humano nada pode fazer para impedir Seu ministério nas cortes do Céu, nem Sua jurisdição e em Seu controle sobre as questões terrenas (ver com. de Dn 4:17).
DPouca força: Pode ser que Cristo esteja, aqui, reprovando a igreja de Filadélfia por ter pouca força ou a elogiando por ter um pouco de força. Com exceção de “poucas pessoas” em Sardes, aquela igreja estava completamente morta, e pode ser que a “pouca força” de Filadélfia representa uma situação mais animadora do que a de Sardes. A ligação entre a “pouca força” e o elogio por guardar a palavra de Cristo e não negar Seu nome tende a confirmar essa conclusão. Além disso, pode-se entender a “porta aberta” como um convite para entrar na experiência de uma força ainda maior. Ao que tudo indica, a igreja antiga de Filadélfia na história da igreja, com sua atenção à Palavra de Deus, sobretudo às profecias de Daniel e Apocalipse, e à piedade pessoal, representa um retrato mais animador do que o período que a precedeu.
E. Minha palavra: A palavra de Deus expressa Sua vontade. Deus revela Seu querer por intermédio da natureza, mas especialmente por meio de Seus profetas e apóstolos, pelo testemunho direto do Espírito Santo ao coração humano, pelas experiências da vida, pelo decorrer da história humana e, sobretudo, por intermédio de Cristo.
F. Nome: Ver com. de Ap 2:3.
9 - Eis que Eu farei aos da sinagoga de Satanásaos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que Eu te amo.
A. Eis que Eu farei: Literalmente, “lhes darei”. Compreende-se que Deus faria os membros da “sinagoga de Satanás” “vir e prostrar-se” aos pés dos cristãos de Filadélfia, sem se arrependerem, ou que Deus daria aos cristãos de Filadélfia alguns dos judeus da cidade como conversos.
B. Aos da sinagoga de Satanás: Ou, “alguns da sinagoga”.
C. Aos que se dizem judeus, e não são: Ver com. de Ap 2:9.
D. Vir e prostrar-se: A sequência “vir”, “prostrar-se”, “conhecer”, parece envolver mais do que triunfo público dos cristãos da antiga Filadélfia sobre seus oponentes judeus. Para os cristãos, assim como para os conquistadores pagãos, alegrar-se diante da perspectiva de ver seus acusadores finalmente prostrados a seus pés dificilmente parece refletir o espírito do verdadeiro cristianismo. Em vez disso tais palavras podem referir à conversão de alguns judeus da cidade de Filadélfia (1Co 14:24, 25), que aprenderiam do amor de Deus por experiência própria. Esse crescimento no número de fiéis poderia resultar da “porta aberta” (Ap 3:8) e da lealdade da igreja à “palavra” de Cristo. A lealdade costuma persuadir até mesmo o coração dos perseguidores.
    Sobre o período de Filadélfia na história da igreja, esta expressão pode ser aplicada àqueles que não acompanham o avanço da verdade e ainda se opõem aos que o fazem. Compreendida dessa maneira, a referência pode ser à ocasião em que aqueles que rejeitaram a verdade confessarão seu erro.
    As palavras “vir e prostrar-se aos teus pés” são extraídas de (Is 60:14; 43:23). Assim como os estrangeiros deveriam ter ido ao antigo Israel para aprender sobre Deus, os não cristãos devem se dirigir à luz do evangelho para encontrar salvação.
    Apocalipse 3:9 também tem sido aplicado àqueles que persistem na oposição à verdade, sobretudo na época em que as circunstâncias os compelirão, mesmo impenitentes, a reconhecer que os leais à verdade realmente são o povo de Deus. Este versículo pode incluir tanto os adversários da verdade arrependidos quanto os impenitentes. Nesse caso, um grupo faz um reconhecimento sincero, ao passo que os outros são apenas obrigados a isso pelas circunstâncias.
E. Eu te amei: Provável referência a Is 43:4.
10 - Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.
