1 E vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.
A. Novo: Do gr. kainos, "novo" em qualidade, em contraste com aquilo que está gasto ou manchado. As duas ocorrências de “novo” neste versículo são traduções de kainos. Neos, também traduzida por “novo” no NT (Mt 9:17; I Co 5:7; CI 3:10 etc.), se refere a novidade no tempo. Ao usar a palavra kainos, é provável que João tenha enfatizado que o novo céu e a nova terra serão criados a partir de elementos purificados do velho; por isso, serão novos em qualidade, diferentes. O novo céu e a nova terra são, portanto, uma recriação, uma formação do novo com base em elementos já existentes, não uma criação ex nihilo (comparar com 2 Pe 3:13).
B. Passaram: Isto é, no que se refere a seu estado anterior, desgastado. Aquilo que era perfeito quando saiu das mãos do Criador, que Ele chamou de "muito bom" (Gn 1:31), havia se tornado terrivelmente manchado pelo pecado e não poderia continuar ao longo da eternidade.
C. O mar já não existe: A frase diz, literalmente: “E o mar já não é mais”, isto é, o mar, da maneira que o conhecemos, não existirá na nova criação. A Alguns insistem que este "mar” simboliza povos, nações, línguas (Ap 17:15). Contudo, se esse fosse o caso, o novo céu e a nova terra seriam necessariamente simbólicos também. Nesta passagem, João simplesmente afirma que o céu, a terra e o mar não existirão mais da maneira que os conhecemos hoje (PP, 44).
2 Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada "ataviada" como uma noiva enfeitada "adornada" para o seu noivo "esposo".
A. Cidade santa: Na velha Jerusalém ficava o templo, onde Deus podia manifestar Sua presença ao povo (IRs 8:10, 11; 2Cr 5:13,14; 7:2, 3), assim como fizera junto à porta do tabernáculo do deserto (Êx 29:43-46; 40:34-38). A cidade é chamada de “santa”(Dn 9:24; Mt 27:53), mas, com o passar do tempo, a degradação espiritual do povo de Deus se tornou tão grande que Jesus chamou o templo de "covil de salteadores" (Mt 21:13) e predisse a queda da cidade (Mt 22:7; Lc 21:20). Agora Deus promete um novo tipo de Jerusalém, que João caracteriza como a “nova Jerusalém”.
B. Nova Jerusalém: Do gr. kainos, nova em tipo e qualidade (ver com. do v. 1; comparar com GI 4:26; Hb 11:10; 12:22; 13:14).
C. Descia do céu: Em visão, João contemplou a cidade enquanto ela descia (PP, 62). Do céu. Seu lugar de origem (cf. Ap 3:12;21:10).
D. Da parte de Deus: Deus é o autor, o originador e a fonte.
E. Preparada "ataviada": A forma da palavra assim traduzida sugere que o preparo da noiva havia se iniciado no passado e chegado à perfeição. Dessa forma, a cidade se encontra agora totalmente pronta (GC,645, 648).
F. Noiva enfeitada "adornada": A cidade é representada como uma noiva (ver com. de Ap 19:7). Adornada: Do gr. kosmeō, “arranjar”, deriva de kosmeō. A forma verbal no grego sugere que o processo de adornar começara no passado e havia chegado ao fim.
G. Para o seu noivo "esposo": Isto é, o Cordeiro, Cristo (Ap 19:7).
3 Então ouvi uma voz forte que vinha do trono "tabernáculo" e dizia: — Eis o tabernáculo de Deus com os seres humanos "homens". Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles e será o Deus deles.
A. Voz forte "grande voz": O interlocutor não é identificado. Presume-se que não seja Deus, pois a referência a Ele é feita em terceira pessoa.
B. Trono "tabernáculo": Do gr. skēnē, “tenda", "cabana”, “tabernáculo”. O verbo skēnoō, “armar tenda", “habitar", ocorre em Jo 1:14: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós"(ver com. ali). Essa presença visível de Deus ficava clara pela shekinah nos dias da teocracia e depois pela vinda pessoal de Jesus Cristo como membro da família humana, habitando entre os homens. A grande voz. do Céu destaca agora a maravilhosa realidade da nova criação e de Deus habitando pessoalmente com Seu povo.
