Capítulo 13

 Apocalipse 13:1-18

  • Uma besta com dez chifres e sete cabeças emerge do mar.
  • Outra besta emerge da terra.
  • Faz uma imagem da primeira.
  • Para que as pessoas a adorem e recebam a sua marca.


1 Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia.
A. Vi emergir do mar: Esta besta emerge "do mar", enquanto a besta do v. 11 emerge “da terra". Uma surge onde há multidões (ver com.de Ap 12:17,“areia do mar”); a outra se levanta onde a população é esparsa (ver com. do v. 11).
B. Uma besta: Ver com. de Dn 7:3, sobre as bestas como símbolos proféticos; sobre a identificação da besta, ver com. de Ap 13:2.
C. Dez chifres: Alguns identificam estes chifres com os do dragão (ver com. de Ap 12:3). Outros limitam a aplicação destes chifres às nações por meio das quais o poder representado pela besta exerce poder.
D. Sete cabeças: Alguns identificam estas cabeças com as do dragão, bem como com as da besta escarlate (Ap 17; ver com. de Ap 12:3). Outros enxergam nelas as várias organizações políticas por meio das quais a nova besta opera depois que o dragão com suas sete cabeças lhe entrega "seu poder, o seu trono e grande autoridade" (Ap 13:2; sobre o número sete, ver com. de Ap 1:11).
E. Diademas: Do gr. diademata, "coroas reais" (ver com. de Ap 12:3). Estas coroas nos chifres confirmam a identificação dos poderes políticos.
F. Nomes de blasfêmia: Do gr blasphemia, que significa "difamação", quando dirigida a seres humanos, e discurso ímpio quando dirigida à Deus. Sem dúvida, o último sentido é o que predomina nesta passagem. O nome ou os nomes são vistos nas cabeças. Eles representam títulos blasfemos que a besta assume (ver com. de Dn 7:25).

2 A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E o dragão deu à besta o seu poder, o seu trono e grande autoridade.

A. Semelhante a leopardo, [...] urso [...] leão: Esta descrição faz alusão ao simbolismo de Daniel 7. O profeta Daniel viu uma besta semelhante a um leão, depois outra como um urso e, em terceiro lugar, uma como um leopardo. A besta que João descreve tem características físicas dos três. Isso indica que o poder representado por esta besta do Apocalipse possui características proeminentes nos reinos da Babilônia, Pérsia e Grécia. Alguns observaram que João menciona esses poderes na ordem contrária de seu domínio histórico, ao olhar para eles em retrospectiva.

B. Deu-lhe [...]o seu poder: Embora, em primeiro plano, o dragão represente Satanás, em sentido secundário, ele representa o império romano (ver com. de Ap 12:3). O poder que sucedeu o império romano e recebeu do dragão “o seu poder, o seu trono e grande autoridade" é Roma papal. “Das ruínas da Roma política, levantou-se o grande império moral na 'forma gigante' da igreja católica". Essa identificação se confirma nos detalhes citados nos versículos seguintes.
    Por trás de tudo isso, estava Satanás, que tentava eliminar a igreja verdadeira. Quando ele descobriu que seus esforços para aniquilar os seguidores de Cristo por meio da perseguição não eram bem-sucedidos, alterou suas táticas e tentou seduzir a igreja para longe de Cristo, por meio da criação de um vasto sistema religioso impostor. Em vez de trabalhar diretamente por meio do paganismo, o dragão passou a atuar por trás da fachada de uma organização supostamente cristã, na tentativa de disfarçar sua identidade.
C. Dragão: Ver com. de Ap 12:3.
D. Trono: Do gr.thronos. Os papas ascenderam ao trono dos Césares. A capital do sistema papal era a mesma ocupada pelo império romano em seu auge.
E. Grande autoridade: O papado controlava questões políticas e religiosas, e até mesmo as consciências.