A. Palavra da Minha paciência ou perseverança: Alguns interpretam que esta expressão significa “minha palavra de perseverança”, isto é, minha ordem para ser perseverante. Também pode se tratar do ensino acerca da perseverança de Cristo (2Ts 3:5). As duas ideias se unem no pensamento. “Cristo nos encoraja a ser perseverantes assim como Ele foi quando provado”. Da - Do gr. ek, “fora de”, indicando que os vencedores suportarão com êxito o período da tribulação, não que serão poupados dele (ver com. Dn 12:1; Mt 24:21, 22, 29-31).
B. Hora da tentação ou da provação: Não se trata de um período específico, seja literal ou profético, mas de uma “temporada” ou “época”. “Hora” aqui tem o mesmo significado visto em Apocalipse 3:3. Em harmonia com as repetidas referências à iminência do retorno de Cristo (ver com. de Ap 1:1), a “hora da provação” se refere, sem dúvida, ao período de maior prova antes do segundo advento.
C. Os que habitam na terra: Esta expressão e as semelhantes (Ap 6:10; 8:13; 11:10; 13:8, 14; 17:2, 8) são usadas de maneira consistente em todo o Apocalipse para se referir aos ímpios, sobre quem os juízos divinos serão derramados.
11 - Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.
A. Coroa: Ver com. de Ap 2:10.
12 - A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do Meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do Céu, do Meu Deus, e também o Meu novo nome.
A. Coluna no templo ou santuário: Uma “coluna” metafórica faria parte de um “templo” metafórico (Gl 2:9; 1Tm 3:15). No NT, a palavra traduzida por “templo” (naos), em geral, se refere ao interior do santuário, os lugares santo e santíssimo, não a todo o complexo de construções que formavam o templo antigo. Logo, esta promessa significa que o vencedor terá um lugar permanente e importante na presença de Deus.
B. Nunca ou jamais sairá: Isto é, será permanente. Em harmonia com a figura, sair representaria deixar a presença de Deus de maneira deliberada, como o fez Lúcifer. Uma promessa como esta só poderia ser feita àqueles que vencessem permanentemente. Nesta vida, a possibilidade de sair permanece, mas, na vida futura, ninguém escolherá sair.
C. Nome do Meu Deus: Ver com. de At 3:16; Ap 2:3, 17; 14:1; 22:4. Esta expressão dá continuidade à figura de linguagem introduzida por “coluna”; portanto, também pode ser interpretada de maneira figurada. Assim como “nome” indica personalidade e caráter, a promessa feita se refere à impressão permanente do caráter de Deus sobre os vencedores. Então, a imagem do Criador estará plenamente restaurada neles. Esta figura de linguagem também pode sugerir que os santos vitoriosos serão completamente do Senhor, conforme atesta Seu nome, ou sinal de propriedade, fixado sobre eles.
DNome da Cidade: A coluna não tem só o nome divino inscrito sobre ela, mas também o nome da nova Jerusalém. Isso significa que o cristão vitorioso é cidadão da nova Jerusalém e tem o direito de morar ali (At 22:14).
E. Nova Jerusalém: Não é “nova” no sentido de ser uma réplica da cidade literal com o mesmo nome, mas o contraste celestial de sua correspondente terrena. A antiga Jerusalém deveria ter se tornado uma metrópole nesta Terra e perdurado para sempre. Todavia, por sua falha em cumprir o plano designado, esse papel será concedido à nova Jerusalém. A expressão “nova Jerusalém” só ocorre no Apocalipse, mas o conceito é anterior (Gl 4:26; Hb 12:22; sobre o significado de “Jerusalém” ver com. de Js 10:1).
F. Desce do Céu: Ver com. de Ap 21:2.
G. Meu novo nome: O terceiro nome escrito na coluna simbólica é o do próprio Cristo. Ele faz a mediação do processo de entrega do caráter divino ao vencedor, representado pelo nome (ver com. de At 3:16). Somente porque Deus Se fez homem em Jesus Cristo é que o ser humano pode ser restaurado à imagem divina. Isso ocorre por intermédio do dom da vida e do caráter de Cristo, concedido ao crente (Gl 2:20; 2Co 1:22).