C. Com os seres humanos "homens": Posteriormente, no versículo, a expressão “com eles” ocorre duas vezes. Três vezes neste versículo o apóstolo usa a preposição "com”, dando ênfase ao fato extraordinário de que Deus fará companhia aos seres humanos por toda a eternidade, fazendo morada no meio deles.
D. Deus habitará com eles: Do gr. skēnoō (ver acima no com. sobre “tabernáculo; comparar este versículo com Ez 37:27). Ezequiel descreve as condições como poderiam ter sido. João indica como elas se cumprirão.
4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima. E já não existirá mais morte, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
A. Toda lágrima: Literalmente, "cada lágrima” (ver com. de Ap 7:17; Is 25:8; 65:19).
B. Não existirá mais morte: A frase diz, literalmente, "a morte não mais será." O artigo definido é significativo. João fala sobre “a morte", o princípio da morte que veio como consequência do pecado. Aqui, o artigo definido tem a força de um demonstrativo. João afirma, na verdade: “Esta morte, que conhecemos tão bem e tanto tememos, será destruída" (comparar com as palavras de Paulo: "tragada foi a morte pela vitória", literalmente, "a morte foi engolida na vitória" (1Co 15:54]; o último inimigo a ser destruído é a morte [1Co 15:26]).
C. Já não haverá luto: As causas de lamento serão completamente removidas (comparar com Is 35:10).
D. Nem pranto: Do gr. kraugē, "brado", "clamor", "choro". Nenhum motivo de pranto existirá na bela terra do porvir.
E. Nem dor: Boa parte do sofrimento e da angústia da vida resulta da dor esmagadora. A dor será completamente banida na bela terra do porvir.
F. Porque as primeiras coisas passaram: Isto é, as circunstâncias que conhecemos hoje passarão. Não haverá nada com a marca da maldição (Ap 22:3).
5 E aquele que estava sentado "assentado" no trono disse: — Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: — Escreva, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
A. E aquele que estava sentado "assentado" no trono: Ele não é identificado (ver com. de Ap 20:11). Em Apocalipse 4:2, o Pai é representado assentado no trono, e o mesmo se pode subentender neste verso. Alguns apontam para Mateus 25:31 como evidência de que a referência pode ser a Jesus Cristo.
B. Eis que faço: Algo importante prestes a ser revelado.
C. Novas: Do gr. kainoi (ver com. v 1).
D. Todas as coisas: Nada de maldição permanecerá (Ap 22:3).
E. Escreva "escreve; registra": Ver com. de Ap 1:11. Em momentos diferentes da experiência de João em visão, ele recebe a ordem de escrever (Ap 1:19; 2:1; 14:13).
G. Fiéis e verdadeiras: Isto é, genuínas e confiáveis. As palavras e promessas de Deus são totalmente confiáveis. Por isso, é possível se valer delas (ver Ap 22:6).
6 Disse-me ainda: — Tudo está feito! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.
A. Tudo está feito: Ou, "tudo aconteceu". Evidências textuais apoiam a variante "eles aconteceram" ou "eles ocorreram." Também há importantes evidências textuais para a variante "Eu Me tornei o Alfa e o Ômega." O que Deus havia prometido por intermédio dos Seus santos profetas e que Seu povo justo aguardava com tanta expectativa finalmente se transforma em fato consumado. A prévia mostrada a João é a garantia da realização final que ainda está por ocorrer.
B. Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim: Ver com.de Ap 1:8).
C. Quem tem sede: O cristão verdadeiro não fica ansioso para acumular as coisas deste munda. ser rico em bens materiais. Em vez disso, mal vê a hora de beber profundamente das riquezas espirituais de Deus.
D. Darei de graça: O dom da imortalidade pode ser comprado "sem dinheiro e sem preço" (Is 55:1).
E. Fonte Ou "nascente": Comparar com Jo 4:14; Ap 7:17;22:17).
E. Da água da vida: A passagem pode ser traduzida por: "da nascente daquela água que é vida em si mesma". Trata-se da promessa da imortalidade (ICo 15:53).
