1 Olhei, e eis que o Cordeiro estava em pé sobre o monte Sião. Com ele estavam cento e quarenta e quatro mil, que tinham escrito na testa (fronte) o nome do Cordeiro e o nome de seu Pai.
A. Olhei: Ou, “eu vi”.
B. O Cordeiro: Se o artigo definido for aceito, a referência seria ao Cordeiro mencionado de Apocalipse 5:6 (ver com. ali; sobre o uso do artigo para se referir a símbolos proféticos já apresentados, ver com. de Dn 7:13; cf. com. de Ap 1:13).
C. Monte Sião: Ver com. de SI 48:2. O cap. 14 dá sequência ao tema anterior. Os 144 mil são retratados (Ap 14:1-5) com o Cordeiro no monte Sião, para indicar seu triunfo sobre a besta e sua imagem (Ap 13:11-18). Anteriormente, João os vira sofrendo a prova mais severa, sendo excluídos e condenados, como se dignos de morte. Mas, na hora mais sombria, eles foram livrados e, assim, estão com o Cordeiro em segurança.
D. Cento e quarenta e quatro mil: Sobre a identidade deste grupo, ver com. de Ap 7:4.
E. Na testa ou fronte: A marca da besta também é sobre a fronte (ver com. de Ap 13:16).
F. O Seu nome e o nome de Seu Pai: Os 144 mil recebem um selo “na fronte"(Ap 7:3). Portanto, há uma relação direta entre o selo e o nome divino. O selo que João viu tinha o nome do Pai e do Filho. Os selos antigos continham o nome daquele que o autenticava (ver exemplos de inscrições nesses selos, no com. de Ap 7:2). Aplicados aos 144 mil, os nomes representam: propriedade, os 144 mil pertencem a Deus; e caráter, os 144 mil refletem plenamente a imagem de Jesus. Por sua vez, a marca e o nome da besta estão também associados (Ap 13:17).
2 Ouvi uma voz do céu como som (som) de muitas águas, como som de um forte trovão. A voz que ouvi era como de harpistas quando tocam as suas harpas.
A. Ouvi uma voz: Ou, "ouvi um som". Alguns entendem que os harpistas e os cantores mencionados aqui não são os 144 mil, mas os anjos, os quais cantam uma mensagem que somente os 144 mil são capazes de entender. No entanto, os 144 mil são retratados com harpas, cantando (Ap 15:2, 3). Por isso, pode ser que seja aos 144 mil que se faz alusão aqui.
B. Voz (som) de muitas águas: Ou, “som de muitas águas” (ver com. de Ap 1:15).
C. Voz de grande trovão: Ou, “som de grande trovão”. O trovão é associado à presença divina (ver Jó 37:4; Sl 29; Ap 4:5; 6:1).
D. Voz [...] de harpistas: O som que João ouviu era semelhante ao de harpistas. Ele não deve ter visto os instrumentos sendo tocados, por isso é cauteloso ao fazer a identificação.
3 Entoavam um cântico novo diante do trono, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos. E ninguém podia aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra.
A. Entoavam: Literalmente, "entoa". A narrativa é feita em tom dramático, no tempo presente (ver com. de Ap 3:11).
B. Trono: O trono já fora descrito anteriormente (Ap 4:2).
C. Diante dos quatro seres viventes: Ver com. de Ap 4:6.
D. Anciãos: Ver com. de Ap 4:4.
E. Ninguém pôde aprender: A experiência é de natureza tão pessoal que somente aqueles que passam por ela são capazes de apreciar seu significado. Para eles, o cântico é uma síntese abrangente das experiências que vivenciaram nas etapas finais do grande conflito.
4 Estes são os que não se macularam com mulheres, porque são virgens (castos). Eles seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá. São os que foram comprados (redimidos) dentre todos os seres humanos, primícias para Deus e para o Cordeiro;
A. Macularam: Do gr.molunō,“manchar”, “sujar” coisas como a consciência (1Co 8:7) ou roupas (Ap 3:4). A referência, neste caso, é figurada e trata da mácula trazida por relações ilícitas. O tempo verbal do grego se refere à ação de um ponto ou período específico, certamente o momento em que a união dos elementos religiosos, simbolizados por “mulheres”, exercerá forte pressão sobre os santos, a fim de que renunciem a lealdade a Deus e a Seus mandamentos, para se unir à besta (ver com. de Ap 16:14; 17:2, 6). Qualquer concessão implicaria uma mácula. Então, em pé vitoriosos sobre o monte Sião, os santos são elogiados por sua fidelidade.