3 Uma das cabeças da besta parecia ter sido golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada. E toda a terra se maravilhou, seguindo a besta;

A. Uma de suas cabeças: Ver com.do Golpeada. Dogr.sphazð, "matar", "assassinar'". A palavra é traduzida por "morto" (Ap 5:6). A expressão pode ser traduzida por "ferida até a morte". Esta predição foi dramaticamente cumprida, em 1798,quando Berthier, à frente do exército francês, entrou em Roma, declarou o fim do domínio politico do papado e levou o papa para a Franca como prisioneiro, onde logo morreu (ver com. de Dn 7:25).

B. Ferida: Do gr. plēgē, “golpe”, “soco”, e também a ferida causada por um soco. Qualquer um dos significados pode ser adotado neste texto. A “ferida mortal” poderia ser tanto um golpe que leva à morte quanto a ferida que leva à morte.

C. Foi curada: Houve, no entanto, um reavivamento gradual do papado nos anos posteriores à Revolução Francesa. Ele sofreu um novo revés em 1870, quando os estados papais foram tomados. Um evento significativo ocorreu em 1929, quando o Tratado de Latrão restaurou o poder temporal ao papa, que recebeu o domínio sobre a cidade do Vaticano, parte de Roma, com cerca de 44 hectares de extensão. Todavia, o profeta previu uma restauração muito maior. Ele viu a ferida completamente curada, como a expressão grega indica. Após a cura, ele viu “os que habitam sobre a terra" adorando a besta (v. 8). Tal acontecimento ainda é futuro. Embora o papado receba honra de alguns grupos, há vastas populações que não lhe rendem nenhuma deferência, mas a profecia indica que isso vai mudar. A besta do v.11“faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada"(v.12).

D. Toda a terra se maravilhou: Ou, “todo o mundo ficou surpreso". Era difícil crer que o poder papal voltaria a viver.


4 e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta. Também adoraram a besta, dizendo: — Quem é semelhante à besta? Quem pode lutar contra ela?

A. Adoraram o dragão: Adorar a besta corresponde, em realidade, a adorar o dragão, pois a besta não passa de um agente visível do dragão, colocando seus planos em vigor. A era do papado reavivado também será caracterizada por uma atividade mais acentuada do espiritismo. Por trás do espiritismo, Satanás trabalha" com todo engano de injustiça" (2Ts 2:10). Por meio do catolicismo romano, do espiritismo e do protestantismo apostatado, Satanás almeja levar o mundo a adorá-lo. Ele terá êxito sobre a maioria, com exceção de um pequeno remanescente que se recusará a obedecer as suas ordens (Ap 12:17; 13:8).

B. Autoridade: Do gr. exousia. Ver com. do v. 2.

C. Quem é semelhante [...]? Esta pode ser uma paródia de expressões semelhantes sobre Deus (ver Êx 15:11; Sl 35:10; 113:5).

D. Pode pelejar: A resistência às ordens da besta significa guerra. A sugestão é de que ela governa à força de armas e que resistir é inútil. No final, Cristo e Seu exército celestial terão sucesso na batalha contra a besta e a lançarão viva “dentro do lago de fogo que arde com enxofre" (Ap 19:20).


5 Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e foi-lhe dada autoridade para agir durante quarenta e dois meses.
A. Arrogâncias: O papado fez reivindicações arrogantes (ver com. de Dn 7:25). As especificações (Ap 13:5-7) identificam o poder simbolizado pela besta com o mesmo representado pelo chifre pequeno do quarto animal (ver Dn 7). Dentre os paralelos, é possível destacar os seguintes: A besta tem uma “boca que proferia arrogâncias e blasfêmias" (Ap 13:5); o chifre pequeno também tem “uma boca que falava com insolência" (Dn 7:8). A besta deveria “agir quarenta e dois meses" (Ap 13:5; ver com. de Ap 12:6); o chifre continuaria trabalhando “por um tempo, dois tempos e metade de um tempo" (ver com. de Dn 7:25). Por fim, a besta “pelejaria contra os santos” e os venceria (Ap 13:7); o chifre “fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles" (Dn 7:21).
B. Blasfêmias: Ver com. do v. 1. As blasfêmias são detalhadas no v. 6.
C. Autoridade: Ver com. do v.2.
D. Agir: Do gr. poieö, "fazer", "realizar", “executar".
E. Quarenta e dois meses: Ver com. de Ap 12:6; cf. com. de Ap 11:2.