7 O vencedor herdará estas coisas, e eu serei o Deus dele e ele será o meu filho.
A. O vencedor: De acordo com o grego conquistadores contínuos ou habituais. O cristão tem uma vida vitoriosa pelo poder do Espírito Santo. Ele pode cometer erros (ver com. de 1Jo 2:1), mas sua vida normal apresenta uma imagem de crescimento espiritual (Ap 2:7, 11, 17, 26; 3:5,12,21).
B. Estas coisas: Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam esta variante, numa referência às promessas feitas no Apocalipse, sobretudo as mencionadas neste capítulo.
C. Eu lhe serei Deus, e ele Me será filho: Eu lhe serei Deus, e ele Me será filho. Comparar com Gn 17:7; 2Sm 7:14. A promessa de uma conexão familiar íntima é expressa aqui. O pecador salvo pela graça será recebido na família de Deus e conduzido a uma relação tão próxima quanto se nunca tivesse pecado. Os habitantes dos mundos não caídos não terão proximidade maior com Deus e Cristo do que o pecador redimido (DTN, 25, 26).
8 Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos imorais "impuros", aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que está queimando com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.
A. Porém: Porém é apresentado um forte contraste.
B. Covardes: Do gr. deloi, “covardes” “medrosos. A palavra sempre é usada no mal sentido de covardia, de timidez sem motivos (comparar com o uso do termo em Mt 8:26; Mc 4:40; Jo 14:24; 2Tm 1:7). Em cada um dos casos, a covardia é o significado básico. Por causa da covardia, da fraqueza moral, muitos deixam de vencer a batalha cristã, desistem no tempo da prova (comparar com Mt 24:13).
C. Incrédulos: Aqueles que não tem fé, no sentido de não permanecerem fiéis. Eles não confiam em Deus até o fim e, por isso, demonstram ser indignos de confiança.
D. Abomináveis: Do gr. bdelusso, “violar”, “afastar-se com nojo”, “detestar”, termo ligado ao verbo bdeo “feder”.
E. Assassinos/homicidas: Neste grupo “inclui os perseguidores e assassinos do fiel povo de Deus ao longo da história.”
"Não matarás." Êx 20:13. “Todos os atos de injustiça que tendem a abreviar a vida; o espírito de ódio e vingança, ou a condescendência de qualquer paixão que leve a atos ofensivos a outrem, ou nos faça mesmo desejar-lhe mal (pois "qualquer que aborrece seu irmão é homicida"); uma negligência egoísta de cuidar dos necessitados e sofredores; toda a condescendência própria ou desnecessária privação, ou trabalho excessivo com a tendência de prejudicar a saúde - todas estas coisas são, em maior ou menor grau, violação do sexto mandamento.” (Patriarcas e Profetas, 308).
F. Impuros/imoralidade sexual: Do gr. pornoi, “imorais, fornicadores, meretrizes, adúlteros” (avarentos, roubadores e idólatras 1Co 5:9,10).
"Não adulterarás." Êx 20:14. “Este mandamento proíbe não somente atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais, ou qualquer prática com a tendência de os excitar. A pureza é exigida não somente na vida exterior, mas nos intuitos e emoções secretos do coração. Cristo, que ensinou os deveres impostos pela lei de Deus, em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento ou olhar tão verdadeiramente pecado como o é o ato ilícito.” (Patriarcas e Profetas, 308).
"Não furtarás." Êx 20:15. “Tanto pecados públicos como particulares são incluídos nesta proibição. O oitavo mandamento condena o furto de homens e tráfico de escravos, e proíbe a guerra de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade nos mínimos detalhes dos negócios da vida. Veda o engano no comércio, e requer o pagamento de débitos e salários justos. Declara que toda a tentativa de obter-se vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outrem, é registrada como fraude nos livros do Céu.” (Patriarcas e Profetas, 308).
G. Feiticeiros: Do gr. pharmakoi, “praticantes de magia”. O radical se refere basicamente à magia, ao encantamento, à feitiçaria e ao uso de substâncias químicas para produzir sensação de entorpecimento. Um equivalente moderno da antiga prática da feitiçaria é o espiritismo.”