B. Mulheres: A figura da mulher é usada com frequência nas Escrituras para representar a igreja. Uma mulher pura simboliza a igreja verdadeira, e uma mulher imoral, a igreja apóstata (ver com. de Ap 12:1). A igreja de Roma e várias igrejas apóstatas que seguem seus passos são simbolizadas por uma mulher impura e suas filhas(ver com. Ap 17:1-5). Sem dúvida, é a essas igrejas que o profeta se refere aqui.
C. Castos: Do gr.parthenoi, termo usado tanto para homens quanto para mulheres; neste caso, aplica-se a homens. O texto grego deixa isso claro, bem como o fato de eles não se macularem com “mulheres”. Uma vez que toda a passagem é metafórica, a castidade literal, masculina ou feminina, não é o assunto em questão. Caso fosse, este versículo estaria em contradição a outros que defendem o casamento e a relação conjugal (ver com. de 1Co 7:1-5). Os santos são chamados de castos, por não terem se relacionado com a Babilônia (ver com. de Ap 18:4). Eles recusaram qualquer ligação com Babilônia e suas filhas quando estas se tornaram agentes de Satanás em seu esforço final para erradicar os santos (ver com. de Ap 13:15).Eles não foram maculados por se associarem a esta união de elementos religiosos agrupados por Satanás, embora talvez houvessem pertencido, no passado, a um dos vários grupos então amalgamados.
D. Seguidores do Cordeiro: Esta expressão parece apontar para algum privilégio especial dos 144 mil. Os detalhes desse privilégio não são revelados; portanto, só é possível fazer conjecturas a respeito (comparar com Ap 7:14-17).
E. Redimidos dentre: Ver com. do v.3.
F. Primícias: Do gr. aparchē, "primeiros frutos”, relacionado ao verbo aparchomai, “fazer um começo [em sacrifício]",“oferecer os primeiros frutos". Os israelitas antigos ofereciam as primícias ao Senhor, tanto individual (Dt 26:1-11) quanto nacionalmente (Lv 23:10, 17). A oferta dos primeiros frutos era um reconhecimento da bondade de Deus manifesta na colheita. A oferta nacional também tinha importância como tipo (ver com. de 1Co 15:20).
Aplicado aos 144 mil, o termo “primícias" pode ser entendido de duas maneiras:
1. Como a primeira parte da grande colheita. Os 144 mil são os vencedores no grande conflito contra a besta e sua imagem (ver com. de Ap 14:1). Foram livrados na batalha e, por isso, se encontram seguros diante do trono de Deus. “Estes, tendo sido trasladados da Terra, dentre os vivos, são tidos como as primícias para Deus e para o Cordeiro" (GC, 649).
2. Com o simples "presente" ou "oferta". Aparchē é a tradução mais frequente do heb. terumah,"contribuição "ou "oferta". O termo terumah é usado para se referir à contribuição dos filhos de Israel para a construção do santuário (Êx 25:2,3). Com frequência, terumah descreve a "oferta movida" (ver Nm 5:9), Inscrições antigas mostram que aparche costumava ser usado para designar um "presente" a um deusa, sem qualquer referencia ao tempo. Quando aparche traduz terumah, também não há referência ao tempo.
Portanto, os 144 mil podem ser considerados como as "primícias" tanto no sentido de fazer parte de uma colheita maior como de ser um presente ou oferta a Deus.
5 e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula.
A. Não se achou: A forma verbal do grego sugere que um ponto específico do tempo está em foco aqui. A partir de então, a investigação mostra que os 144 mil não têm mácula. Isso não significa que nunca erraram, mas que, pela graça de Deus, superaram todo defeito de caráter.
B. Mentira: Do gr. dolos, "engano", "sutileza", “fraude", “logro". O evangelho de Jesus Cristo transforma o pecador errante em alguém sem falsidade, engano e pecado.
C. Não têm mácula: Do gr. amōmos, "sem defeito", “irrepreensível" (ver com. de Ef 1:4).
6 Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que habitam na terra, e a cada nação, tribo, língua e povo,
A. Vi: Aqui se inicia uma nova cena. Cronologicamente, os acontecimentos representados nesta visão precedem os retratados na visão dos v. 1 a 5.
