Capítulo 16

  • Os anjos derramam as tacas da ira.
  • As pragas ocorrem em seguida.
  • Cristo vem repentinamente; bem-aventurados os que vigiam.
1 Ouvi uma voz forte "grande", vinda do santuário, dizendo aos sete anjos: — Vão "ide" e derramem sobre a terra as sete taças da ira de Deus.
B. Vinda do santuário: Os anjos portadores dos sete flagelos já haviam saído do templo (Ap 15:6) e “ninguém podia penetrar no santuário" (ver com. de Ap 15:8). Por isso, esta deve ser a yoz do próprio Deus.
C. Uma grande voz: Comparar com Ap 1:10.
D. Sete anjos: Sobre o número "sete", ver com. de Ap 1:11.
E. Ide: Embora João não especifique em que momento é dada esta ordem, o contexto deixa claro que é logo depois do fechamento da porta da graça, mas antes da vinda de Cristo (ver com.de Ap 15:8). Com certeza, a série de calamidades sem precedentes prevista aqui ainda está no futuro.
    A primeira praga é derramada sobre as ·pessoas que têm a marca da besta e adoram sua imagem (Ap 16:2). Isso significa que as pragas sobrevêm após a proclamação do terceiro anjo, o qual adverte contra a besta e sua marca (ver com. de Ap 14:9-11). Além disso, o fato de as sete últimas pragas constituírem a medida cheia da ira divina, sem mistura de misericórdia (Ap 14:10; 15:1; 16:1), indica que a oportunidade da graça já se encerrou para aqueles sobre quem as pragas caem (ver com. de Ap 22:11), Por ocasião da quinta praga, as pessoas ainda sofrem com as úlceras da primeira (Ap 16:11). Isso revela que as pragas são derramadas de maneira sucessiva, num intervalo relativamente curto (ver com. do v. 2). O julgamento da Babilônia mística, mencionado após a sétima praga (v. 19), parece preceder o dos reis da Terra e o retorno de Cristo (ver com. de Ap 17:16; 18:11,20; 19:2,11-19; cf. Ap 6:15-17;14:14).
F. Derramai [...] as [...] taças: Aqui é dada a ordem para que se aflija a Terra com as calamidades representadas pelas sete taças (ver Ap 15:7). Em alguns aspectos, os sete últimos flagelos são semelhantes às dez pragas do Egito (Êx 5:1-12:30). Ambos os relatos testificam da autoridade e do poder superior de Deus. Ambos resultam na derrota de pessoas que escolheram desafiar a Deus; portanto, resulta também no livramento do povo escolhido de uma situação que, de outra forma, seria irremediável. Ambos demonstram a justiça de Deus e glorificam Seu nome.
    Cada uma das dez pragas do Egito foi dolorosamente literal; e cada uma tinha o propósito de demonstrar como eram mentirosos os dogmas da religião falsa e quão inútil era depender dela (ver com. de Êx 7:17; 12:12).De igual modo, as sete últimas pragas serão literais. Cada uma delas desferirá um golpe revelador sobre algum aspecto da religião apóstata e terá nuances simbólicas. Por exemplo, é óbvio que o primeiro anjo não derramou um composto químico de uma taça literal sobre pessoas que haviam recebido uma marca literal infligida por uma besta literal. Mas o anjo em si provavelmente é literal. Os seres humanos sobre quem sua taça é derramada com certeza são literais, e seu sofrimento, igualmente literal. O aspecto simbólico da terceira praga é des. tacado com clareza nos v. 5 e 6.
G. Pela terra: Isto é, sobre os habitantes da Terra.
H. Cólera de Deus: Ver com. de 2Rs 13:3; Ap 14:10. Indaga-se por que Deus atormentaria os seres humanos da maneira terrível descrita neste capítulo depois do fechamento da porta da graça, quando não haverá mais oportunidade para o arrependimento. Por que Cristo não volta e coloca fim ao reino do pecado imediatamente? No AT, var calamidades, como invasões, fome, pestes, terremotos e outros desastres naturais, foram permitidas por Deus como agentes disciplinares e corretivos para levar os seres humanos ao arrependimento (ver Is 1:5-9; 9:13 10:5, 6; 26:9; Jr 2:30; 5:3; Os 7:10; Jl 1:4; 2:12-14; Am 4:6-11; Ag 1:5-11; ver com. de I Sm 16:14; 2Cr 18:18). Está claro, porém, que os sete últimos flagelos não têm esse propósito. No entanto, não há dúvida de que as pragas cumprem um papel necessário no desenrolar do grande conflito.
    As quatro ou cinco primeiras pragas possuem, de certo modo, natureza preliminar e levam os seres humanos a reconhecer que vinham lutando contra Deus (ver GC. 640). Contudo, em vez de se arrependerem. eles blasfemam ainda mais do que antes e se tornam cada vez mais resolutos em sua obstinação (ver Ap 16:9,11,21). Portanto, os flagelos servem para revelar o espírito de rebelião que controla o coração deles. Fica provado que o joio é joio (cf. Mt 13:24-30, 36-43), e a justiça de Deus em destruí-lo. Em contrapartida. as provas do grande tempo de angústia que acompanham as pragas aperfeiçoam o caráter dos santos, levando-os a confiarem Deus com mais intensidade (comparar com Ap7)
    Assim como a disposição de morrer por outra pessoa é a manifestação suprema do amor (Jo 15:13), a intenção de tirar a vida de alguém expressa o maior grau de ódio. Nos dois últimos flagelos, desenvolve uma situação que torna a distinção plenamente visível, mesmo para os próprios participantes. Assim, a justiça de Deus e por fim à historia humana fica evidente tanto para os seres humanos quanto para os anjos (ver Rm 14:11; Fp 2:10 ver com. de Ap 16:13,14,16,17). Será demonstrado perante o universo que o remanescente prefere morrer a desobedecer a Deus, e que aqueles que escolheram servir a Satanás matariam, se preciso, todos os que podem atrapalhar seu propósito de controlar a Terra: Apanhados no ato de tentar colocar em vigor um decreto de morte, eles ficam sem desculpa diante de Deus (ver com. de Ap 16:17).
    É claramente traçada, a linha divisória entre os que servem e os que não servem a Deus. Por meio dos ímpios, o diabo é liberado para demonstrar como seria o universo caso ele pudesse controlá-lo (ver GC, 37; comparar com Ap 7:1).

