Capítulo 20

Apocalipse 20
- Satanás é preso por mil anos.
- A primeira ressurreição: bem-aventurados os que têm parte nela.
- Satanás é solto novamente.
- Gogue e Magogue.
- O diabo é lançado no lago de fogo e enxofre.
- A última ressurreição geral.
1 Então vi descer do céu um anjo que tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente.
A. Vi: Os acontecimentos relatados em Apocalipse 20 ocorrem logo depois dos narrados no cap.19.
B. Descer: Literalmente, "descendo". João não viu o anjo já na Terra, mas, sim, no processo de descer.
C. Na mão: Ou, “de sua mão”, num possível indicativo de que a corrente estava pendurada na mão do anjo.
D. Chave: O fato de o anjo carregar uma chave mostra que o Céu tem controle absoluto dos acontecimentos. O dragão não conseguirá evitar o próprio lançamento ao abismo.
E. Abismo: Do gr. abussos (ver com. de Ap 9:1). Esta é uma visão simbólica. O abismo não consiste em uma caverna subterrânea ou em um precipício gigantesco em algum lugar do universo, João descreve a imagem profética que se abriu diante de seus olhos admirados. Em visão, ele contemplou um abismo de verdade, mas o lançamento do dragão no abismo foi apenas uma maneira simbólica de demonstrar que as atividades de Satanás serão interrompidas. Isso fica claro quando se declara o propósito de seu confinamento: "para que não enganasse mais as nações"(Ap 20:3).
    O contesto e outras passagens deixam claro como as atividades satânicas serão interrompidas: a Terra ficará totalmente despovoada na segunda vinda de Cristo. De acordo com Apocalipse 19:19 a 21, os ímpios serão todos destruídos por ocasião da vinda (ver com. ali). Ao mesmo tempo, os justos serão “arrebatados [..] entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares" (ITs 4:17).As palavras de Paulo mostram que, em Sua segunda vinda, Cristo não fundará Seu reino na Terra. Caso isso fosse acontecer, por que tiraria os santos do planeta? O estabelecimento do reino ocorrerá após o fim do milênio, quando a nova Jerusalém descer (Ap 21:1-3). João 14:1 a 3 também subentende que os santos serão retirados da Terra em Sua vinda. Ao confortar os discípulos em sua tristeza por Sua partida. Jesus lhes informou que estava indo para a2casa do Pai, onde lhes prepararia moradas. Então, voltaria a fim de levá-los para morar com Ele (comparar com Jo 13:36;17:24)Sem dúvida, as moradas se encontram na nova Jerusalém, que só será transferida para a Terra no fim do milênio (ver com. de Ap 21:1-3).
    O grupo que é arrebatado para o encontro com o Senhor nos ares inclui tanto os justos mortos, que serão ressuscitados durante o advento, quanto os justos vivos, que serão "transformados”(1Co 15:51; ITs 4:16,17).Os santos ressuscitados incluem todos os justos que já viveram na Terra. Há apenas duas ressurreições principais, a "ressurreição da vida" e a "ressurreição do juízo” (Jo 5:29;At 24:15).Nelas, “todos os que se acham nos túmulos [...] sairão” (Jo 5:28). Alguns insistem que a expressão “mortos em Cristo” (ITs 4:16) inclui somente os cristãos que morreram, sem abranger os santos do AT. Porém, os textos bíblicos acima mostram que todos os justos ressuscitam na ressurreição destinada a eles. A expressão “mortos em Cristo" não necessariamente exclui os santos do AT, pois eles morreram com a esperança fixa em um Messias por vir. A ressurreição deles depende da ressurreição de Cristo, pois “todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15:22). A ressurreição dos justos também é chamada de “primeira ressurreição” Ap 20:5,6).