B. Outro: Do grego allos, outro do mesmo tipo. Muitos anjos já foram mencionados (Ap 1:1, 20; 5:2; 7:1,etc.), portanto a designação “outro” não é necessária.
C. Anjo: O anjo simboliza os santos de Deus envolvidos na tarefa de proclamar o evangelho eterno, especialmente as verdades mencionadas neste versículo, num momento em que a hora do juízo “é chegada” (v. 7). Também é verdade que anjos ajudam os seres humanos na tarefa de proclamar o evangelho, mas esta não é a ideia predominante aqui.
D. Meio do céu: Ver Ap 8:13. A região de voo revela a extensão global do trabalho e da mensagem do anjo. A obra cresce e se desenvolve até ser vista e ouvida por toda a humanidade.
E. Evangelho: Do gr.euaggelion (ver com. de Mc 1:1).
F. Eterno: Do gr. aiōnios (ver com. de Mt 25:41). As Escrituras se referem ao evangelho da glória (2Co 4:4; ITm 1:11), mas somente aqui a palavra “eterno" é usada como adjetivo do evangelho da graça divina. Só há um evangelho para a salvação dos seres humanos. Ele continua enquanto há pessoas para ser salvas.
G. Pregar: Do gr. euaggelizö, "proclamar boas-novas", forma verbal ligada a euaggelion (comparar com o uso de euaggelizō, em Rm 1:15; 10:15).
H. Aos que se assentam sobre a terra: Conforme indicam as expressões seguintes, tem-se em mente aqui a proclamação mundial do evangelho.
I. Cada nação: A universalidade da mensagem é enfatizada por esta expressão e pelas seguintes.
J. Tribo: Ou, "clã”.
7 dizendo com voz forte (grande voz): — Temam a Deus e deem glória a ele, pois é chegada a hora em que ele vai julgar. E adorem aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas.
A. Grande voz: As mensagens do primeiro e do terceiro anjos são proclamadas em “grande voz” (v. 9). Isto indica que a mensagem será proclamada de modo que todos ouçam. A expressão também enfatiza a importância da mensagem.
B. Temei: Do gr.phobeō, “temer", "reverenciar". Phobeō é usado aqui não no sentido de ter medo de Deus, mas de se achegar a Ele com reverência e respeito. Comunica a ideia de lealdade absoluta ao Senhor, de rendição total a Sua vontade (ver com. de Dt 4:10).
C. Deus: O apelo para temer a Deus é feito na hora crucial, quando as pessoas estão adorando os deuses do materialismo, do prazer e muitos outros criados por elas mesmas.
D. Glória: Do gr. doxa (ver com. de Rm 3:23). O termo doxa aqui significa “honra", “louvor", "homenagem" (comparar com SI 115:1; Is 42:12; 2Pe 3:18; Jd 25).
E. É chegada: Ou, "chegou".
F. Hora: Ou, "tempo", não uma hora literal (comparar com o uso do termo em Jo 4:21,23; 5:25,28; Ap 14:15).Pensando desta forma, é possível entender que a expressão "hora do Seu juízo” se refere ao período geral em que o julgamento ocorrerá, não necessariamente ao momento específico de seu início. Logo, é possível dizer que a primeira mensagem angélica começa a ser proclamada nos anos anteriores a 1844, embora esse juízo ainda não houvesse começado.
G. Juízo: Do gr. krisis, “ato de julgar", em contraste com krima, “sentença do julgamento” (ver com. de Ap 17:1). Os adventistas do sétimo dia entendem que este juízo começou em 1844 e é representado, em tipo, pela purificação do santuário terrestre (ver com. de Dn 8:14). A referência não é ao juízo executivo por ocasião da volta de Cristo, quando todos receberão a recompensa. Isso fica claro porque as três mensagens angélicas (Ap 14:6-12) precedem a segunda vinda de Cristo (v. 14). Além disso, a mensagem ligada ao juízo é acompanhada de um apelo e uma advertência, os quais revelam que o dia final ainda não chegou. Os seres humanos ainda podem se voltar para Deus e escapar da ira vindoura. Historicamente, a pregação de Guilherme Miller e seus companheiros de 1831 a 1844, sobre o fim dos 2.300 dias em 1844, pode ser considerada um marco do início da mensagem do primeiro anjo. Entretanto, a mensagem é válida desde então e continuará a ser até se encerrar a oportunidade de salvação.