2 O primeiro anjo foi e derramou a sua taça sobre a terra 'homens", e apareceram úlceras malignas e dolorosas "perniciosas" nas pessoas que tinham a marca da besta e que adoravam "adoradores" a sua imagem.
AO primeiro: A designação ordinal de cada anjo sugere que as pragas são sucessivas (ver com. dos v. 1,11).
B. Homens: A primeira manifestação da “cólera de Deus” (v. 1) é sobre aqueles que não deram ouvidos à terceira mensagem angélica, que os advertiu contra a adoração à “besta e a sua imagem” (Ap 14:9), nem ao chamado divino final para que saíssem da Babilônia mística (Ap 18:1-4). Essa praga não será universal.
C. Marca da besta: Ver com. de Ap 13:16.
D. Adoradores da sua imagem: Ver com. de Ap 13:14,15.
E. Úlceras: Do gr. helkos, “chaga”, “ferida supurada”. Na LXX, helkos é usado para se referir aos tumores que sobrevieram aos egípcios (Êx 9:9, 10), ao “prurido” que não podia ser curado (Dt 28:27) e aos tumores malignos que Jó teve (Jó 2:7). O jactancioso poder dos espíritos operadores de milagres, que coopera-com o-cristianismo apostatado (Ap 13:13,14;18:2;19:20),será inútil contra essas “úlceras" (ver com. de Ap 16:14).A falsidade das promessas humanas baseadas no poder de operar milagres será demonstrada de maneira inegável (Êx 8:19).
F. Malignas e perniciosas: Ou, “dolorosas e severas", "problemáticas e incômodas".

3 O segundo anjo derramou a sua taça no mar, e o mar se transformou em sangue, como de um morto, e morreu todo ser vivo que havia no mar.
A. No mar: Na terceira praga, os "rios' e as “fontes das águas” são afetados (v. 4). O mar serve de rota para o comércio e as relações entre os povos. Alguns consideram que, mediante a obstrução das relações entre as nações ímpias (ver Ap 13:13-17; 16:13,14; 17:3,12), esta praga teria o propósito de demonstrar o desprazer divino com o plano de Satanás de unir as nações da Terra sob seu controle (ver a experiência de Balaão, em Nm 22:21-35). Assim como a primeira praga, a segunda não é universal (ver com. de Ap 16:2).
B. Sangue: Em consistência, cheiro e cor, mas não necessariamente em composição.
C. Como de morto: O sangue coagulado de pessoa morta é algo extremamente. desagradável.
D. Todo ser vivente: Ou, "toda alma vivente”(ARC). A palavra para “alma” (psuchē) é usada tanto para a, vida animal quanto a humana (ver com. de Mt 10:28; cf. com. de Sl 16:10). Psuchē é traduzida por “criação”, numa clara referência à vida marinha (Ap 8:9). O termo hebraico equivalente, nefesh (“criatura viva”), também é usado para animais (Gn 8:1; cf. Jó 12:10).

4 O terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes de água, e eles se transformaram em sangue.
A. Nos rios e nas fontes das águas: Nos tempos bíblicos, os “rios” e as “fontes das águas” eram úteis, em primeiro lugar, para tarefas cotidianas como prover água potável, higiene e limpeza e para irrigar plantações. Embora a segunda praga resulte em grandes inconveniências para as nações e cause problemas ambientais (ver com. do v. 3),as consequências da terceira são imediatas e graves (comparar com a primeira praga no Egito; ver com. de Êx 7:17,19). Assim como a primeira e a segunda pragas, a terceira não é universal (ver GC, 628).


5 Então ouvi o anjo das águas dizendo: "Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas.

A. Ouvi: Ver com. de Ap 1:2,10.

B. Anjo das águas: Isto é, aquele que tem domínio sobre as águas. Outros anjos têm autoridade sobre o vento e o fogo (ver Ap 7:1; 14:18). A referência aqui pode ser ao anjo que recebeu a incumbência de derramar o terceiro flagelo “nos rios e nas fontes das águas".

C. Tu és justo: A natureza terrível da terceira praga parece exigir uma vindicação à justiça de Deus por autorizá-la. Ele é totalmente justo na demonstração de Sua “cólera”(ver com. de Ap 15:3, 4; 16:1).

D. Que és e que eras: Ver com. de Ap 1:4.

E. O Santo: A expressão ocorre em quase todos os manuscritos gregos antigos. A imutabilidade de Deus contrasta com as mudanças devastadoras que ocorrem na Terra.

F. Pois: Literalmente, estas [coisas], ou seja, os três primeiros flagelos e possivelmente aqueles que ainda viriam.


6 Porque derramaram sangue de santos e de profetas, também lhes deste sangue para beber. É o que merecem."
A. Derramaram: Isto deve incluir o sangue não derramado dos santos vivos, marcados para o martírio (ver com. de Ap 17:6; 18:20).Ao condenar o povo de Deus à morte, os ímpios já respondem pela culpa por esse sangue como seja houvesse sido derramado (GC,628; cf. Mt 23:35).
B. De santos e de profetas: Ver com. de At 9:13; Rm 1:7; Ap 18:20.
C. Tens dado "lhes deste": Afirma-se com isso que a praga é um ato direto da parte de Deus(ver com. do v. 1; cf. GC, 36, 37).
D. São dignos disso "é o que merecem": O castigo é apropriado ao crime. Os ímpios merecem a punição. Não é, de modo nenhum, um ato arbitrário de Deus·(ver com. do v. 1).