13 - Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
A. Tem ouvidos: Ver com. de Ap 2:7.
14 - E ao anjo da igreja de Laodiceia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
A. Anjo: Ver com. de Ap 1:20.
B. Em Laodiceia: O nome “Laodiceia” é definido como “julgando o povo” ou “um povo julgado”. A segunda opção parece preferível neste caso. O caminho mais curto de Filadélfia para a cidade de Laodiceia é de 80 km. Foi fundada pelo rei selêucida Antíoco (241 - 246 a.C) e nomeada em homenagem a sua esposa, Laodice. Laodiceia era um centro comercial próspero nos dias de João, especializado na produção de lã. Ficava a poucos quilômetros das cidades de Colossos e Hierápolis, onde cedo houve cristãos (ver Cl 4:13). Na época em que o Apocalipse foi escrito, a igreja de Laodiceia existia provavelmente havia cerca de 40 anos. Paulo demonstrou interesse por esta congregação e orientou os colossenses a compartilhar cartas com os laodicenses (Cl 4:16).
B. Amém: A união deste título com "testemunha fiel e verdadeira" identifica como uma referência a Cristo (ver Ap 1:5), o autor das epístolas às sete igrejas (sobre o significado de "amém", ver com. de Dt 7:9; Mt 5:18). A aplicação do termo a Cristo pode ser comparada a Isaías 65:16, passagem em que, no texto hebraico, o Senhor é chamado de 'Elohe amen', "o Deus do amém". Aqui, o título pode ser entendido como uma declaração de que Cristo é a verdade (ver Jo 14:6). Em consequência, Sua mensagem à igreja de Laodiceia deve ser aceita sem questionamentos.
C. Testemunha fiel e verdadeira: Ver com. de Ap 1:5.
D. Princípio: Do gr. arche, palavra que tem tanto sentido passivo quanto ativo. No passivo, refere-se àquilo que é alvo de uma ação no princípio. Se for interpretada assim, significa que Cristo foi a primeira das criaturas, o que obviamente não é a tradução correta, pois Cristo é eterno. No sentido ativo, arche se refere aquilo que inicia uma ação, a causa primeira, o motivador inicial. Nessa interpretação, declara-se que Cristo é o criador. Esse é o sentido claro da passagem, pois Jesus é retratado diversas vezes exercendo esse papel. A declaração semelhante de Colossenses 1:15 e 16 havia sido lida pela igreja de Laodiceia muitos anos antes (cf Cl 4:16).
15 - Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
A. Conheço as tuas obras: Ver com. de Ap 2:2
B. Nem és frio nem quente: Esta expressão figurada deve ter tido um significado específico para os cristãos de Laodiceia. Um dos principais atrativos turísticos da região era uma cachoeira na qual fluía uma torrente das fontes termais desde Hierápolis, deixando depósitos minerais ao longo de seu curso. A água de Laodiceia não era essa fonte quente, nem fria, mas uma torrente de água que fluía por um aqueduto que fazia depósitos de uma água mineral semelhante, provavelmente morna. Portanto, a água mineral morna era algo familiar aos laodicenses e caracterizava adequadamente sua condição espiritual.
A situação espiritual de mornidão da igreja de Laodiceia era mais perigosa do que a frieza. O cristianismo morno preserva o suficiente da forma e até mesmo o conteúdo do evangelho para nublar a percepção da mente, deixando as pessoas inconscientes do empenho necessário para se alcançar o ideal de uma vida vitoriosa em Cristo. O típico cristão laodicense se contenta com as coisas como estão e se orgulha do pouco progresso que já fez. É quase impossível convencê-lo de sua grande necessidade e de como se encontra distante do ideal de perfeição.
Uma vez que a mensagem às sete igrejas reflete todo o curso da igreja cristã (ver com. de Ap 1:11; 2:1), a sétima mensagem deve representar a experiência da igreja durante o período final da história da Terra. O nome Laodiceia indica o passo final na caminhada da igreja, o aperfeiçoamento do “povo julgado” e considerado justo (ver com. do v. 14). Além disso, sugere que a preparação dos fiéis e o processo divino de declará-los justos se estenderão até o fim do período (ver com. de Dn 8:13-14; Ap 3:8; 14:6-7). Portanto, é apropriado que a mensagem aos laodicenses se aplique à igreja desde 1844 até o fim dos tempos e que o período por ela representado receba o nome de era do juízo.