    Grande confusão tem sido levada à doutrina do milênio por aqueles que falham em reconhecer que as promessas ao antigo Israel eram condicionais à obediência. Muitas teorias fantasiosas são defendidas por aqueles que tentam encaixar o cumprimento das promessas antigas no retrato escatológico do NT. Isso extrapola o que os autores do NT tentam fazer. Inspirados pelo Espírito de Deus, eles apresentam uma imagem consistente dos acontecimentos dos últimos dias. Mostram como os eventos que poderiam ter se cumprido de maneira diferente, caso a nação judaica tivesse aceito seu destino divino, serão realizados com respeito à igreja do NT. Identificam a verdadeira posição dos judeus no NT e não atribuem uma posição especial a eles como nação. Individualmente, aqueles que, ao longo dos séculos da era cristã, aceitaram a Jesus Cristo são salvos como membros da igreja cristã. Junto com os outros santos, eles ressuscitam na primeira ressurreição e são trasladados. Aqueles que continuam a rejeitar o Messias ressuscitam na segunda ressurreição (ver com. de Ap 20:5).
    A partida de todos os santos para o Céu e a destruição de todos os ímpios vivos (ver parágrafos anteriores) deixam a Terra totalmente despovoada. Além disso, as temíveis convulsões da natureza ligadas às sete últimas pragas (ver com. de Ap 16:18-21)transformam o planeta em um cenário de desolação completa. Cadáveres jazem em sua superfície (ver com. de Ap 19:17-21). Não é impossível interpretar abussos como um símbolo da Terra desolada à qual Satanás ficará confinado durante o milênio. Na LXX, em Gn 1:2, abussos traduz o hebraico tehom, “profundo”, palavra que descreve a superfície terrestre conforme aparece no primeiro dia da criação, “sem forma e vazia”.
F. Corrente: Símbolo de prisão. Não é prefigurada uma amarra com uma corrente literal neste texto.
2 Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos.
A. Segurou: Do gr. krateō, “agarrar”, “segurar firme”.
B. Dragão [...] Satanás: Esta referência remonta a Apocalipse 12:9, versículo em que aparece a mesma lista de nomes (ver com. ali).
C. Prendeu: A prisão do dragão simboliza as restrições impostas sobre as atividades de Satanás. Os ímpios serão mortos na segunda vinda de Cristo. Os justos serão arrebatados para o Céu. O diabo e seus anjos maus ficarão confinados na Terra desolada. Não haverá nenhum membro da raça humana vivo para ele exercer seu poder de enganar. É nisto que consistirá sua prisão (ver com. do v.1).
D. Mil anos: Alguns comentaristas interpretam este tempo como um período profético, ou seja, 360 mil anos literais. Baseiam esse ponto de vista no fato de que os versículos são simbólicos e, portanto, o período também, deve ser entendido simbolicamente. Outros destacam que esta profecia contém uma mistura de elementos literais e, por isso, não é necessário compreender a expressão de forma simbólica. Este Comentário assume a posição de que os mil anos são literais.
3 Lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo.
A. Abismo: Ver com. do v. 1.
B. Pôs selo: Do gr. sphragizō, “selar”. Leia sobre a função dos selos antigos no com. de Apocalipse 7:2. Este selo pode ser comparado ao que foi colocado na sepultura de Jesus (Mt 27:66). O selamento simboliza que Satanás será efetivamente preso durante o período mencionado.
C. Enganasse as nações. A obra satânica de engano será interrompida pela ausência de população na Terra. Não haverá ninguém a quem ele poderá enganar (ver com. do v. 1).
D. É necessário: Do gr. dei. O termo sugere necessidade com base em razões morais e éticas. Neste caso, é uma necessidade porque Deus deseja que seja, como parte de Seu plano.
E. Solto: Reversão da prisão à qual o diabo foi submetido na segunda vinda de Cristo. Satanás novamente recebe permissão para enganar os seres humanos e realizar sua vontade com eles em oposição a Deus. Tinha sido o despovoamento da Terra que pusera fim a sua obra de engano. Sua soltura será realizada por meio de um repovoamento do planeta, que ocorrerá por meio da ressurreição dos ímpios ao fim dos mil anos (ver com. do v. 5). Eles serão alvo dos enganos do inimigo em seu plano final de medir forças com Yahweh.