H. Adorai: Do gr. proskuneo, "reverenciar", "adorar". A adoração a Deus contrasta com adoração à besta (Ap 13:8, 12) e sua imagem (v. 15). Na crise final, os habitantes da Terra serão chamados a fazer uma escolha, semelhante à dos três hebreus em Babilônia, entre a adoração ao Deus verdadeiro ou falsos deuses (Dn 3). A mensagem do primeiro anjo tem o objetivo de preparar as pessoas para a escolha correta e a permanecerem firmes ao momento crucial.
F. Fez o céu, e a terra: O Criador do universo é o único digno de adoração. Nenhum ser humano nem anjo é digno de receber culto.
Trata-se de uma prerrogativa exclusivamente divina. A criação é uma das características distintivas do Deus verdadeiro em contraste com as divindades falsas (Jr 10:11, 12). O apelo para adorar a Deus como criador vem numa hora crucial, uma vez que a pregação da primeira mensagem angélica foi seguida pela rápida disseminação da teoria da evolução. Além disso, o chamado para adorar a Deus como criador de todas as coisas implica que se dê a devida atenção ao memorial da criação divina: o sábado (ver com.de Êx 20:8-11). Se o sábado tivesse sido guardado como Deus planejou, teria servido de salvaguarda contra a infidelidade e a ideia da evolução (ver At 14:15). O sábado é um ponto extremamente controverso na crise final (ver com. de Ap 13:16).
8 Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: — Caiu! Caiu a grande Babilônia que fez com que todas as nações bebessem o vinho do furor da sua prostituição.
A. Seguiu-se: Do gr.akoloutheō, “acompanhar”, “seguir”. A palavra transmite a ideia de acompanhar pessoalmente (ver Mt 19:27, 28; Mc 1:18). Parece que o termo tem dois sentidos neste texto. O segundo anjo segue o primeiro cronologicamente, mas também é verdade que o primeiro anjo continua seu ministério quando o segundo se une a ele. Nesse sentido, a mensagem do segundo anjo acompanha a do primeiro.
B. Outro anjo: Evidências textuais (cf.p.xvi) atestam a inclusão da palavra "segundo"(ARA). Em alguns manuscritos, a palavra que significa “segundo” ocorre no lugar da expressão “outro anjo"; em outros, ocorre em adição a ela; há ainda manuscritos que trazem "um segundo anjo", em vez de "outro anjo".
C. Dizendo: A primeira e a terceira mensagens angélicas são proclamadas em "grande voz"(v.7,9).A mensagem a respeito da queda de Babilônia é anunciada posteriormente com "potente voz"(ver com.de Ap18:1,2).
D. Caiu, caiu: "Caiu". A passagem parece ecoar Isaías 21:9, em que as evidências textuais da LXX se dividem entre a palavra "caiu" ocorrer uma ou duas vezes. O hebraico repele o termo. A repetição dá ênfase à mensagem. Babilônia é um termo abrangente que João usa para caracterizar todos os grupos e movimentos religiosos que se afastaram da verdade. Isso exige que se interprete sua "queda" como um evento progressivo e cumulativo.
A profecia da queda de Babilônia tem seu cumprimento final no afastamento, por parte do protestantismo como um todo, da pureza e simplicidade do evangelho (ver com. de Ap 14:4). Essa mensagem foi pregada primeiro pelo movimento adventista conhecido como milerismo, no verão de 1844, sendo aplicada às igrejas que rejeitaram a mensagem do primeiro anjo a respeito do juízo (ver com.do v. 7). A mensagem terá cada vez mais relevância à medida que o fim se aproxima e chegará ao cumprimento completo com a união dos vários elementos religiosos sob a liderança de Satanás (ver com. de Ap 13:12-14; 17:12-14).A mensagem de Apocalipse 18:2 a 4 anuncia a queda completa de Babilônia e chama todo o povo de Deus disperso em meio aos vários grupos religiosos que formam Babilônia a se separar dela.
E. A grande: O adjetivo “grande” é aplicado a Babilônia diversas vezes ao longo do Apocalipse (ver 16:19; 17:15,18; 18:2, 10, 21).