6 A besta abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu.
A. Difamar o nome: Por assumir títulos divinos (ver com. de Dn 7:25).
B. O tabernáculo: Este é o segundo alvo de sua blasfêmia. Esse poder pretende estabelecer seu templo na Terra e, por isso, afasta a atenção das pessoas do santuário celestial, o “verdadeiro tabernáculo”, onde Jesus ministra como sumo sacerdote (Hb 8:1, 2). Ele tenta obscurecer a obra de Cristo no santuário celestial (ver com. de Dn 8:11; cf.v.12,13). O ministério do sacrifício de Cristo é menosprezado, e o sacrifício da missa na Terra o substitui.
C. Os que habitam no céu: O terceiro aspecto blasfemo do poder papal afeta os habitantes celestiais. É provável que a referência seja aos membros da Divindade e Seus associados no serviço à humanidade pecadora. Em parte, isso se cumpriu na reivindicação católica romana de perdoar pecados e também em conferir a Maria poderes e virtudes que só se aplicam a Cristo. Assim, a mente das pessoas se afasta da obra de mediação realizada por Jesus e se concentra no confessionário terreno.
    O líder papal também afirmou ter poder sobre os anjos de Deus: “Em realidade, a excelência e o poder do pontífice romano não se dá somente na esfera das coisas celestiais, terrenas e das regiões inferiores, mas também sobre os anjos, dos quais ele próprio é maior"(Papa II, Prompta Bibliotheca,vol.6, p.27;ver com. de Dn 7:25).

7 Foi-lhe permitido, também, que lutasse contra os santos e os vencesse. Foi-lhe dada, ainda, autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação.
A. Pelejasse/lutasse contra os santos e os vencesse: O vocabulário aqui é quase idêntico ao de Daniel 7:21: “e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles”(sobre o cumprimento desta predição, ver com. de Dn 7:25).
B. Autoridade: Do gr.exousia.
C. Cada tribo, povo, língua e nação: A expressão se refere à esfera de suas obras e se aplica ao auge do papado, talvez durante a Idade Média, quando o pontífice exercia domínio sobre toda a Europa. Refere-se também à ocasião futura em que o poder do papado será plenamente restabelecido (ver com. de Ap 13:3; 17:8).

8 E ela será adorada por todos os que habitam sobre a terra, aqueles que, desde a fundação do mundo, não tiveram os seus nomes escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto.
A. Adorá-la-ão todos: Isto será verdade, sobretudo, no período do papado restaurado (ver com. do v. 3). Os v. 11 a 18 relatam como a adoração universal será conquistada.
B. Livro da Vida: Ver com. de Fp 4:3.
C. Cordeiro que foi morto: Ver com.de Ap 5:6.
D. Desde a fundação do mundo: Esta expressão pode estar ligada tanto a “escritos" quanto a "morto". As duas ideias são bíblicas ponto de vista de que os nomes são registrados desde a fundação do mundo se baseia em Apocalipse 17:8 e é reforçado em declarações como: “Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25:34) e “[Ele] nos escolheu, nEle, antes da fundação do mundo”(ver com. de Ef 1:4). Por sua vez, a ideia de que o Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo é atestada por Pedro: “cordeiro sem defeito e sem mácula,[..] conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo" (1Pe 1:19, 20). A decisão de que Cristo morreria pela raça culpada foi tomada antes da criação do mundo e confirmada por ocasião da queda do ser humano. Nesse sentido, Ele foi morto desde a fundação do mundo.