F. Pouco tempo: A duração deste "pouco tempo” não é informada. Será tempo suficiente para Satanás organizar os ímpios ressurretos a fim de atacar a nova Jerusalém.
4 Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar. Vi ainda as almas dos que foram decapitados por terem dado testemunho de Jesus e proclamado a palavra de Deus. Estes são os que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam a sua marca na testa e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.
A. Tronos: Símbolos de autoridade para exercer domínio como rei (Ap 13:2)ou juiz (Mt 19:28).
B. Sentaram-se: Ou, "tomaram seus assentos",
C. Julgar: Do gr. krima, "sentença", “veredito", “decisão executada". Neste caso, krima parece se referir à autoridade para definir a sentença. A passagem não fala de um veredito em favor dos justos. Os santos se assentam em tronos, indicando que serão eles que pronunciarão a sentença. Sem dúvida, esta passagem faz alusão a Daniel 7:22, texto no qual o profeta observa que “foi dado o juízo aos santos do Altíssimo"(ARC). Para juízo, a LXX de Daniel traz krisis, “ato de julgar”, ao passo que a versão grega de Teodócio traz krima.
    A obra de julgamento à qual João se refere corresponde, sem dúvida, à mencionada por Paulo: “Não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? [...] Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?” (1Co 6:2,3). Com certeza, a obra de julgamento envolve uma investigação cuidadosa dos registros dos ímpios, a fim de que todos se convençam da justiça de Deus ao destruir os ímpios (ver DTN,58;GC,660,661).
D. Almas: Ver com. de Ap 6:9; cf.com. de Sl 16:10.
E. Decapitados: Do gr. pelekizō, literalmente, "cortar com um machado", especificamente, “decapitar”. A palavra se origina de pelekus, "machado”. O machado era o instrumento usado em execuções na Roma antiga. Posteriormente, foi substituído pela espada.
F. Testemunho de Jesus: Ver com. de Ap 1:2, 9. Neste caso, o testemunho dado a respeito de Jesus.
G. Palavra de Deus: Ver com. de Ap 1:2,9.
H. Não adoraram: Em outras palavras, deram ouvidos à advertência do terceiro anjo (Ap 14:9-12) e se recusaram a prestar obediência ao poder representado pela besta, mesmo diante da ameaça de boicote e morte (ver com. de Ap 13:15-17).Só são mencionadas duas classes de santos neste versículo: os mártires e aqueles que venceram a besta. Isso não quer dizer que esses dois grupos serão os únicos a participar do reino milenar, pois já foi mostrado que todos os justos mortos (não só os mártires) sairão das sepulturas na primeira ressurreição (ver com. de Ap 20:1; cf. com.de Dn 12:2). Talvez os mártires e os que venceram a besta recebam destaque por representarem aqueles que mais sofreram (ver Notas Adicionais no fim deste capítulo, Nota 2).
I. Viveram e: O termo grego também pode ser traduzido por "reviveram”. O contexto parece favorecer a segunda tradução; caso contrário, a declaração “Esta é a primeira ressurreição” (v. 5) não teria um antecedente adequado. Contudo, aqueles que venceram a besta estarão vivos logo antes da vinda do Filho do homem e a maioria, se não todos, não precisarão ressuscitar (ver com.do v. 1). Por isso, alguns sugerem que "viveram” teria uma ideia inclusiva; já “e” seria uma explicação do termo, da seguinte forma: “Eles começaram a viver, isto é, a reinar com Cristo”.
J. Reinaram: A pergunta que se faz é sobre quem os santos reinarão se todos os ímpios foram destruídos. Afirma-se que eles reinarão “com Cristo”. O sétimo anjo proclama: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo”(Ap 11:15).Daniel fala que “o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” (Dn 7:27). Os santos permaneceram sob o domínio opressor de reis que haviam bebido do vinho da prostituição de Babilônia (ver Ap 18:3). Agora a situação se reverte.