F. Babilônia: A antiga cidade com este nome já estava desolada, em ruínas, nos dias de João (ver com. de Is 13:19).Assim como tantos outros termos e expressões no Apocalipse, a Babilônia espiritual (ver com. de At 3:16) é mais claramente compreendida quando relacionada a sua correspondente histórica no AT (ver com. de Is 47:1; Jr 25:12; 50:1; Ez 26:13; Ap 16:12,16. O uso da palavra “mistério" associado a "Babilônia" (Ap 17:5) mostra que o nome é figurado (ver com. de Rm 11:25; Ap 1:20; Ap 17:5; cf.com.de Ap 16:12).
No idioma babilônico, o substantivo Bab-ilu (Babel ou Babilônia) significa "porta dos deuses'. Mas, no hebraico, está associado de maneira depreciativa a balal, palavra que significa "confundir"(ver com. de Gn 11:9).
Os governantes de Babilônia chamavam sua cidade de “porta dos deuses” porque acreditavam que era o lugar onde os deuses se relacionavam com os seres humanos, a fim de colocar ordem nas questões terrenas (ver com. de Jz 9:35; Rt 4:1; 1Rs 22:10; Jr 22:3).Portanto, o nome parece refletir a reivindicação dos reis babilônios de que haviam sido chamados para governar o mundo por ordem divina (ver com. de Gn 11:4).
Babilônia foi fundada por Ninrode (ver com. de Gn 10:10; 11:1-9). Desde o início, a cidade era símbolo da descrença no Deus verdadeiro e da rebelião contra Sua vontade (ver com. de Gn 11:4-9). Sua torre era um monumento à apostasia, uma fortaleza de rebelião contra Deus. O profeta Isaías identifica Lúcifer como o rei invisível de Babilônia (ver com. de Is 14:4, 12-14).Na verdade, Satanás tinha o plano de transformar Babilônia no centro e agente de seu plano mestre para assegurar o controle sobre a raça humana, assim como Deus tinha o propósito de atuar por meio de Jerusalém. Por isso, ao longo do AT, as duas cidades tipificaram as forças do bem e do mal em ação no mundo. Os fundadores de Babilônia tinham a intenção de estabelecer um governo totalmente independente de Deus e, se Ele não interviesse, eles teriam conseguido eliminar a justiça da Terra (ver com. de Dn 4:17). Por esse motivo, o Senhor achou por bem destruir a torre e dispersar aqueles que a construíram (ver com. de Gn 11:7,8). O período de sucesso temporário foi seguido por mais de um milênio de declínio e sujeição a outras nações (ver com. de Is 13:1; Dn 2:37).
Quando Nabucodonosor II reconstruiu Babilônia, ela se transformou em uma das maravilhas do mundo antigo. O plano de tornar seu reino universal e eterno (ver com. de Dn 3:1; 4:30) foi um sucesso na medida em que o novo império babilônico superou seus antecessores tanto em esplendor quanto em poder (ver com. de Dn 2:37,38; 4:30). No entanto, Babilônia também se tornou orgulhosa e cruel (ver Ed, 176). Conquistou o povo de Deus e ameaçou derrotar seu propósito como nação escolhida. Em uma dramática série de acontecimentos, Deus humilhou Nabucodonosor e assegurou sua submissão. Porém, seus sucessores se recusaram a se humilhar diante de Deus (ver Dn 5:18-22). Por isso, o reino acabou sendo pesado na balança do Céu e achado em falta, e seu domínio foi revogado por decreto do Observador divino (ver com. de Dn 5:26-28). Mais tarde, Babilônia passou a ser uma das capitais do império persa, mas foi parcialmente destruída por Xerxes. Ao longo dos séculos, a cidade perdeu cada vez mais sua importância até que, no fim do primeiro século d.C., praticamente deixou de existir (ver com.de Is 13:19; Ap 18:21).