7 Ouvi uma voz do altar, que dizia: "Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos."
B. Outro (ARC): Aversão literal preferível é: “Ouvi o altar dizer". O provável significado não é que o altar fala, mas um anjo que serve ali ou está em pé ao lado dele (cf. Ap 14:18). O altar não é personificado.
C. Altar: Isto é, o altar de incenso. Não há menção a um altar de holocaustos no Céu (cf. Ap 8:3; 9:13; 14:18; sobre a função do altar de incenso no antigo tabernáculo, ver com. de Êx 30:1,6).
D. Senhor Deus, Todo-Poderoso: Ver com.de Ap 1:8.
E. Verdadeiros e justos: Ver Ap 1:5; 3:7; 6:10; 15:3. Ao verter os juízos terríveis sobre os que rejeitaram a misericórdia, Deus é verdadeiro no sentido de ser fiel a Sua Palavra. Ele coloca em prática aquilo que havia prometido (Ap 14:9-11). Os juízos são justos, no sentido de que a justiça requer o castigo daqueles que se rebelaram contra o Céu (ver com.de Ap 16:1).
F. Juízos: Isto é, atos de julgamento, numa alusão às pragas.

8 O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e lhe foi dado queimar a humanidade com fogo.
A. Sobre o sol: De acordo com o texto grego, as três primeiras pragas são derramadas “na” (eis)' terra, “no” mar, "nos "rios e fontes das águas, respectivamente. As três seguintes são derramadas “sobre” (epi) o sol, o trono da besta e o rio Eufrates, nessa ordem. A sétima é derramada “no” (eis) ar, embora evidências textuais (cf. p. xvi) favoreçam a variante “sobre” (epi) o ar. A distinção, no entanto, não está apoiada num propósito especificado.
B. Foi-lhe dado: Literalmente, foi-lhe permitido.
C. Queimar os homens com fogo: Normalmente, o soI aquece e alegra as pessoas, controla o crescimento das plantas, o clima e vários outros processos naturais necessários à vida na Terra: Então, porém, ele produzirá um excesso de calor e energia que poderá atormentar as pessoas e destruir a vida. Embora os seres humanos sofram diretamente com o calor intenso, os piores resultados sāo a mais grave seca e a maior fome que o mundo já viu (GC,628). A praga literal será acompanhada por uma fome da Palavra de Deus (cf. Am 8:11, 12). Por toda a terra, ocorrerá uma flagelos e também por uma forma de impedir outras calamidades (GC, 629). Ela não será motivada por arrependimento, mas pelo pavor (ver com. de 2 Co 7:9-11). O objetivo é fugir da miséria ocasionada pelas pragas, não entrar em um estado genuíno de reconciliação com Deus. Por isso, Satanás convencerá os habitantes da Terra não de que são pecadores, mas de que erraram ao tolerar o povo escolhido de Deus (ver PE, 34; ver com. de Ap 16:14). Assim como as três pragas anteriores, esta também não será universal (GC,628).

9 As pessoas se queimaram com o intenso calor e blasfemaram contra o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos. Porém, não se arrependeram para darem glória a Deus.
A. Blasfemaram: Do gr. blasphemeō (ver com. de Ap 13:1). Neste caso, blasfemar contra Deus significa falar dEle de maneira acusativa. Durante a quarta praga, as pessoas começam a culpá-Lo pela miséria que sofrem, e percebem, enfim, que estão lutando contra Ele (ver com. do v. 1).
B. Nome de Deus: Isto é, o próprio Deus. O nome representa a pessoa (ver com. de Mt 6:9; At 3:16).
C. Autoridade sobre estes flagelos: Os ímpios veem os flagelos como uma demonstração do poder divino (ver com. do v. 1).
D. Nem se arrependeram: Em vez de reconhecer a própria culpa, os ímpios começam a colocar a culpa por seu terrível fardo naqueles que permaneceram leais e fiéis a Deus (ver PE, 34; GC, 624). Em atitude perversa, recusam-se a ceder à vontade divina e demonstram o que são de verdade: ser-vos devotos de Satanás (ver com. do v. 1). A recusa em se arrepender prova que se opõem completa e imutavelmente a Deus.
E. Para Lhe darem glória: Isto é, reconhecer que Deus é verdadeiro e justo (ver com.do v. 7). Muitos que sofreram com pragas se recusaram a admitir seu erro e a aceitar que Deus está certo, inclusive diante dos graves juízos que levariam pessoas honestas e contritas a consertar seus caminhos (cf. Is 26:9,10). O coração deles demonstrou estar totalmente endurecido, em nada susceptível à misericórdia divina, nem às severidades da vida (ver com. de Êx 4:21; Ef 4:30; Ap 16:1).