9 Se alguém tem ouvidos, ouça.
A. Tem ouvidos, ouça: Ver com.de Ap 2:7.

10 "Se alguém tiver de ir para o cativeiro, para o cativeiro irá. Se alguém tiver de ser morto pela espada, pela espada morto será." Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos.
A. Leva para cativeiro: Evidências textuais apoiam a omissão da palavra “leva". Sem ela, a frase poderia ser traduzida como: "se alguém para o cativeiro.." A ideia pode ser considerada semelhante à expressa em Jeremias 15:2,"o que é para a morte, para a morte”.
    A profecia garante aos perseguidos filhos de Deus que aqueles que os perseguirem e os condenarem ao exílio e à morte enfrentarão destino semelhante. A captura e o exílio do papa, em 1798, podem ser considerados um cumprimento parcial desta profecia (ver com. de Dn 7:25).
B. À espada: Depois de usar a espada, a besta, por fim, perecerá pela espada da justiça divina. Jesus declarou que “todos os que lançam mão da espada à espada perecerão”(Mt 26:52).
C. Perseverança: Do gr.hupomonē, "perseverança", "coragem", “resistência constante”. Hupomone deriva de hupo,“sob”, e menō, “permanecer”. O termo grego sugere mais do que resignação passiva; denota uma resistência ativa (ver com. de Rm 5:3). Durante a batalha travada pela besta, os santos resistem firmemente.
D. Fidelidade: Do gr. pistis, “crença", “confiança", “fé”(sobre “crença” e “confiança”, ver com. de Ap 14:12; sobre “fidelidade”, ver com. de Hb 11:1; cf.com. de Hc 2:4). Tanto o significado ativo de “fé”, quanto o passivo de “fidelidade” se ajustam ao contexto. Contudo, a expressão paralela (Ap 14:12) parece exigir o sentido ativo.

11 Vi ainda outra besta emergir da terra. Tinha dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão.
A. Outra besta: Isto é, uma besta além da mencionada (v. 1). No entanto, o grego indica que ela é da mesma natureza da primeira, o que se confirma pelas suas ações. A segunda besta atua em colaboração com a primeira.
B. Emergir: Do gr. anabainō, “ascender”, “levantar”, “surgir”. Em Mateus 13:7, o termo é usado para se referir a plantas em crescimento. A forma da palavra grega chama atenção para o processo de aparecimento. O profeta vê a ação à medida que ela acontece.
C. Da terra: A primeira besta emerge do mar (ver com. do v. 1), bem como os quatro animais de Daniel 7 (ver v. 3). Uma vez que "mar” representa povos e nações (ver com. de Ap 13:1; 17:1, 2, 8), pode-se presumir que “terra” simboliza uma região pouco povoada. A nação assim designada não surgiria por meio de guerra, conquista e ocupação, mas se desenvolveria e chegaria à grandeza em uma região pouco povoada.
    Os comentaristas adventistas veem nesta segunda besta um símbolo dos Estados Unidos da América. Esse poder cumpre de maneira clara as especificações da profecia. Quando a primeira besta foi para o cativeiro, em 1798 (ver com. de Ap 13:10), os Estados Unidos cresciam em importância e poder. A nação surgiu não no velho mundo, densamente povoado, mas no novo mundo, que ainda contava, relativamente, com poucos habitantes.
D. Possuía/tinha: Literalmente, “estava possuindo".
E. Dois chifres: Eles podem ser interpretados como representantes de duas características notáveis do sistema de governo norte-americano: a liberdade civil e religiosa, ambas garantidas pela Constituição dos Estados Unidos. A liberdade civil encontrou sua expressão na forma republicana de governo e a liberdade religiosa, no protestantismo.
F. Cordeiro: Um símbolo de juventude e disposição pacífica. Outras nações foram descritas como animais selvagens por causa de sua atitude beligerante. Essa besta com chifres de cordeiro simboliza uma nação que, no início de sua história, não tinha tais aspirações. A principal preocupação dos colonos britânicos no novo mundo era viver em paz, colocar em ordem a própria vida e prover refúgio para os oprimidos de tantas nações.
G. Falava: Literalmente, “estava falando”, isto é, tinha o hábito de falar como dragão. Evidências textuais apoiam a versão “está falando”. Este tempo verbal concorda com os versículos seguintes, que relatam as atividades da besta durante o período em que ela fala como dragão. A narrativa de seus feitos é realizada de forma dramática no tempo presente.
H. Como dragão: Há uma contradição surpreendente entre a aparência e as ações da besta. Sua aparência é pacífica e inofensiva, mas seus atos são perseguidores e cruéis (v.12-18). Quando a profecia é aplicada aos Estados Unidos, fica evidente que seu cumprimento ainda está no futuro. O país mantém os princípios de liberdade garantidos pela constituição. A forma que ocorrerá a mudança é apresentada na profecia: ela estará ligada à crise final, pouco antes do momento em que “o reino do mundo se [tornar] de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap 11:15; cf. SI 2:2; Dn 2:44; 7:14, 27).