    É fato que os ímpios estão mortos (ver com. de Ap 20:2), mas eles voltarão à vida ao fim do milênio (ver com. do v.5).É como se estivessem separados para receber o castigo mais tarde. Nesse meio tempo, os santos auxiliam na obra de julgamento que determina o castigo a ser dado. Depois que os ímpios voltam à vida, sua punição e são aniquilados (ver com.de Ap 14:10;20:9).
K: Com Cristo: O reinado milenar com Cristo no Céu, não na Terra, como defendem muitos intérpretes da Bíblia (ver com. do v. 2).
L. Mil anos: Ver com.do v.2.
5 Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição.
A. Os restantes dos mortos: Clara referência aos ímpios mortos, que, desde o princípio dos tempos, foram para a sepultura sem Cristo e aqueles que pereceram por ocasião da segunda vinda de Jesus. Isso fica claro ao se levar em conta o fato de que todos os justos mortos reviveram na primeira ressurreição. Logo, a expressão "os restantes dos mortos” consiste numa referência aos ímpios mortos (ver com.do v.2).
    Evidências textuais apoiam (cf. p. xvi) a omissão da frase “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos", embora se defenda, de modo geral, que a preponderância das evidências é favorável a mantê-la. No entanto, a doutrina da segunda ressurreição não depende de sua permanência. Ela está subentendida no capítulo. Para as nações se unirem a Satanás em seu ataque à cidade santa (v. 9), elas devem voltar a viver. O termo "segunda ressurreição” deriva da realidade de que haverá apenas duas ressurreições principais (Jo 5:28, 29; At 24:15) e que a ressurreição dos justos é chamada de “primeira ressurreição”(ver com. de Ap 20:2,4).
    A passagem “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” é um parêntese. A frase seguinte, "Esta é a primeira ressurreição”, está diretamente ligada à ressurreição mencionada no v. 4.
B. Não reviveram: Ver com. do v. 4.
C. Até que se completassem: Uma tradução literal para a expressão poderia ser: “até terem se completado".
D. Primeira ressurreição: Isto é, a mencionada no v.4 (ver com. ali).
6 Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre esses a segunda morte não tem poder "autoridade"; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos.
A. Bem-aventurado: Do gr. makarios (ver com.de Mt 5:3).
B. Santo: Do gr. hagios (ver com. de Rm 1:7).
C. Segunda morte: Isto é, a morte que sobrevém aos ímpios após sua ressurreição ao fim dos mil anos (v. 14; Ap 21:8). A primeira morte é a que acomete a todos (ICo 15:22:Hb 9:27).Todos, tanto justos quanto ímpios ressuscitam dessa morte (Jo 5:28,29).Os justos saem imortais da sepultura (1Co 15:52-55).Os ímpios ressuscitam para receber seu castigo e sofrer a morte eterna (Ap 20:9;21:8).Deus lhes destrói tanto o corpo quanto a "alma" no inferno (Mt 10:28). Isso significa aniquilação. A "segunda morte" é o exato oposto de uma vida sem fim sob tortura, que alguns ensinam ser o destino dos ímpios (ver com.de Mt 25:41).
D. Autoridade: Do gr. exousia. A segunda morte não afetará os remidos.
Sacerdotes. Ver com. de Ap 1:6; cf. ls 61:6.
E. De Deus: Isto é, na companhia de Deus. Do mesmo modo, "de Cristo" significa na companhia de Cristo. As expressões "de Deus" e "de Cristo" podem significar, respectivamente, servindo a Deus e a Cristo.
F. Reinarão: Ver com. do v. 4.
7 Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão
A. Solto: O confinamento havia resultado da partida dos justos para o Céu e da morte dos ímpios vivos (ver com. do v. 2).A soltura será realizada pela ressurreição dos ímpios, ato que dará a Satanás pessoas sobre as quais exercer sua astúcia enganosa.