10 O quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta. O reino da besta ficou em trevas, e as pessoas mordiam a língua por causa da dor que sentiam
A. Trono: Do gr. thronos (ver com. de Ap 13:2). O trono da besta é sua sede. Nesta passagem, a besta representa, em primeiro lugar, o papado reavivado, não tanto no aspecto religioso, mas, sim, no exercício do poder mundial dominante (ver com. de Ap 13:1, 2, 10; 17:3, 8, 9, 11).
B. Reino: Com exceção do pequeno remanescente que continua resistindo, o diabo considera os habitantes do mundo seus súditos e é por meio do papado reavivado que ele busca garantir controle absoluto sobre toda a raça humana (ver GC, 571, 580, 656; T5, 472; T7, 182; ver com. de Ap 16:13, 14; 17:8,12; cf. Ap 19:19). Parece que, ao longo da quinta praga, o mundo inteiro será envolvido por um manto de trevas. Por isso, embora as pessoas tateiem impenitentes em busca de luz em um planeta espiritualmente escuro (ver Ap 16:8, 9), Deus envia sobre elas trevas literais, que simbolizam a condição espiritual mais escura a envolver a Terra (ver com. dos v. 13,14).
C. Trevas: A frase inteira diz, literalmente, que o reino da besta se tornará escuro. O texto grego indica que a situação permanece assim por um período. A referência é a trevas literais(ver com. do v. 1), com o frio e a desordem que as acompanham. A ausência de luz e calor será ainda mais impressionante e dolorosa depois do calor intenso vivenciado durante a quarta praga.
D. Remordiam a língua por causa da dor: Que, “continuavam a morder a língua em dor". É possível que um frio intenso acompanhe a escuridão prolongada.

11 e blasfemavam contra o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam. Porém, não se arrependeram de suas obras.
A. Blasfemaram: Os seres humanos reafirmam seu ódio perverso contra Deus. A atitude demonstrada durante a quarta praga (ver com. do v. 9) persiste inalterada.
B. Deus do céu: Ver com. de Ap 11:13.
C. Angústias: Isto é, as consequências dos flagelos (v.10).
D. Úlceras: Isto é, as consequências do primeiro flagelo (v. 2). As úlceras da primeira praga não devem ser fatais, pelo menos não em todos os casos. Isso indica também que os flagelos são sucessivos em vez de simultâneos, e suas consequências continuarão (ver com. do v.2).
E. Não se arrependeram: Ver com. do v.9.