12 Ela exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença e faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal havia sido curada.
A. Autoridade: Do gr. exousia. Este versículo é um detalhamento da frase “falava como dragão” (v. 11). O cumprimento está no futuro. No auge de seu poder, a primeira besta, o papado (ver com. do v. 2), exercia forte autoridade tanto em questões religiosas quanto políticas (ver com. de Dn 7:8). Para que a segunda besta exerça toda a autoridade da primeira, será necessário entrar na esfera da religião e tentar dominar a experiência de adoração. Um passo como esse significa para os Estados Unidos uma completa inversão da política de total liberdade religiosa, mas isso é o que está predito aqui.
    Sem dúvida, a mudança política começará de maneira discreta. Várias tentativas já foram feitas de aprovar leis rígidas prevendo a reserva do domingo como dia de descanso religioso. Antes, os motivos eram religiosos e, mais recentemente, há supostas questões sociais. Por mais inocente que pareça, qualquer tentativa de regular por lei um dia religioso viola o princípio fundamental da liberdade. Essa profecia prediz que o domingo, uma instituição do papado (ver com. de Dn 7:25),será imposto por lei sob ameaça de sanção econômica e medidas piores para aqueles que guardam o sábado (ver Ap 13:12-18).
B. Na sua presença: A primeira besta, que fora ferida mortalmente, voltará à vida e mais uma vez estará ativa nas questões mundiais. Sua promotora e agente é a segunda besta.
C. Faz com que a terra: Isto é, os moradores da Terra. O movimento descrito nesta passagem vai além de uma iniciativa nacional, assumindo proporções globais.
D. Adorem: A profecia aponta para a aprovação de medidas religiosas cuja observância implica um ato de adoração, no sentido de que o adorador, ao cumpri-la, reconhece a autoridade religiosa da primeira besta. O profeta dá um indicativo acerca da natureza do decreto a ser implementado (Ap 14:9-12). Ele contrasta os santos com os que adoram a besta e sua imagem, observando que uma das características distintivas dos santos é a guarda dos mandamentos de Deus (14:12). A profecia de Daniel previu que a besta atuaria para “mudar os tempos e a lei” (Dn 7:25). A história registra a audaciosa tentativa de mudar a lei de Deus, do sábado do Senhor para o domingo (ver com. de Dn 7:25).Logo, é possível enxergar, nesta passagem, a formulação específica de um decreto civil exigindo a observância do domingo, uma instituição do papado, e proibindo a guarda do sábado estipulado nos dez mandamentos. Dessa maneira, as pessoas seriam levadas a adorar a "primeira besta". Elas ouviriam sua ordem e a considerariam superior à de Deus no que se refere ao dia sagrado segundo a Bíblia (ver com. de Ap 13:16, 17).
    É certo que o dia de adoração consiste apenas em um aspecto da adoração universal que a “besta” receberá (ver com. do v. 8). O que se revela aqui é um movimento universal liderado por Satanás, que busca assegurar para si a lealdade dos habitantes desta Terra. Ele obterá êxito em unir os diversos elementos religiosos e garantir a fidelidade dos seres humanos a uma nova organização, moldada com base na antiga (ver com. do v. 14). Ele é o poder por trás da "besta". É o verdadeiro anticristo, que trabalha para se fazer igual a Deus (ver 2Ts 2:9, 10).