B. Prisão: A prisão é o "abismo", a Terra desolada após a segunda vinda de Cristo, onde Satanás ficou confinado por mil anos (ver com. do v. 1). Satanás deve ser liberto para organizar os ímpios ressuscitados. Essa será sua empreitada final contra Deus antes de ser destruído.
8 e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a batalha "peleja". O número dessas é como a areia do mar.
A. Nações [...] Gogue e Magogue: Tais termos representam as hostes dos perdidos de todas as eras que voltarão à vida na segunda ressurreição (ver uma discussão sobre os nomes "Gogue" e "Magogue" e a aplicação desses símbolos tanto na profecia do AT quanto nesta passagem no com. de Ez 38:1,2).
B. Para a peleja: Evidências textuais (ef. p. xvi) favorecem esta variante. O artigo definido dá ênfase a uma batalha em particular, o último conflito entre Deus e os que se rebelam contra Ele (ver GC, 663-665).
C. Areia do mar: Isto é, impossível de calcular (cf. Gn 22:17). Esta hoste é formada por todos os perdidos desde a fundação do mundo.
9 Marcharam, então, pela superfície da terra e cercaram "sitiaram" o acampamento dos santos e a cidade amada "querida". Porém, desceu fogo do céu e os consumiu.
A. Superfície da terra: Comparar com expressão semelhante em Hb 1:6.Os ímpios liderados por Satanás, marcham em direção ao acampamento dos justos.
B. Sitiaram: Isto é, "rodearam".
C. Acampamento: Do gr. parembole, palavra composta por para, "ao lado", e ballo "colocar", "pôr", "lançar". Parembole é usada para se referir às barracas ou às fortalezas militares (At 21:34, 37), a um exército em ordem para a batalha (Hb 11:34) e a um acampamento de civis (Hb 13:11,13).Nesta passagem, parembole descreve a nova Jerusalém.
D. E a cidade querida: Ou, "até mesmo a cidade querida". Esta cidade é a nova Jerusalém (Ap 21:10). Alguns eruditos fazem distinção entre o acampamento e a cidade. Fica claro, porém, que os santos se encontram dentro da cidade durante o cerco (ver PE, 292,293), O fato de a "cidade querida" ser sitiada demonstra claramente que ela desceu, embora tal processo só seja relatado em Apocalipse 21:1, 9 e 10. Um dos acontecimentos significativos após o fim do milênio é a descida de Cristo, dos santos e da cidade santa. A narrativa é contada de forma extremamente concisa, mas a sequência dos eventos se torna evidente quando todo o contexto é analisado.
E. Fogo: Sem dúvida, esta é uma referência ao fogo literal como instrumento de destruição.
F. Consumiu: Literalmente, “devorou”. A forma verbal no grego denota ação concluída. Os ímpios são aniquilados. Eles sofrem a “segunda morte” (ver com.do v. 6).Não há nenhum indício aqui de tortura sem fim em um inferno que queimará para sempre (cf.Jd 7).
10 O diabo, que os tinha enganado, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde já se encontram a besta e o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, para todo o sempre "pelos séculos dos séculos."
A. Lago de fogo: Ver com. de Ap 19:20.Aqui o lago de fogo corresponde à superfície da Terra, que se transforma em um mar de chamas que tanto consome os ímpios quanto purifica o planeta.
B. Se encontram: Estas palavras são acrescentadas. O contexto sugere a inclusão de “foram lançados” (ver com. de Ap 19:20).
C. Serão atormentados: O verbo grego se encontra no plural. O sujeito do verbo é o diabo, a besta e o falso profeta. É importante observar que a besta e o falso profeta não são criaturas literais, mas simbólicas.
D. Pelos séculos dos séculos: Literalmente, “até as eras das eras” (ver com. de Ap 14:11).
11 Vi um grande trono branco e aquele que está sentado nele. A terra e o céu fugiram da presença dele, e não se achou lugar para eles.