H. Idólatras: Referência aos povos pagãos, bem como aos cristãos que praticam rituais de origem pagã (1Co 5:10; 6:9; 10:7).
"Não terás outros deuses diante de Mim." Êx 20:3. “Jeová, o Ser eterno, existente por Si mesmo, incriado, sendo o originador e mantenedor de todas as coisas, é o único que tem direito a reverência e culto supremos. Proíbe-se ao homem conferir a qualquer outro objeto o primeiro lugar nas suas afeições ou serviço. O que quer que acariciemos que tenda a diminuir nosso amor para com Deus, ou se incompatibilize com o culto a Ele devido, disso fazemos um deus.” (Patriarcas e Profetas, 305).
"Não farás para ti imagem de escultura.” “O segundo mandamento proíbe o culto ao verdadeiro Deus por meio de imagens ou semelhanças. Muitas nações gentílicas pretendiam que suas imagens eram meras figuras ou símbolos pelos quais adoravam a Divindade; mas Deus declarou que tal culto é pecado. A tentativa de representar o Eterno por meio de objetos materiais, rebaixaria a concepção do homem acerca de Deus. A mente, desviada da perfeição infinita de Jeová, seria atraída para a criatura em vez de o ser para o Criador. E, rebaixando-se suas concepções acerca de Deus, semelhantemente degradar-se-ia o homem.”
Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso." A íntima e sagrada relação de Deus para com Seu povo é representada sob a figura do casamento. Sendo a idolatria o adultério espiritual.” (Patriarcas e Profetas, 306)
I. Mentirosos: Ver Ap 22:15; Pv 6:16-19. Inclusive os pregam falsas doutrinas (Êx. 20:16; PP, 309).
"Não dirás falso testemunho contra o teu próximo." Êx 20:16. “Aqui se inclui todo o falar que seja falso a respeito de qualquer assunto, toda a tentativa ou intuito de enganar nosso próximo. A intenção de enganar é o que constitui a falsidade. Por um relance de olhos, por um movimento da mão, uma expressão do rosto, pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras. Todo o exagero intencional, toda a sugestão ou insinuação calculada a transmitir uma impressão errônea ou desproporcionada, mesmo a declaração de fatos feita de tal maneira que iluda, é falsidade. Este preceito proíbe todo esforço no sentido de prejudicar a reputação de nosso próximo, pela difamação ou suspeitas ruins, pela calúnia ou intrigas. Mesmo a supressão intencional da verdade, pela qual pode resultar o agravo a outrem, é uma violação do nono mandamento.” (Patriarcas e Profetas, 309)
Segunda morte: Ver com. de Ap 20:6
9 Então veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: — Venha, vou mostrar-lhe a noiva, a esposa do Cordeiro.
A. Um dos sete anjos: Um dos anjos que trouxeram flagelos já havia mostrado a João o julgamento da grande meretriz (ver Ap 17:1). Agora, um deles (possivelmente o mesmo anjo, conforme sugerem alguns) dirige a atenção de João para a nova Jerusalém, o centro e a sede do reino eterno. É interessante notar que, no primeiro caso, foi um dos anjos responsáveis por um dos flagelos que apresentou a Babilônia mística para o profeta. É um deles que lhe mostra a nova Jerusalém. Historicamente, Babilônia antiga e Jerusalém foram inimigos tradicionais e, em sentido figurado, representam os dois lados do grande conflito entre o bem e o mal. Uma é retratada como uma mulher dissoluta (Ap 17:5), e a outra, como uma mulher pura (Ap 19:7; 21:2).
B. Esposa do cordeiro: A esposa do Cordeiro. Ver com. de Ap 19:7; cf.21:2.
10 E ele me levou, no "em" Espírito, a uma grande e elevada "grande" montanha e me mostrou a cidade santa, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
A. Em espírito: Ou seja, em transe, em visão (ver com. de Ap 1:10). O transporte ocorreu “em visões” (cf. com. de Ez 8:3;Dn 8:2).
Descia. Comparar com o v. 2.
B. Até a grande montanha: Até a uma grande. Parece que, em visão, João foi colocado em uma “grande”, ou seja, alta montanha. Daquela perspectiva, ele contemplou os detalhes da cidade (cf. com. de Ez 40:2).