13 Também opera grandes sinais, de maneira que até faz descer fogo do céu sobre a terra, diante de todas as pessoas.
A. Opera grandes sinais: Do gr. sēmeia (ver com. de Ap 12:1). Isto revela de que modo o príncipe das trevas conquistará a lealdade dos habitantes da Terra. Mediante sinais, as pessoas serão enganadas e levadas a crer que a nova organização, a imagem da besta (ver com. de Ap 13:14), é abençoada por Deus.
B. De maneira que: Fazer fogo descer do céu será uma tentativa de simular o milagre no monte Carmelo (1Rs 18:17-39). Uma vez que o sinal antigo deu evidências do poder do Deus verdadeiro, a besta fará parecer que o Senhor está do seu lado. Esses milagres deverão ocorrer pela ação de forças do espiritismo (ver GC,588). Pretendendo ser como Deus, Satanás tentará justificar sua reivindicação à divindade por meio de milagres inegáveis (ver 2Ts 2:9, 10).

14 Seduz aqueles que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi permitido realizar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que foi ferida à espada e sobreviveu.
A. Seduz: Jesus advertiu que “falsos cristos e falsos profetas" surgiriam “operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24:24). Paulo afirmou que o anticristo trabalharia nos últimos dias “com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça”(2Ts 2:9, 10). No preparo para o Armagedom,"espíritos de demônios, operadores de sinais” se dirigirão “aos reis do mundo inteiro” (Ap 16:14). Em geral, a mente pragmática moderna resiste a acreditar em milagres. O que algumas pessoas chamam de milagres, os céticos atribuem a mudança de circunstâncias, truques ou fraudes. A ciência não inclui o sobrenatural em sua visão do mundo físico. Satanás se agrada da descrença em relação aos milagres. Ela contribui para seu propósito de enganar. O profeta revela que, quando chegar o tempo, ele usará seu poder sobrenatural para enganar(Ap 13:13, 14)."Não se acham aqui preditas meras imposturas" (GC, 553). As pessoas, incapazes de explicar os milagres de Satanás, os atribuirão ao poder de Deus. O mundo inteiro será levado cativo (ver GC,589,624).
B. Imagem: Do gr. eikōn, “semelhança", “imagem”. Cristo é chamado de eikōn de Deus (2Co 4:4; Cl 1:15). O plano da salvação tem o objetivo de transformar o ser humano em eikōn de Cristo. Eikōn indica um modelo ou tipo, em muitos aspectos, semelhante a seu arquétipo.
    A imagem da besta será uma organização que funcionará segundo os mesmos princípios da primeira besta. O que caracteriza a atuação da primeira besta é o uso do poder estatal para apoiar instituições religiosas. Assim, na imitação, a segunda besta deverá repudiar seus princípios de liberdade. A igreja prevalecerá sobre o estado para impor seus dogmas. O estado se colocará a serviço da igreja, e o resultado será a perda da liberdade religiosa e a perseguição das minorias discordantes (comparar com Ap 13:12; ver GC,443-448).
C. Ferida à espada: Ver com.do v.3.

15 E lhe foi concedido poder para dar vida à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse morrer todos os que não adorassem a imagem da besta.
A. Fôlego/dar vida: Do gr.pneuma,“espírito”, “vento”, “fôlego”. A primeira besta ganha vida pelo poder operador de milagres da segunda besta. Ao começar a atuar, o novo poder, assim como o anterior, ameaça de morte os que se recusam a obedecer.
B. Falasse: A primeira ação da imagem da besta é falar, sem dúvida, por meio de suas leis e seus decretos.
C. Fizesse: Depois de falar oficialmente mediante leis, a imagem da besta pretende executá-las. Uma vez que são religiosas, as leis ferem as convicções de muitos. Assim, haverá uso de forca para que os decretos entrem em vigor.
D. Morrer: Esta é a história que se repete. As leis religiosas sempre são acompanhadas de perseguição. Foi assim durante a Idade Média; é só lembrar do massacre dos albingenses, valdenses e outros. Essas ações foram executadas pelo poder civil, mas este foi movido à ação pela igreja dominante da época. Na tentativa de fazer todos os habitantes da Terra serem leais à primeira besta (ver com. do v. 8), a segunda besta promulgará um decreto de morte contra todos que permanecerem em sua lealdade a Deus (ver GC,615).