A mensagem a Laodiceia se dirige a todos que professam ser cristãos. Por mais de um século, os adventistas do sétimo dia reconhecem que a mensagem aos laodicenses também se aplica a eles de maneira específica. O reconhecimento dessa aplicação sugere uma repreensão constante à satisfação do eu e incentiva uma vida dedicada à conformidade com o padrão de uma vida perfeita em Cristo Jesus (ver com. do v. 18).
C. Quem dera: A mornidão espiritual resulta num estado de alerta limitado, reação lenta e indecisão. Caso a igreja de Laodiceia fosse fria, o Espírito de Deus poderia convencê-la mais prontamente de sua condição.
A declaração a seguir esclarece por que a situação de frieza é preferível à mornidão. “Seria mais aceitável ao Senhor se os crentes mornos nunca houvessem feito menção de Seu nome. Eles são um contínuo peso àqueles que desejam ser fiéis seguidores de Jesus. São uma pedra de tropeço aos descretes.”
A Causa da Cegueira Espiritual
Foi-me mostrado que a maior causa de o povo de Deus se achar agora nesse estado de cegueira espiritual, é o não receberem a correção. Muitos têm desprezado as reprovações e advertências que lhes foram feitas. A Testemunha Verdadeira condena o estado morno do povo de Deus, o qual dá a Satanás grande poder sobre eles, neste tempo de espera e vigilância. [...] A vida eterna é de infinito valor, e custar-nos-á tudo quanto possuímos. [...] não damos o devido valor às coisas eternas. [...] A fé e o amor são áureos tesouros, elementos de que há grande carência entre o povo de Deus (Testemunhos Seletos - Igreja de Laodicéia).
16 - Assim, porque és morno, e não és frio nem quentevomitar-te-ei da minha boca.
A. Vomitar-te-ei da minha boca: A imagem da água morna é levada a sua conclusão lógica. Esse tipo de água decepciona e causa náuseas. Quem a ingere coloca-a para fora quase involuntariamente.
17 - Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
A. Estou rico/Rico sou: Estas palavras podem ser entendidas tanto de maneira literal quanto espiritual. Laodiceia era uma cidade próspera, e alguns cristãos de lá deviam ter boas condições financeiras. Esta igreja não parece ter sofrido perseguição severa. O orgulho pela prosperidade levou naturalmente à complacência espiritual. A riqueza, em si mesma, não é um erro. Mas a posse de bens sujeita seu dono às tentações do orgulho e da autocomplacência. Contra esses males, a única proteção é a humildade. 
    Os cristãos pobres em posses terrenas, mas se sentem ricos e cheios de bens espirituais, são como o antigo filósofo que alardeava sua "humildade" usando roupas rasgadas e maltrapilhas. O orgulho que têm da suposta espiritualidade brilha através dos furos de suas roupas. As importantes verdades que ficam apenas no nível da aceitação intelectual, mas não chegam a dirigir a vida, levam ao orgulho espiritual e ao fanatismo religioso. A igreja de Deus, forte pela estrutura de sua organização e rica com as joias da verdade, pode, muito facilmente, se tornar fanática pelas doutrinas e orgulhosa das riquezas da verdade. "O pecado que mais se aproxima de ser desesperançadamente incurável é o orgulho da opinião própria e o egoísmo. Isso impede todo o crescimento". Uma mente humilde é tão importante aos olhos de Deus quanto a humildade de coração.
B. Abastado ou estou enriquecido: Literalmente, “tornado rico”, “próspero”. Além de afirmar ser rica, a igreja de Laodiceia cometia o erro fatal de considerar que tais riquezas resultavam dos próprios esforços (Os 12:8).
C. Não preciso de coisa alguma ou de nada tenho falta: O clímax da vanglória dos laodicenses era achar que sua situação poderia ser melhorada. Esse tipo de auto satisfação é fatal, pois o Espírito de Deus nunca entra onde não se sente a necessidade de Sua presença. Contudo, sem ela, a vida espiritual é impossível.