12 O sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates. As águas do rio secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do Oriente.
A. O sexto: São defendidas duas interpretações para os v. 12 a 16. De acordo com a primeira, o “grande rio Eufrates” representaria o império otomano; a secagem de suas águas corresponderia à dissolução gradual desse império; os reis que vêm do lado do nascimento do sol, as nações do oriente; e o Armagedom seria o vale literal de Megido, no norte da Palestina. A dissolução do império otomano seria a preparação do caminho para as nações orientais entrarem em guerra contra aquelas que se encontram a oeste do vale de Megido.
    De acordo com a segunda interpretação, o Eufrates representa os povos sobre quem a Babilônia mística exerce domínio; a secagem de suas águas simboliza a retirada de seu apoio à Babilônia; os reis que vêm do lado do nascimento do sol, Cristo e aqueles que O acompanham; e o Armagedom, a última batalha do grande conflito entre Cristo e Satanás, travada nesta Terra. Logo, a retirada do apoio dos povos à Babilônia mística é vista como a remoção da barreira final para sua derrota e seu castigo definitivos.
    Segundo a primeira visão, a batalha do Armagedom começa essencialmente na forma de um conflito político e chega ao clímax com o aparecimento de Cristo e Seu exército celestial. De acordo com a segunda visão, a batalha do Armagedom começa quando os poderes religiosos e políticos da Terra iniciam seu ataque final ao povo remanescente de Deus.
    Embora as duas abordagens pareçam excludentes, há algo em comum entre elas.
    Os defensores de ambas as perspectivas sobre o Armagedom costumam concordar em relação aos seguintes pontos:
  • (1)Trata-se da última batalha da história da Terra, e o acontecimento ainda é futuro.
  • (2) Esta é a batalha do grande Dia de Deus (v. 4).
  • (3) O “grande rio Eufrates” simboliza seres humanos.
  • (4) Os três “espíritos imundos" (v. 13) representam o papado, o protestantismo apostatado e o espiritismo ou espiritualismo.
  • (5) Esses três espíritos constituem os agentes que convocarão as nações à batalha.
  • (6) Os agentes recrutadores, ou seja os três espíritos, são de natureza religiosa, e as forças recrutadas são políticas e militares.
  • (7) Os preparativos para a batalha ocorrem durante a sexta praga, mas a luta em si é travada na sétima.
  • (8) Será uma batalha real entre pessoas empunhando armas literais.
  • (9) Haverá derramamento de sangue sem precedentes.
  • (10) Todas as nações da Terra se envolverão:
  • (11) Por fim, Cristo e o exército celestial intervirão, encerrando a batalha.
  • (12) Os santos vivos testemunharão a batalha, mas não serão participantes diretos.
    A diferença fundamental entre os dois pontos de vista está na literalidade geográfica ou no sentido figurado desses três termos: Eufrates, “reis que vêm do lado do nascimento do sol” e Armagedom. A primeira perspectiva presume que os termos mantêm o significado geográfico. Já a segunda afirma que eles devem receber uma interpretação figurada, relacionada ao contexto de Apocalipse 13 a 19 (ver com. dos v. 12-19; comparar com Dn 11:36-40).
    Como seria de se esperar, variações e mudanças dessas duas abordagens principais são defendidas por alguns estudiosos. No século 19, Tiago White defendia que o Armagedom consiste na batalha entre Cristo e as nações ímpias, no segundo advento (ver RH,21/01/1862, p.61). Uriah Smith acreditava que a batalha do Armagedom também envolve o ajuntamento politico militar das nações da Terra, na Palestina (ver The Prophecies of Daniel and the Revelation (1944), p. 691-701).
B. Grande rio Eufrates: Ver com. de Ap 9:14. Os defensores dos dois pontos de vista concordam que João não se refere aqui ao rio literal, nem à secagem de suas águas. Há também acordo de que aqui as águas do rio Eufrates representam seres humanos(cf. Ap 17:15).No entanto, de acordo com o primeiro ponto de vista, o Eufrates representa o antigo império otomano, pelo qual este rio passava e, desde a queda desse império no final da primeira guerra mundial, seu sucessor atual é a Turquia. Este ponto de vista presume que, embora o termo “Eufrates” não se refira ao rio literal, preserva certa medida de significado geográfico literal, uma vez que consiste na designação de uma área geográfica banhada pelo rio, o vale da Mesopotâmia. Por mais de mil anos, essa região foi administrada por sarracenos e turcos e, depois, pelo governo do Iraque
    De acordo com o segundo ponto de vista, o sentido da palavra “Eufrates” deve ser extraído do contexto, em que o termo “Babilônia” é usado como símbolo do cristianismo apostatado (ver com. de Ap 14:8; 17:5). Do ponto de vista histórico e geográfico, o Eufrates era o rio da Babilônia literal (Jr 51:12, 13, 63,64). Como rio da Babilônia mística (ver com. de Ap 17:18), o Eufrates estaria, nesta passagem, totalmente dissociado de seu significado literal e geográfico, sendo entendido na relação com o símbolo que o acompanha, a Babilônia mística. Logo, as águas do Eufrates seriam as “muitas águas” (Ap 17:1-3, 15), sobre as quais a Babilônia mística se assenta. É ela que, "com o vinho de sua devassidão", embriaga os "que habitam na terra" (Ap 17:2; cf. 13:3,4,7,8, 14-16).
C. Águas: Ver com. de Ap 17:1,5.
D. Secaram: A forma verbal do grego indica que o ato de secar já foi concluído. De acordo com o primeiro ponto de vista, a secagem do rio Eufrates, mencionada aqui, começou á se cumprir com o encolhimento gradual do império otomano, mas o cumprimento total deste ponto profético ainda está no futuro.
    De acordo com o segundo ponto de vista, a secagem das águas do Eufrates se refere à retirada do apoio humano à Babilônia mística, em conexão com a sexta praga (ver com. de Ap 16:14, 16, 17, 19; cf. Is 44:26-28; 45:1,2). Os defensores dessa abordagem consideram Apocalipse 16:18-19 e 17:15-18; 18:1-24 uma descrição dos efeitos da secagem das águas do Eufrates (ver GC, 654-656).
E. Preparasse: De acordo com o primeiro ponto de vista, o caminho dos reis do oriente começou a ser preparado pela diminuição do império otomano. De acordo com o segundo, o “caminho” será “preparado” pela retirada do apoio humano à Babilônia mística (ver com. dos v. 1, 12, 14, 17). A primeira perspectiva vislumbra um preparo de caráter militar e geográfico; a segunda, por sua vez, identifica um preparo moral e espiritual.
F. Caminho: Do gr. hodos, "rodovia". No contexto dos v. 12 a 16, este é o “caminho” pelo qual passam os reis e seus exércitos atravessando o Eufrates para guerrear contra seus adversários. De acordo com o primeiro ponto de vista, este “caminho” pode ser a rota geográfica pelo vale da Mesopotâmia, antigo território do império otomano. De acordo com o segundo ponto de vista, “caminho” tem sentido figurado e tem a ver com a preparação da Terra para que Cristo e os exércitos do Céu triunfem sobre Babilônia (v. 19) e os “reis do mundo inteiro” (v. 14).
G. Reis que vêm do lado do nascimento do sol: Literalmente, “reis do [sol] nascente”(ver com. de Ap 7:2). Em harmonia com o sentido geográfico atribuído ao "grande rio Eufrates", os defensores do primeiro ponto de vista entendem que os "reis que vêm do lado do nascimento do sol" correspondem às nações situadas a leste do vale da Mesopotâmia.
    De acordo com o segundo ponto de vista, estes reis representam Cristo e aqueles que O acompanham. A expressão “reis que vêm do lado do nascimento do sol", assim como outros símbolos de Apocalipse 16:12, são vistos à luz dos acontecimentos relacionados à conquista da antiga Babilônia por Ciro e na liberação subsequente do povo de Deus, os judeus, para que voltassem a sua terra natal.

13 Então vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs.
B. Sair da boca: A boca é o instrumento da fala. Ao sair da boca do “draġão”, da “besta” e do “falso profeta", os três espíritos imundos representam a política que esta tríplice união religiosa proclama ao mundo, chamada de vinho de Babilônia (Ap 17:2; ver com. de Ap 16:4; 17:2,6).
C. Dragão: Ver com. de Ap 12:3; 13:1. O primeiro membro da tríplice união religiosa costuma ser identificado com o espiritismo ou espiritualismo (paganismo). De fato, muitos pagãos adoram espíritos e praticam diversas formas de espiritismo que se assemelham, até certo ponto, ao espiritismo moderno que se professa nos países cristãos.
D. Besta: Ver com. de Ap 13:1; 17:3,8.
E. Falso profeta: Ao que tudo indica; ele equivale à besta de dois chifres (Ap 13:11-17; ver com. do v. 11), que apoia a primeira besta (Ap 13:1-10). Os milagres que ele recebe autoridade para realizar na presença da besta (Ap 13:12-14) enganam as pessoas e as levam a fazer uma “imagem" à besta (comparar com Ap 19:20; 20:10).
F. Três espíritos imundos: Defensores dos dois pontos de vista concordam na identificação do dragão, da besta e do falso profeta como o espiritismo moderno ou paganismo (GC, 561, 562),o papado e o protestantismo apostatado (cf. Ap 13:4,14,15; 19:20; 20:10). Ao que tudo indica, os três espíritos imundos representam este trio de poderes religiosos, os quais constituem a "grande Babilônia" dos últimos dias (Ap 16:13, 14, 18, 19; ver com. de Ap 16:19; 17:5).
G. Semelhantes a rãs: Não parece haver um sentido específico para esta comparação, que pode ter a intenção apenas de destacar a repugnância dos três espíritos aos olhos de Deus.