A. Trono: Símbolo de autoridade. Neste caso, autoridade para efetuar um julgamento. O trono é “branco”, sugerindo pureza e justiça das decisões. Ele também é chamado de "grande”, talvez em referência à importância das decisões ali tomadas.
B. Aquele que nele se assenta: A identidade da pessoa assentada no trono não é mencionada, a menos que a expressão “diante de Deus”(v. 12,ACF) a revele. Contudo, evidências textuais (cf.p.xvi) comprovam a variante adotada pela ARA, “diante do trono", em lugar de “diante de Deus". Logo, a identidade permanece incerta.
    As Escrituras apresentam tanto Cristo (Rm 14:10) quanto o Pai (Hb 12:23) assenta-Se assenta no trono, como o juiz divino. Os dois trabalham na mais íntima união (ver com. de Jo 10:30). Os atos oficiais de um se transformam nos do outro. Sem dúvida, aqui é Cristo quem conduz o processo de julgamento (ver GC, 666).
C. Fugiram: Um indício do poder absoluto daquele que Se assenta sobre o trono e da existência transitória deste mundo (Sl 102:25, 26; 104:29,30;Is 51:6;Mc 13:31; 2Pe 3:10). A ordem eterna das coisas será de natureza completamente nova (Ap 21:1-5).
12 Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, que estavam em pé diante do trono. Então foram abertos livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que estava escrito nos livros.
A. Os mortos: Referência clara àqueles que ressuscitam na segunda ressurreição (ver com. dos v.5,7).
B. Os grandes e os pequenos: A posição na vida não influencia em nada este encontro com Deus. Muitos dos que ocupam altas posições neste mundo escapam, enquanto vivos, da retribuição adequada por seus atos de maldade. Contudo, na prestação final de contas com o Senhor, não haverá fuga da justiça completa.
C. Diante do trono: Evidências textuais (cf.p.xvi) comprovam esta variante (ver com.do v.11).
D. Livros: O grego, assim como a variante adotada pela ARA, não tem artigo definido. Estes são os livros que contêm o registro da vida dos seres humanos. Nenhuma sentença sobre os ímpios será arbitrária, parcial ou injusta (sobre a classificação desses livros, ver com. de Dn 7:10).
E. Outro livro: Isto é, “mais um livro”.
F. Livro da Vida: Ver com. de Fp 4:3; cf.com.de Lc 10:20.
G. Segundo as suas obras: Ver com. de Rm 2:6.
13 O mar entregou os mortos que nele estavam. A morte e o inferno "além" entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras.
A. Mar [...] morte e o além: Estas palavras anunciam a universalidade da segunda ressurreição subentendida no v. 12.Nenhum ser humano conseguirá evitar o comparecimento pessoal diante de Deus em Seu trono. A morte e o além são mencionados juntos em Apocalipse 1:18;6:8 (sobre uma definição de “além "ou “inferno”, ver com. de Mt 11:23).
14 Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.
A. A morte e o inferno: A morte e o inferno são personificados nesta passagem. Ao serem lançados no lago de fogo, representam o fim da morte e da morada dos mortos. Nunca terão parte na nova Terra; são fenômenos mortais que só pertencem a este mundo. A morte é o último inimigo a ser destruído (1Co 15:26,53-55).
B. Lago de fogo: Ver com. do v. 10.
C. Segunda morte: Ver com. do v.6.
15 E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo.
A. Se alguém: Somente o nome dos fiéis será mantido no Livro da Vida. O nome daqueles que não perseverarem até o fim será apagado (Ap 3:5). Muitos nunca tiveram o nome registrado ali, pois o livro só contém o nome daqueles que, em algum momento da vida, professaram a fé em Cristo (ver com. de Lc 10:20).
B. Lago de fogo: Ver com.do v.10 (comparar com Mt 25:41, 46; Ap 21:8).

Referências:
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.
Espírito de Profecia. Primeiros Escritos; Grande Conflito