D. E não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu: O sujeito enfático no grego. A frase seria: “não sabes que tu és miserável”. O quadro apresentado é o contrário da ostentação mantida pela igreja de Laodiceia. Em vez de ser rica a ponto de não necessitar de nada, a igreja era tão pobre que nem roupa tinha.
18 - Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.
A. Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo: Sem esse esforço, a “igreja” de Laodiceia não pode alcançar o padrão que Cristo deseja. Ela deveria abrir mão de seu antigo estilo de vida para ser verdadeiramente rica, receber cura e ter vestimentas. As coisas que Ele oferece têm um preço, mas a salvação sempre é de graça. Até mesmo quem não tem um centavo pode comprar (Is 55:1).
B. Ouro: Representa as riquezas espirituais, oferecidas como o remédio de Cristo para a pobreza espiritual dos laodicenses. Este “ouro” figurado pode ser interpretado como uma referência à “fé que atua pelo amor” (Gl 5:6; Tg 2:5) e às obras que resultam da fé (1Tm 6:18).
C. Provado ou refinado pelo fogo: Literalmente, queimado pelo fogo, isto é, o ouro que sai do fogo, após a queima da escória. Sem dúvida, a referência aqui é à fé que foi provada e purificada pelo fogo da aflição (ver com. de Tg 1:2-5; Jó 23:10).
D. Roupas ou vestiduras brancas: Fazem contraste com a nudez dos laodicenses, que se destacava diante da ostentação de acharem que não careciam de nada (verso 17). As vestiduras brancas podem ser interpretadas como a justiça de Cristo (Gl 3:27; ver com. de Mt 22:11; Ap 3:4). Essa imagem deveria ter significado especial para os cristãos de Laodiceia, pois sua cidade era famosa pela lã negra.
E. Vergonha da tua nudez: Ver Êx 20:26; Lm 1:8; Ez 16:36; 23:29; Na 3:5.
F. Unjas os teus olhos com colírio: Do gr. kollurion, “um rolinho”. Os colírios antigos ficaram conhecidos pelo formato em que eram embalados. Perto de Laodiceia, havia um templo dedicado ao deus frígio Men Karou. Uma famosa escola de medicina se desenvolveu junto ao templo, e lá era possível conseguir um pó para os olhos.
O colírio figurado oferecido aos laodicenses é o antídoto do Céu para a cegueira espiritual. O propósito é abrir os olhos para a verdadeira condição da igreja. Esta é a obra do Espírito Santo (ver Jo 16:8-11). Somente por meio de Sua obra de convencimento é que a cegueira espiritual pode ser removida. Esse colírio também pode representar a graça espiritual que capacita o cristão a distinguir entre a verdade e o erro, o certo e o errado.
G. Para que vejas: Isto é, ver o pecado como Deus o enxerga e se dar conta de sua condição, como pré-requisito para o arrependimento.
19 - Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.
A. Eu repreendo. O propósito de toda disciplina corretiva é levar o errante à convicção do pecado e a uma nova conduta.
B. Disciplino ou castigo a todos quantos amo. Do gr. paidenuõ, “treinar crianças”, “punir”, sobretudo quando o pai castiga o filho com o propósito de reformá-lo. A disciplina sobrevém ao cristão quando a repreensão de Jesus é desconsiderada. A repreensão e o castigo divinos não são expressões de ira, como ocorre quando alguém perde a calma, mas uma manifestação de amor, cujo alvo é conduzir os pecadores ao arrependimento.
A igreja de Laodiceia não devia ter enfrentado perseguição ainda, como as igrejas vizinhas, pois há indícios de sofrimento. Entretanto, Cristo adverte a igreja de que ela não pode continuar com uma vida espiritual dividida sem enfrentar disciplina corretiva. Há evidência de que meio século depois da morte de João, a igreja de Laodiceia foi perseguida.