14 São espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro a fim de ajuntá-los para a batalha do grande Dia do Deus Todo-Poderoso.
A. Espíritos de demônios: Ou, "espíritos demoníacos". Nos evangelhos, o termo “espírito imundo" é usado de maneira intercambiável com “demônio” (ver Mc 1:27, 34; 3:11,15; 6:7 etc.; ver Ap 18:2; cf.T5, 472, 473).
B. Operadores de sinais: Do gr. sēmeia, isto é, milagres do ponto de vista de seu valor para confirmar as reivindicações ou comprovar a autoridade da pessoa que os realiza (ver vol. 5, p. 204; ver Ap 13:13, 14; 19:20). Manifestações sobrenaturais diversas são usadas por Satanás, por intermédio de variados agentes humanos, a fim de obter êxito em unir o mundo com o propósito de derrubar a única barreira a seu domínio irrestrito sobre a humanidade.
C. Reis da terra (ACF): Os “reis” são os poderes políticos da Terra, em contraste com a tríplice união religiosa (ver com. do v. 13) que convoca as nações da Terra a se unirem em uma cruzada para destruir o povo de Deus (T9, 16; GC, 562, 624). Essa aliança religiosa e_ política global (ver com. de Ap 17:3) aspira a governar o mundo na crise final. De acordo com o primeiro ponto de vista, estes "reis" representam as nações ocidentais, em contraste com os “reis que vêm do lado do nascimento do sol" (Ap 16:12),as nações do oriente. De acordo.com a segunda perspectiva, "reis do mundo inteiro "abrange tanto as nações do oriente quanto as do ocidente (ver com. do v.12; sobre os "reis do mundo inteiro" e os resultados desta conspiração, ver Ap 17:2,12, 14; ver com. do v.12; cf. T7,182).
D. Ajuntá-los: De acordo com o primeiro ponto de vista, este ajuntamento consiste em preparativos políticos e militares por parte dos "reis do mundo inteiro". De acordo com o segundo, refere-se aos esforços empreendidos pela tríplice união religiosa para garantir ação unida por parte dos poderes políticos da Terra no confronto contra o remanescente de Deus.
E. A peleja: Defensores dos dois pontos de vista concordam que são descritos aspectos diferentes da mesma batalha (Ap 14:14-20; 16:12-19; 17:14-17; 19:11-21; cf. T6, 406). De acordo com a primeira perspectiva, trata-se de uma batalha primordialmente política e militar, travada no vale literal de Megido entre as nações do oriente e do ocidente (ver com. de Ap 16:12, 13). De acordo com a segunda, nesta batalha, as nações se unirão contra o povo de Deus; portanto, o conflito é, em primeiro lugar, religioso.
F. Grande Dia: Isto é, o dia da cólera de Deus (ver com. do v. 1; ver com. de Is 2:12).
G. Deus Todo-Poderoso: Ver com.de Ap 1:8.


15 "Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha."
A. Eis: Ou, “veja".
    Venho como vem o ladrão. Em relação aos ímpios (ver com. de ITs 5:2, 4; 2Pe 3:10; cf. Mt 24:43; Lc 21:35).
B. Bem-aventurado: Ou, “feliz" (ver com. de Mt 5:3).
C. Aquele que vigia: Ver com. de Mt 24:42. Os santos devem permanecer alerta e em estado de vigilância, para não serem enganados.
D. Guarda as suas vestes: Isto é, permanece firme na fé e no caráter completamente leal a Deus (ver com. de Mt 22:11).
E. Para que não ande nu: Ou seja, perca a roupa do caráter por abrir mão da fé (comparar com Ap 17:16).
F. E não se veja: É provável que a referência seja às pessoas, de modo geral.
G. A sua vergonha: Isto é, ver que ele abriu mão da fé. Embora o destino já esteja definido por ocasião do fechamento da porta da graça (ver com. de Ap 22:11), o povo de Deus não deve relaxar em sua vigilância. E não se veja. É provável que a referência seja às pessoas, de modo geral. Em vez disso, deve ficar cada vez mais alerta à medida que Satanás intensifica seus enganos.