16 A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz com que lhes seja dada certa marca na mão direita ou na testa,
A. A todos [...] faz: Todos os habitantes da Terra são afetados pela legislação. Só um remanescente fiel se recusa a obedecer (ver v. 8; cf. Ap 12:17).
B. Marca: Do gr. charagma,“impressão”, “estampa”. Deve tratar-se de um estandarte de lealdade, alguma característica especial expressando que aquele que a exibe adora a besta, cuja ferida mortal fora curada (v. 8). Os eruditos adventistas entendem que esta não é uma marca literal; em vez disso, consiste em um sinal de aliança que identifica o portador como alguém leal ao poder representado pela besta. A controvérsia nessa época girará em torno da lei de Deus, sobretudo, do quarto mandamento (ver com. de Ap 14:12). Logo, a observância ao domingo será o sinal, mas isso só ocorrerá quando o poder da besta for reavivado e a observância do domingo no lugar do sábado se tornar lei. Ao mesmo tempo, a terceira mensagem angélica soará fortemente em advertência contra o recebimento da marca (Ap 14:9-11). Essa mensagem, que crescerá até se tornar um alto clamor (Ap 18:1-14), esclarecerá as pessoas quanto às questões envolvidas. Quando tudo estiver claro diante das pessoas e, mesmo assim, escolherem seguir a instituição da besta, observando-a e desobedecendo ao sábado de Deus, elas mostrarão sua fidelidade ao poder da besta e receberão sua marca.
B. Mão direita [...] fronte/testa: A marca indicará que influencia não só a ação (a mão), mas também a crença (a fronte). A expressão também pode designar duas classes: aqueles que se submetem aos decretos da besta por conveniência e os que o fazem por convicção pessoal.

17 para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome.
A. Comprar ou vender: Esta medida severa será tomada como esforço para assegurar a submissão, mas não terá o efeito esperado (ver com. de Ap 14:1, 12). Sem dúvida, a medida envolverá um decreto de morte (ver com. de Ap 13:15).
B. Marca: Ver com. do v. 16.
C. O nome: “Ou o nome” (ARC). Evidências textuais apoiam a omissão do termo “ou”. Se omitida, a expressão “nome da besta” pode ser considerada um aposto a “marca”. Desse modo, o trecho seria: “a marca, isto é, o nome da besta”. Isso sugeriria que a marca a qual João contemplou em visão era o nome da besta. Essa relação pode ser comparada com o selo de Deus, colocado na fronte dos santos (Ap 7:2). Acerca destes, João afirmou mais tarde que eles tinham “na fronte escrito [...] o nome de seu Pai” (Ap 14:1; comparar com Ap 14:11).
    No entanto, o termo “ou” ocorre no manuscrito grego, o mais antigo do Apocalipse a que se tem acesso. Se for o caso, as expressões “a marca”, “o nome da besta” e “o número do seu nome”, ligadas por “ou”, podem indicar graus de filiação à besta ou à imagem. Deus condena qualquer uma dessas associações (Ap 14:9-11).
D. O número do seu nome: Ver com. do v.18.