C. Amo: Do gr. phileõ, “amar [como amigo, com afeição pessoal]”. O amor de Cristo pela igreja de Filadélfia é expresso com a palavra agapaõ (verso 9; sobre a diferença entre os dois termos, ver com. de Mt 5:43-44; Jo 11:3; 21:15). Essa garantia do favor de Cristo mostra que há esperança para os laodicenses. O amor de Jesus por essa igreja é expresso por meio da disciplina, mediante a qual Ele espera conduzi-la ao arrependimento (Pv 3:12).
DSê pois zeloso, e arrepende-te. Do gr. zeloõ do mesmo radical da palavra zestos, “quente”, algo que a igreja de Laodiceia falhara em ser (verso 15). Os laodicenses são chamados a experimentar o calor e o entusiasmo que acompanham o arrependimento, a consagração e a devoção verdadeira a Cristo.
E. Arrepende-te: Do gr. metanoeõ (ver com. de Mt 3:2). O verbo se encontra no singular, destacando a natureza pessoal desta advertência. O arrependimento, assim como a salvação, nunca ocorre coletivamente. A experiência espiritual de um parente ou amigo só tem valor salvífico para essa pessoa. Uma nova atitude de tristeza pelo passado e zelo no futuro é o propósito de Cristo para a igreja de Laodiceia.
20 - Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
A. Eis que estou à porta e bato: A forma verbal no grego indica que Cristo Se posicionou junto à porta e permanece ali. Ele não se cansa de oferecer Sua bendita presença a todos que O aceitam.
BÀ porta: Não se trata da porta de oportunidades (verso 8), nem da porta da salvação (Mt 25:10; Lc 13:25). Deus fecha e abre essas portas. A porta referida aqui é controlada pelo ser humano, e cada pessoa pode abri-la ou fechá-la quando quiser. Trata-se da porta do coração. Por Seu amor, Sua palavra e Suas providências, Cristo bate à porta do coração; por Sua sabedoria, Ele bate à porta da mente; por Sua autoridade, bate à porta da consciência; e por Suas promessas, bate à porta das esperanças humanas.
Esta passagem também pode ser aplicada ao quadro de Cristo à porta da vida humana e mesmo da história da humanidade, pronto a entrar e abençoar as pessoas que O recebem (ver Mt 24:33; Lc 12:36; Tg 5:9).
B. Entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Do gr. deipneõ, “fazer uma refeição”, sobretudo a principal refeição (ver com. de Lc 14:12). A palavra possibilita aplicar este versículo à grande festa das bodas (Ap 19:9). Os judeus costumam comparar a felicidade da vida futura a uma festa (ver com. de Lc 14:15-16).
C. Com ele: Poucas atitudes revelam o espírito de comunhão e comunidade como o repartir o alimento. Com estas palavras, Cristo promete compartilhar de nossas experiências e nos convida a partilhar a dEle e também (ver Gl 2:20; Hb 2:14-17).
21 - Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como Eu venci, e me assentei com Meu Pai no seu trono.
A. Ao que vencer: Ver com. de Ap 2:7.
B. Lhe concederei que se assente comigo no meu trono: Mt 19:28; Lc 22:30; 1Co 6:2; ver com. de Mt 25:31).
C. No Meu trono: O vencedor compartilhará da glória e do poder de Cristo, assim como Cristo compartilha da glória e do poder de Seu Pai.
D. Assim como Eu venci: Ver João 16:33. O ser humano só pode ter esperança de vencer com base na vitória de Cristo.
22 - Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
A. Quem tem ouvidos. Ver com. de Ap 2:7.

REFERÊNCIAS:
Bíblia Online (Almeida Revista e Atualizada, Bíblia - Almeida Corrigida Fiel, Bíblia - Nova Almeida Atualizada). https://www.bibliaonline.com.br/
Revista BibliaFacil Apocalipse
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.
Centro de Pesquisas Ellen G. White Título do Original: “Thoughts on Daniel and the Revelation” Escrito por Uriah Smith Publicado em português originalmente por: Publicadora Atlântico. 2014. https://www.unasp.br/ec/sites/centrowhite/wp-content/uploads/2019/02/Daniel-e-Apocalipse.pdf > Acesso em 29 de Maio. 2021.
https://m.egwwritings.org/pt/book/12173.1678 > Acesso em 29 de Maio. 2021.