16 Então ajuntaram os reis no lugar que em hebraico se chama Armagedom.
A. Os: Isto é, os reis do mundo inteiro (v.14).
B. Ajuntaram: Ou, “ele ajuntou". O grego pode ser traduzido das duas formas. Na terceira pessoa do plural, a referência é aos três espíritos imundos dos v. 13 e 14; e, no singular, ao anjo do v. 12. O contexto favorece a tradução no plural (sobre o processo de ajuntamento, ver com. do v. 14).
    Para o primeiro ponto de vista, o ajuntamento ocorre durante à sexta praga, mas a batalha em si é travada durante a sétima (ver Smith, op. cit., p. 702; ver com. de Ap 16:12, 17). Para o segundo, isso seria um processo gradativo de ajuntamento das nações que começa antes das pragas.
C. Lugar: Do gr. topos, "lugar”, termo usado com vários significados. Refere-se a uma localização geográfica, a um “lugar” em um livro ou posição, ou, em sentido figurado, a uma “condição” ou “situação”(At 25:16, “oportunidade", NVI; Hb 12:17). De acordo com o primeiro ponto de vista, que destaca os aspectos geográficos, a palavra alude ao vale de Megido, a planície de Esdraelom, no norte da Palestina (ver com. de Ap 16:12, 14). De acordo com o segundo, que salienta o sentido figurado das várias expressões (ver com. dos v. 12-16), esta seria a “condição”, ou o estado de espírito, em que os povos da Terra são ajuntados; o pacto para aniquilar o povo de Deus (ver com. de Ap 16:14; 17:13).
D. Em hebraico: É possível que, com esta informação, João tivesse o objetivo de dirigir seus leitores a ver Armagedom como termo “hebraico” e a relembrar a história dos hebreus, no esforço de compreender o nome enigmático.
E. Armagedom: Do gr. Harmageddön, transliteração do hebraico, conforme explica João. Evidências textuais favorecem a variante Harmagedōn, mas também há apoio para as opções Armegedon, Armagedō, Mageddon e outras. Considerando que nunca houve uma localidade geográfica com este nome, o significado do termo não fica claro a princípio. Além disso, as opiniões divergem quanto a qual palavra (ou palavras) hebraica a transliteração grega representa. A variante Harmageddōn deriva de duas palavras do hebraico. A primeira delas pode ser 'ir, “cidade”, ou, mais provavelmente, har, “montanha”.
    Duas derivações diferentes foram sugeridas para a segunda parte do nome, mageddōn: (1) - mageddōn viria do heb. megiddo ou megiddon (1Rs 9:15; Zc 12:11), a antiga cidade de Megido, que deu nome à importante passagem através das montanhas para o sudoeste, o vale de Jezreel, o norte e o nordeste (2Cr 35:22) e para o ribeiro Quisom (Jz 4:7,13; 5:19,21), que corre pelo vale; (2) -mageddōn viria de mo'ed, palavra hebraica comum no AT para "congregação” (Êx 27:21; 28:43; 29:4, 10, 11, 30, 32, etc.), para uma “festa ”fixa (ver com. de Lv 23:2) e para um "ajuntamento” ou “lugar de congregação” (Lm 1:15; 2:6). A primeira opção relaciona o nome composto “Armagedom” ao ambiente histórico -geográfico da antiga Megido, ao passo que a segunda sugere uma possível conexão com o grande conflito entre Cristo e Satanás.

Em Isaías 41:13, har-mo'ed é traduzido por “monte da congregação” e designa o monte onde ficava o templo de Salomão, ao norte da antiga Jerusalém. Nessa passagem, Lúcifer é apresentado aspirando a substituir o lugar de Deus como governante soberano de Israel (ver com. ali; comparar com “tenda da congregação”, Ex 33:7,etc.).

Os defensores do primeiro ponto de vista sobre o Armagedom consideram que o termo deriva do heb. har-megiddo, "montanha de Megido", e interpretam que o nome (Ap 16:16) se refere ao ambiente geográfico e às associações históricas da antiga cidade de Megido. Os partidários do segundo ponto de vista entendem a primeira derivação de maneira figurada, isto é, como uma alusão aos acontecimentos históricos do AT associados às redondezas da antiga Megido (ver Jz 4:4-24; 5:1-31; Jz 6:33-40; 7:1-25; 1Rs 18:35-40; SI 83; cf. 2Cr 35:20-24), mas sem atribuir importância geográfica ao termo Armagedom (Ap 16:16; ver com. do v. 12). Também compreendem a segunda derivação, har-mo'ed, de maneira figurada, com base em seu uso em Isaías 14:13, no contexto do grande conflito entre Cristo e Satanás (ver Ap 12:7-9,17; 17:14; 19:11-21).





17 Então o sétimo anjo derramou a sua taça pelo ar. E uma voz forte saiu do santuário, do lado do trono, dizendo: — Está feito!
A. Sétimo anjo: Sobre o número sete, ver com. de Ap 1:11.
B. Pelo ar: Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “sobre o ar” (ver com. do v.8).A consequência desta praga parece ser universal.
C. Grande voz: Com certeza, trata-se da voz de Deus (comparar com Ap 1:10; ver GC, 635,636;T1,353,354).
D. Templo do céu (ARC): Evidências textuais apoiam a variante que contém apenas “templo” ou “céu”.
E. Do lado do trono: Em outras palavras, a fala constitui uma proclamação oficial feita pelo Soberano do universo (ver com.de Ap 4:2-5).
F. Feito está!: As mesmas palavras serão proferidas mais uma vez, na criação da nova Terra: "Tudo está feito" (Ap 21:6). Palavras semelhantes("está consumado") foram proferidas pelo Senhor na cruz (Jo 19:30) enquanto encerrava Seu ministério de sacrifício, garantindo assim o sucesso do plano da redenção. No contexto de Apocalipse 16:17. 0 anúncio dramático marca o momento em que se completa a revelação do mistério da iniquidade, quando o verdadeiro caráter da união política e religiosa global (v. 13,14,19) for desmascarado (ver com.do v.1).
    Deus permite que as forças do mal avancem até o ponto de aparente sucesso em seu sinistro desígnio de erradicar o povo de Deus. Quando chegar o momento crucial indicado pelo decreto de morte (ver com. do v. 14) e os ímpios avançarem com brados de triunfo para exterminar os santos (GC, 631, 635; PE, 283, 285), a voz de Deus será ouvida dizendo: “Feito está!" Tal declaração põe fim ao período da angústia de Jacó (ver com. do v. 15), livra os santos e dá início à sétima praga (PE, 36, 282-285; GC,635, 636; T1,353, 354).