C. Descia do céu: Comparar com o v. 2.
11 a qual tem a glória de Deus. O seu brilho "fulgor" era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina.
A. Glória de Deus: A expressão provavelmente se refere à presença de Deus com Seu povo ao longo da eternidade. A glória que denota Sua presença nunca deixará a Nova Jerusalém (comparar com Êx 40:34; IRs 8:11).
B. Brilho "fulgor": Do gr. phōstēr, “luminar”, “corpo que emite luz”. A palavra ocorre em Filipenses 2:15 na frase “na qual resplandeceis como luzeiros [luminares] no mundo”. A “lâmpada” da cidade é a “glória” de Deus, mencionada no comentário anterior (ver Ap 21:23).
C. Pedra de jaspe: Do gr. iaspis (ver com. de Ap 4:3). A passagem diz, literalmente: “tendo a glória de Deus, seu luminar, como a pedra mais preciosa, como o jaspe, resplandecendo”.
D. Cristalina: Do gr. krustallizō, “irradiar luz", "cintilar". A palavra "cristal”, em língua portuguesa, deriva de krustallizō.
12 Tinha uma muralha grande e alta, com doze portões "portas", e, junto aos portões, doze anjos. Sobre os portões estavam escritos nomes, a saber, os nomes das doze tribos dos filhos de Israel.
A. Muralha grande e alta: Muralhas eram construídas em volta das cidades antigas para protegê-las dos inimigos. As imagens usadas por João foram emprestadas, em parte, da descrição da cidade que Ezequiel viu (ver com. de Ez 48:35).A figura lembra uma cidade antiga com muralhas e portas. Eram termos com os quais o apóstolo estava familiarizado e foram escolhidos pela Inspiração para revelar as glórias da cidade eterna em termos que ele conseguiria entender. A linguagem e as descrições humanas não são capazes de representar adequadamente a grandeza da cidade celestial. Em profecias imagéticas, o grau de identificação entre a figura e o real exige interpretação cuidadosa (ver com. de Ez 1:10;40:1).
B. Doze portas: Comparar com a cidade descrita por Ezequiel (Ap 48:31-34).
C. Doze anjos: A nova Jerusalém é retratada com porteiros angelicais.
D. Doze tribos: Ver Ez 48:31-34 (sobre a imagem do Israel espiritual representado pelas tribos, ver com. de Ap 7:4).
13 Três portões se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste.
A. Três portões se achavam a leste: A enumeração de Ezequiel se encontra na ordem norte, leste, sul, oeste (Ez 48:31-34).Já a ordem de João é leste, norte, sul, oeste. A diferença não tem significado especial.
14 A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e sobre estes estavam os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.
A. Doze fundamentos: O número “doze” é mencionado cinco vezes nos v. 12 a 14 (sobre seu significado, ver com. de Ap 7:4).
B. Doze apóstolos: A igreja do NT foi construída sobre o alicerce dos apóstolos e profetas(Ef 2:20).
15 Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, os seus portões e a sua muralha.
A. Vara: Comparar com Ez 40:3; Ap I1:1.Aqui o ato de medir e falar as medidas dá certeza da adequação e suficiência do lar celestial (ver com. de Jo 14:2).
16 A cidade tinha a forma de um quadrado "quadrangular", de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara, e tinha doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais.
A. Quadrado "quadrangular": Há beleza inerente na proporção correta, no equilíbrio perfeito e na congruência (ver vários itens quadrados em Éx 27:1;28:16;30:2;39:9;2Cr 3:8;Ez 41:21;43:16;45:2;48:20).
B. Doze mil estádios: Um estádio (sta-dion) tem cerca de 185 metros (ver vol.5,p. 38). Logo, doze mil estádios seriam equivalentes a cerca de 2.218 quilômetros. O texto não informa se esta é a medida do perímetro ou de um lado. Se for a primeira opção, cada lado da cidade terá por volta de 551 quilômetros (sobre o costume de medir a cidade pelo perímetro, ver a Carta de Aristeias, 105). É importante notar que stadion não equivale ao comprimento de um estádio atual.