18 Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de ser humano. E esse número é seiscentos e sessenta e seis.
A. Aqui está a sabedoria: Comparar com a expressão: “Aqui está o sentido, que tem sabedoria" (Ap 17:9).A sabedoria elogiada aqui é a mesma a que Paulo se refere (Ef 1:17). Somente mediante a iluminação divina os seres humanos podem compreender os mistérios da Palavra de Deus (ver com. de 1Co 2:14).
B. Entendimento: Ou, “inteligência". Aqueles que desejam saber o significado do número enigmático podem entender.
C. Calcule: Ou, "conte".
D. Número da besta: É importante observar que a besta já foi identificada de maneira conclusiva (ver com. dos v. 1-10).O número proporciona evidências confirmatórias disso.
    Desde os primórdios do cristianismo, há grande discussão quanto ao significado de 666. Um dos primeiros a escrever sobre o assunto foi Irineu (c. 130-202 d.C.). Ele identificou a besta como o anticristo e acreditava que o valor numérico das letras de seu nome somaria 666. Sugeriu que o nome Teitan, às vezes considerado divino, era uma grande probabilidade. Também sugeriu, embora de maneira menos provável, o nome lateinos. Este seria o último dos quatro reinos que Daniel viu. Ao mesmo tempo advertiu: “Portanto, é mais garantido e menos perigoso aguardar o cumprimento da profecia do que fazer suposições e especular possíveis nomes, uma vez que muitos nomes se encaixam no número mencionado"(Contra Heresias, v.30.3; ANF, vol. 1,p. 559).
    Desde a época de Irineu, 666 foi aplicado a diversos nomes. O número, por si só, não é suficiente para identificar a besta, uma vez que vários nomes podem prover a soma 666. No entanto, como a besta já foi identificada, o número 666 deve se relacionar com esse poder. Do contrário, não haveria motivo para o anjo dar a João a informação do v. 18 nesse momento da narrativa profética.
    Uma interpretação que ganhou força no período subsequente à Reforma é que 666 significa Vicarius Filii Dei, expressão que significa “Substituto do Filho de Deus", título que seria atribuído ao papa. O valor numérico das letras que compõem o título soma 666. Essa interpretação se baseia na identificação do papa como o anticristo, um conceito histórico da Reforma. O principal expoente desta visão foi Andreas Helwig (c. 1572-1643). Muitos, desde então, adotaram a interpretação. Este Comentário identifica a besta como o papado; mas, ao mesmo tempo, reconhece, que o número 666 deve ter mais implicações do que o indicado por essa interpretação popular.
    A respeito do título Vicarius Filii Dei, o jornal católico Our Sunday Visitor, de 18 de abril de 1915, escreveu em resposta à pergunta “Que letras estão na coroa do papa e qual significado elas têm?":"As letras inscritas na mitra do papa são estas: Vicarius Filii Dei, que é a expressão latina para “Vicário do Filho de Deus". Os católicos acreditam que a Igreja, uma sociedade visível, deve ter uma cabeça visível” (p. 3). A edição de 15 de novembro de 1914 admitiu que os algarismos latinos somavam um total de 666, mas prosseguiu afirmando que muitos outros nomes também resultam no mesmo total. A edição de 3 de agosto de 1941 abordou mais uma vez a questão do Vicarius Filii Dei, mas para afirmar que o título não se encontra inscrito na tiara do papa. Asseverou que a tiara não trazia inscrição nenhuma (p. 7). A Catholic Encyclopedia faz distinção entre a mitra e a tiara, caracterizando a tiara como um ornamento não litúrgico, e a mitra, como um acessório usado para funções litúrgicas. O fato de Vicarius Filii Dei estar ou não na tiara ou na mitra não é essencial, já que o título é aplicado ao papa.
E. Número de homem: A besta representa uma organização humana.
F. Seiscentos e sessenta e seis: A versão 666 conta com diversos elementos de comprovação.
REFERÊNCIAS
Bíblia Online (Almeida Revista e Atualizada, Bíblia - Almeida Corrigida Fiel, Bíblia - Nova Almeida Atualizada). https://www.bibliaonline.com.br/
Revista BibliaFacil Apocalipse. https://biblia.com.br/estudo-biblico-biblia-facil-sobre-apocalipse/
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.