Desde a queda da Babilônia antiga, Satanás tem procurado, por meio de um poder mundial após o outro, controlar o planeta. E provavelmente já teria conseguido se não fossem as repetidas intervenções divinas (ver com. de Dn 2:39-43). Sem dúvida, sua tentativa mais próxima do sucesso foi a subversão da igreja mediante a apostasia papal na Idade Média (ver ver com. de Dn 7:25). Mas Deus intervém para impedir o sucesso de uma ameaça após a outra até o cumprimento final de Seus propósitos (ver Ap 12:5, 8, 16). As nações nunca mais conseguiram se ligar umas as outras para formar um só poder (ver com. de Dn 2:43). O mal é, por natureza, causador de divisões. Contudo, perto do fim dos tempos, Satanás terá a oportunidade de conquistar o que parecerá um sucesso, por um breve momento (ver com. de Ap 16:13,14,16;17:12-14).
Ao que tudo indica, perto do fim do primeiro século d.C., os cristãos já se referiam à cidade e ao império de Roma usando o título enigmático de Babilônia (ver com. de 1Pe 5:13). Nessa época, a cidade de Babilônia, tão magnífica no passado, estava quase, se não completamente, em ruínas. Era uma desolação inabitada e, por isso, uma ilustração vívida do destino final da Babilônia mística. Os judeus estavam exilados mais uma vez, nas mãos impiedosas de Roma, assim como haviam sido exilados anteriormente por Babilônia. Os cristãos também passaram por repetidas perseguições nas mãos do império. Entre judeus e cristãos, Babilônia se transformou num termo apropriado para descrever Roma imperial.
Durante os primeiros séculos do cristianismo, a designação velada de Babilônia para se referir à cidade e ao império de Roma ocorre várias vezes tanto na literatura judaica quanto cristã. Por exemplo, o Livro V dos Oráculos Sibilinos, produção judaica pseudepígrafa, escrito por volta de 125 d.C., traz uma suposta profecia do destino de Roma, paralela à descrição da Babilônia mística no Apocalipse. O autor chama Roma de “cidade ímpia” que ama a "magia", regala-se em “adultérios”, tem um “coração sanguinário e uma mente sem Deus". Observa que “muitos santos fiéis dos hebreus pereceram" por causa dela, e prediz sua desolação futura: “Na viuvez tu te assentarás às tuas encostas. [..] Mas disseste: sou única e nada me trará ruína. Deus agora, porém,[...] destruirá a ti e tudo que é teu" (Charles, The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament).
Babilônia, tanto literal quanto mística, é reconhecida há muito como uma inimiga tradicional da verdade e do povo de Deus. O uso do nome no Apocalipse indica todas as organizações religiosas apóstatas e sua liderança, desde a Antiguidade até o fim dos tempos (ver com. de Ap 17:5; 18:24). A comparação dos textos do AT (que expõem em detalhes os pecados e o destino da Babilônia literal) com as descrições do Apocalipse acerca da Babilônia mística deixa claro como é apropriado o uso figurado do nome (ver com. de Is 47:1; Jr 25:12; 40:1; Ap 16:12-21;17:18). Essas passagens revelam a importância de um estudo aprofundado do AT sobre a Babilônia literal para servir de base para a compreensão do significado das passagens do NT relacionadas à Babilônia mística.
G. Beber: Imagem que descreve a aceitação dos falsos ensinos e das práticas de Babilônia. A expressão “tem dado a beber a todas as nações” ou “fez todas as nações beberem”(NVI) sugere coerção. Elementos religiosos pressionarão o estado secular a fazer cumprir os decretos de Babilônia.
H. Todas as nações: A natureza universal da apostasia é retratada aqui. A substituição das leis divinas por leis humanas e a execução de decretos religiosos pelo estado se tornarão universais (ver com. de Ap 13:8).
I. Vinho da fúria: É provável que a figura seja emprestada de Jeremias 25:15, texto em que o profeta é instruído: “Toma [..] este cálice do vinho do Meu furor e darás a beber dele a todas as nações"(ver com. de Ap 13:12). Mas não é fúria nem furor que Babilônia oferece ao dar vinho às nações. Ela argumenta que o tomar seu vinho levará paz às nações (ver com. de Ap 13:12). Todavia, isso acaba acarretando a ira de Deus sobre os seres humanos.
Alguns sugerem que a palavra traduzida aqui por “fúria” (thumos) deveria ser vertida por “paixão”. Assim, a passagem diria: “Ela fez todas as nações beberem do vinho de sua imoralidade apaixonada." No entanto, em outros trechos do Apocalipse, thumos parece ter o sentido de “raiva” e “ira”, que provavelmente deve ser adotado aqui também.