C. Iguais: Já foram feitas várias tentativas de explicar as dimensões da cidade. É difícil visualizar uma cidade com doze mil (ou três mil) estádios de altura (ver acima no com. sobre "doze mil estádios"). Alguns, embora não neguem que a cidade seja real, creem que as medidas fornecidas aqui, assim como as das muralhas, sejam uma "medida |...]de anjo” (ver com. do v. 17). Defendem que, por isso, é improvável que haja a intenção de se referir a dimensões humanas. Outros apontam para a semelhança entre o tamanho da cidade descrita aqui e a vislumbrada pelos judeus. Este assunto é abordado da seguinte forma na Midrash: "Qual é o tamanho, a largura e a altura [de Jerusalém]? Ela cresceu e se expandiu para cima (Ez 41:7).Tem-se ensinado, R. Eliezer b. Jaaqob disse: Jerusalém subirá até atingir o trono da glória e dirá a Deus: 'Mui estreito é para mim este lugar; dá-me espaço em que eu habite' (Is 49:20)” (Pesiqtha, 143a, citado por Strack e Billerbeck, Kommentar zum Neuen Testament,vol. 3,p.849).
Outros ainda atribuem à palavra aqui traduzida por “iguais" (isos) o sentido de "proporção”. Por isso, acreditam que embora a largura e o comprimento possam ser iguais, a altura será proporcional às outras dimensões. Isso é possível, mas é difícil demonstrar tal definição com base em fontes bíblicas ou clássicas. Outra interpretação permite que isos mantenha seu significado normal, mas observa que a palavra traduzida por altura (hupsos) também pode significar “a parte alta", "o topo", "o cume", "a coroa". Se estaria dizendo que a distância ao redor da parte de cima das muralhas é a mesma da parte de baixo.
Por mais incerta que seja a proporção exata ou o tamanho da cidade celestial, é certo que suas glórias excederão em muito nossa mais ousada imaginação. Ninguém precisa se preocupar, pois haverá espaço suficiente para todos que desejarem morar ali. Na casa do Pai, há “muitas moradas”(Jo 14:2).
17 Mediu também a sua muralha, e tinha cento e quarenta e quatro côvados, pela medida humana que o anjo usava.
A. Mediu também a sua muralha: Com base no côvado do NT, com cerca de 44,5 cm (ver vol. 5, p. 38), 144 côvados corresponderiam a 64 metros. João não diz que esta medida equivale à altura da muralha. Alguns conjecturam que pode se tratar de sua largura.
B. De anjo: No grego, assim como na versão portuguesa, não há artigo definido antes da palavra “anjo”. A passagem diz: “de um homem, a saber, de um anjo". O significado é um tanto quanto enigmático. Por causa disso, alguns insistem que não deveríamos ser dogmáticos em aplicar padrões puramente humanos às medidas da nova Jerusalém. Quaisquer que sejam as dimensões, podemos ter a certeza de que tudo será perfeito. Os santos entenderão o significado das figuras usadas por João quando virem a cidade.
18 A muralha "estrutura" é feita de jaspe e a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido.
A. Estrutura: Do gr.endomēsis, "construção interna", de dōmaō, “construir”. A palavra só aparece aqui em todo o AT. Josefo (Antiguidades,xv.9.6) a usa para se referir a um dique, parede construída no mar que fica inserida na água. Aqui, endomēsis pode se referir a uma inserção na muralha, como se esta fosse incrustrada de jaspes.
B. Jaspe: Ver com. de Ap 4:3.
C. Ouro puro: Parece que a estrutura da cidade tem a transparência do vidro. Sua beleza resplendente muda com cada raio de luz que incide sobre ela.
19 Os alicerces da muralha da cidade estão enfeitados "adornados" de todo tipo de pedras preciosas. O primeiro alicerce é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda;
A. Enfeitados "adornados": Do gr. kosmeō, "adornar" (ver com.do v.2).
B. Pedras preciosas: São listados doze tipos de pedras preciosas no alicerce. Nem todas podem ser identificadas pelo joalheiro moderno, nem há muito proveito em fazer uma comparação entre elas e as pedras no peitoral do sumo sacerdote (Êx 28:17-20). Nem fontes antigas, nem eruditos modernos estão de acordo quanto à identificação de todas as pedras. Algumas sugestões foram mencionadas abaixo, junto com as respectivas pedras.