18 E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu um grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra, tal foi o terremoto, forte e grande.
A. Relâmpagos: Ou, “lampejos de relâmpago". Evidências textuais atestam esta palavra antes de “vozes e trovões"(ver ARC).
B. Vozes: Ou, “sons", “barulhos”(comparar com Ap 4:5; 8:5; 11:19). O que as “vozes” falam pode ser semelhante à declaração de Apocalipse 11:15 (cf. GC, 640).
C. Trovões: Ou, “ribombos de trovão”.
D. Grande terremoto: Trata-se de um terremoto literal, conforme sugere o restante do v. 18 (ver com. do v. 1; cf. v. 20, 21), mas acompanhado de um terremoto figurado, que abala a Babilônia mística (v. 19). Assim como um terremoto literal deixa uma cidade em ruínas, um terremoto figurado levará ruína e desolação à "grande Babilônia”(ver com. de Ap 17:16; 18:6-8,21). A tríplice união dos v. 13 e 14 entrará em colapso (cf. Is 28:14-22).
E. Como nunca houve: Tanto de maneira literal quanto figurada.


19 E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E Deus se lembrou da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira.
A. A grande cidade: Isto é, a Babilônia mística (ver com. de Ap 17:5, 18;18:10).
B. Em três partes: A Babilônia mística dos últimos dias é formada pelo papado, pelo protestantismo apostatado e pelo espiritismo (ver com. dos v. 13,14). Diante da voz de Deus (Ap 16:17; 17:17),esta tríplice união de organizações religiosas apóstatas perderá sua coesão, unidade e poder para agir (comparar com Hc 3:3-16).
C. Caíram: A união das forças políticas da Terra também se fragmentará durante a sexta praga (ver com. dos v. 14, 16; Ap 17:13, 17). Ocorrerá um grande despertamento entre elas, à medida que a voz de Deus livra o povo que O aguarda (ver GC,636, 637, 654). Então, os ex-componentes da aliança religiosa e política global (Ap 16:13, 14) começarão a lutar entre si, e o poder político, ou seja “os reis do mundo inteiro" (Ap 17:12-16) se vingam da Babilônia mística(ver com.de Ap 17:17). Cheias de fúria, as hostes da Terra se voltarão contra seus líderes e umas contra ás outras com as armas antes empunhadas para matar os santos (ver PE, 290; GC, 656). Haverá conflito e derramamento de sangue por toda parte (ver com. de Ap 14:20).
    Quando Cristo aparecer, o choque das armas e o tumulto da batalha terrena serão silenciados à medida que se visualizar o exército celestial. “Na desvairada contenda de suas próprias e violentas paixões, e pelo derramamento terrível da ira de Deus sem mistura, sucumbem os ímpios habitantes da Terra: sacerdotes, governantes e povo, ricos e pobres, elevados e baixos" (GC, 657;sobre esta batalha, ver com. de Ap 17:14; 19:11-21; cf. PE, 282, 290; GC, 656,657; comparar com as descrições semelhantes de Js 10:7-14; Jz 7:19-21; 1Sm 14:19, 20; 2Cr 20:22-24; Is 19:2; 34:8-10; 51:21-23; 63:1-6; Jr 25:12-15, 29-38; Ez 28:14-23; Ag 2:22; Zc 14:13).
D. Cidades das nações: Em continuidade à imagem de um terremoto abalando uma cidade literal, João se refere então, por meio de uma figura semelhante, às organizações políticas da Terra, mencionadas nos v. 13 e 14 pela expressão “reis do mundo inteiro”. O termo “cidade” representa a união das organizações religiosas apóstatas da Terra, e “cidades" se refere a seus aliados políticos (ver com. de Ap 11:8; 17:18).
E. Lembrou-Se: Ver com. de Ap 18:5. Esta é uma expressão bíblica comum que significa a chegada da hora em que o juízo divino é executado (Sl 109:14; Ez 21:23,24; cf. Jr 31:34).
F. Grande Babilônia: Ver com. de Ap 14:8; 17:1,5.
G. Para dar-lhe: Sobre juízos divinos e a antiga Babilônia, ver Is 51:17,22; Jr 25:15,16.
H. O cálice: Expressão bíblica comum para sofrimento e juízo (ver Sl 11:6; 75:8; Is 51:17, 22,23; Jr 25:15-17,28; 49:12; Mt 26:39). O cálice que a Babilônia mística recebe é devido ao que ela mesma deu às nações (ver com. de Ap 17:16; 18:5-8; cf. com. de Ap 14:10).
I. Vinho: Ver com. de Ap 14:10; cf. 17:2.
J. Furor: Ver com.do v.1.

20 Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados.
A. Todas as ilhas: Os tremores de terra são descritos aqui como resultado do terremoto (v. 18; comparar com Ap 6:14).
B. Os montes: Comparar com Ap 6:14.

21 Também desabou do céu sobre as pessoas uma grande chuva de granizo, com pedras que pesavam mais de trinta quilos. E, por causa do flagelo da chuva de pedras, as pessoas blasfemaram contra Deus, porque esse flagelo do granizo era terrível.
A. Grande saraivada: Ou, "grandes pedras de granizo" (sobre a chuva de pedras no Egito, ver com. de Êx 9:18-32; sobre a saraivada, ou chuva de pedras, ver Js 10:11; Ez 13:11, 13; e como juízo divino no dia final da ira, ver Is 28:17, 18; 30:30; Ez 38:22; Ap 11:19).
B. Um talento: Há várias estimativas para o peso desta medida, que variam de 128 a 176 kg (ver “talento”, Dicionário Bíblico Adventista).
C. Blasfemaram de Deus: Pela terceira vez, os que são atingidos pelos flagelos blasfemam de Deus, revelando seu completo desprezo pela Majestade do Céu, mesmo em meio aos mais terríveis juízos (ver com. dos v. 1,9,11).

REFERÊNCIAS
Bíblia Online (Almeida Revista e Atualizada, Bíblia - Almeida Corrigida Fiel, Bíblia - Nova Almeida Atualizada© Copyright © 2017 Sociedade Bíblica do Brasil). https://www.bibliaonline.com.br/.
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.