J. Prostituição: Imagem da conexão ilícita entre a igreja e o mundo, ou entre a igreja e o estado secular. A igreja deve se casar com seu Senhor; mas, quando ela procura apoio do estado, deixa seu cônjuge legítimo. Por meio de seu novo relacionamento, comete prostituição espiritual (comparar com Ez 16:15; Tg 4:4).
9 Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo com voz forte: — Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na testa ou na mão,
A. Seguiu-se: Ver com. do v.8.
B. Outro anjo, o terceiro: Comparar com os v. 6,8.
C. Grande voz: Ver com. dos v. 7, 8.
D. Se alguém: O grego é equivalente a "aquele que".
E. Adora: Do gr.proskuneō (ver com. do v. 7).
F. Besta: Isto é, a besta descrita em Apocalipse (ver com. de Ap 13:1 a 10). A segunda besta solicita a adoração humana para a primeira besta (ver com. de Ap 13:12). Deve-se notar que esta advertência terá força suprema só após a cura da ferida mortal (ver com. de Ap 13:3) e a formação da imagem da besta (ver com. do v. 14), ocasião em que a marca da besta se tornará uma questão crucial (ver com. do v. 16). Da maneira como é pregada hoje, a terceira mensagem angélica consiste em uma advertência acerca de problemas iminentes, a qual esclarecerá os seres humanos a respeito dos aspectos envolvidos no conflito em andamento e os capacitará a tomar uma decisão consciente.
G. E a sua imagem: Ver com. de Ap 13:14.
H. Marca: Ver com.de Ap 13:16.
10 também esse beberá do vinho do furor de Deus, preparado, sem mistura, no cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro.
A. Vinho da cólera: Isto é, vinho, que é a cólera. Aqueles que beberem do vinho da ira da prostituição de Babilônia (v. 8) também tomarão do vinho da cólera de Deus. A advertência é simples e clara.
B. Preparado: Literalmente, "misturado". O sentido literal da expressão é: “que é misturado sem mistura”. A poção é preparada sem a adição costumeira de água. No Salmo 75:8 fala-se de um cálice na mão do Senhor que parece misturado a especiarias para aumentar seu poder de embriaguez.
C. Cálice da Sua ira: Ou, “taça da Sua cólera".
D. Será atormentado: Do gr. basanizō, “torturar", “atormentar", “afligir” (ver uso do termo em Mt 8:6,29; 14:24 ["açoitado”]; 2Pe 2:8). As sete últimas pragas caem sobre os adoradores da besta e da sua imagem (Ap 16:2). Além disso, os devotos da besta tornam à vida na segunda ressurreição e recebem o castigo final (Ap 20:5,11-15). Não fica claro a que fase da punição João se refere aqui. Talvez seja a ambas. Nas duas, haverá tormento. A primeira terminará em morte quando Jesus aparecer no céu (ver com. de Ap 19:19-21), e a segunda será a morte eterna (ver com. de Ap 20:14).
E. Fogo e enxofre: Ao que tudo indica, a figura é extraída de Isaías (ver com. de Isaías 34:9,10. Fogo e enxofre são mencionados na destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19:24).
F. Presença: Tanto as pragas quanto a destruição dos ímpios após o milênio ocorrerão nesta Terra. No entanto, no último caso, o arraial dos santos estará na Terra. Cristo estará com Seu povo e, sem dúvida, muitos anjos se encontrarão ali.
11 A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. E os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do nome da besta não têm descanso algum, nem de dia nem de noite.
A. Pelos séculos dos séculos: Do gr. eis aiōnas aiōnōn, literalmente, “até idades das idades". Esta expressão pode ser comparada com eis ton aiōna,“até a idade", em geral traduzida por “para sempre” (ver Mc 3:29; Lc 1:55); com eis tous aiōnas, literalmente, “até as idades”, traduzida, em geral, por "eternamente"(Rm 1:25; 11:36; cf. Lc 1:33, em que a expressão é vertida por "para sempre"); ou ainda com o adjetivo aiōnios, literalmente, "duradouro pela era", em geral traduzido por “eterno" (Mt18:8;19:16,29; 25:41,46). Assim como aiōnios (ver com.de Mt 25:41), as expressões eis ton aiōna e eis tous aiōnas não denotam necessariamente duração perpétua. Entretanto, é possível perguntar: há ocasiões em que tais expressões denotam eternidade? Se houver, seria a expressão composta eis aiōnas aiōnōn, “até idades das idades", uma declaração mais enfática de perpetuidade?