C. Jaspe: Ver com. de Ap 4:3.
D. Safira: Talvez o lápis-lazúli, pedra transparente ou translúcida de cor azul-celeste e de grande dureza.
E. Calcedônia: A identificação desta pedra é incerta. A NTLH traduz por “ágata". Alguns sugerem que se trata de uma pedra preciosa de coloração esverdeada.
F. Esmeralda: Acredita-se ser uma pedra preciosa de coloração verde intensa.
20 o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o décimo primeiro, de jacinto; e o décimo segundo, de ametista
A. Sardônio: Talvez o ônix com camadas vermelhas e marrons e fundo branco.
B. Sárdio: Acredita-se que se trate de uma pedra preciosa de cor avermelhada. A BJ traz "cornalina", variedade avermelhada da calcedônia.
C. Crisólito: Literalmente, “pedra dourada". Pedra de cor amarelada e identificação incerta.
D. Berilo: Acredita-se que seja uma pedra preciosa verde-mar.
E. Topázio: Acredita-se que corresponda a uma pedra amarela mais ou menos transparente usada pelos antigos para fazer selos e gemas. Alguns pensam que a referência seja ao crisólito dourado.
F. Crisópraso: Esta é uma pedra preciosa transparente, verde-clara. Há um pouco de incerteza se esta é a pedra à qual se faz referência.
F. Jacinto: É provável que seja uma pedra preciosa roxa. Alguns identificam o jacinto com a safira.
G. Ametista: Acredita-se que corresponda a uma pedra preciosa roxa.
21 Os doze portões são doze pérolas, e cada um desses portões é feito de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente.
A. Uma só pérola: O tamanho das pedras preciosas citadas vai além da compreensão humana.
22 Não vi nenhum santuário na cidade, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.
A. Santuário: Do gr. naos, termo para santuário que designa somente os lugares santo e santíssimo, sem incluir os átrios externos e outras construções (sobre hieron, a palavra que se refere a todo o complexo sagrado, ver com. de Lc 2:46; Ap 3:12).
O santuário terrestre simboliza a morada de Deus. Por causa do pecado, Adão e Eva foram expulsos do Éden e da presença divina. Quando o pecado for removido, a igreja poderá habitar novamente em Sua presença e não será necessária nenhuma estrutura para representar a morada do Senhor.
23 A cidade não precisa do sol nem da lua para lhe dar claridade, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada.
A. A cidade não precisa do sol nem da lua: Os luminares não serão obrigatórios para iluminar a cidade. O brilho glorioso da presença de Deus proporcionará luz mais do que suficiente (Is 60:19, 20). As coisas materiais não são indispensáveis no plano de Deus; em Sua presença, elas se envergonham (Is 24:23). A luz criada não consegue superar a glória não criada da presença divina.
24 As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória.
A. As nações andarão mediante a sua luz: Uma descrição dos remidos “de todas as nações, tribos, povos e línguas"(Ap 7:9; Is 60:3,5).
B. Reis: A imagem é extraída do AT (ver Is 60:11).
25 Os seus portões jamais se fecharão de dia, pois nela não haverá noite.
A. Não haverá noite: Sem dúvida, por causa das circunstâncias mencionadas no v.23 (com. de Zc 14:7).
26 E lhe trarão a glória e a honra das nações.
A. Honra das nações: Comparar com o v. 24.
27 Nela não entrará nada que seja impuro "contaminada", nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.
A. Coisa alguma "nada que seja" impuro "contaminada": Uma clara alusão a Isaías 52:1. Boa parte das imagens usadas por João ao descrever a cidade santa foi extraída dos escritos dos profetas antigos, que descreveram como poderia ser a glória de Jerusalém. João caracteriza a cidade que será (ver com. de Ez 48:35).
B. Pratica abominação e mentira: Ver com. do v. 8.
C. Livro da vida do Cordeiro: Ver com. de Fp 4:3.
Referências:
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.
Espírito de Profecia. Primeiros Escritos; Grande Conflito