Esta expressão composta ocorre em outras passagens na forma eis tous aiōnas tōn aiōnōn, literalmente, “até as idades das idades"; e, em todos os casos, está ligada a Deus ou a Cristo, indicando existência sem fim. Todavia, tal significado não deriva da expressão em si, mas de com quem ela está associada. A expressão isolada significa eras multiplicadas.
Há uma possível explicação para o uso da expressão composta neste versículo. O assunto é o tormento dos adoradores da besta em um lago de fogo e enxofre. A permanência de um ser humano em um ambiente como esse seria muito breve. Por isso, se a expressão eis ton aiōna,"até a idade", fosse usada, haveria a possibilidade de concluir que o castigo seria momentâneo. A expressão composta indica que o tormento durará certo período. Não será infindável, como esclarecem outras passagens bíblicas que revelam que o destino final dos ímpios será a aniquilação (ver Mt 10:28;Ap 20:14).
Sem dúvida, a imagem da fumaça subindo para sempre é extraída de Isaías 34:10, que descreve a desolação de Edom. O profeta judeu não contemplou um fogo sem fim. Após o incêndio, cuja "fumaça" ele afirma que “subirá para sempre", o país se transforma em ruínas desoladas, habitadas por animais selvagens (v. 10-15). A figura indica completa destruição (ver com. de MI 4:1).
B. Descanso: Do gr. anapausis, “interrupção", “refrigério". O sentido é de que, ao longo de toda a duração do castigo que continuará até a morte, não há relaxamento.
C. Nem de dia nem de noite: Isto é, durante o dia ou durante a noite. O horário não importa, pois o tormento é contínuo.
D. Adoradores da besta: A classificação é repetida(cf.v.9) para dar ênfase. O terceiro anjo faz uma ameaça: Os habitantes da Terra não têm desculpa se não fugirem da confusão contra a qual esta mensagem adverte. Eles devem fazer todo esforço necessário para descobrir a identidade da besta, sua imagem e marca, bem como desvendar suas astúcias e formas de agir.
12 Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em "de" Jesus.
A. Perseverança: Do gr.hupomonē (ver com. de Rm 5:3). A tradução mais adequada aqui seria "resistência constante”. O contexto chama a atenção para a terrível luta com a besta e sua imagem. Serão feitas todas as tentativas para forçar o remanescente a se unir ao movimento promovido pela segunda besta, inclusive com ameaças de boicote e morte (Ap 13:11-17). Na mesma época, Satanás operará “com todo engano de injustiça” (2Ts 2:10; cf. Mt 24:24), pretendendo mostrar que é o poder de Deus que se manifesta no movimento. Em meio a tudo isso, o remanescente fiel resiste constantemente e mantém sua integridade. Sua firmeza será aprovada pelo Céu.
B. Santos: Do gr. hagioi, literalmente, “os santos"(ver com. de Rm 1:7).
C. Guardam os mandamentos de Deus: Esta declaração é significativa no contexto. Cativado pelas ilusões de Satanás, o mundo se prostrará diante da besta e de sua imagem, e obedecerá a seus decretos (ver com. de Ap 13:8). Por sua vez, os santos se recusarão a cumprir as ordens. Eles guardam os mandamentos de Deus. O maior ponto de controvérsia girará em torno do quarto mandamento. Há um acordo generalizado entre os cristãos de que os outros nove constituem uma obrigação universal. Mas, desde o início da era cristã, as pessoas começaram a deixar de lado o sábado e a substituí-lo pela observância do primeiro dia da semana (ver com. de Dn 7:25). Os cristãos de hoje que guardam o domingo apresentam vários motivos para observar o primeiro dia da semana em lugar do sétimo, bem como por que se sentem livres para ignorar o sábado original. Alguns dizem que o decálogo foi abolido junto com todas as leis do AT; outros afirmam que o elemento temporal no quarto mandamento é cerimonial, mas a observância de um dia dentre os sete consiste em uma obrigação moral. Na catolicismo romano, há tempo se declara que a igreja, usando sua autoridade divina, transferiu a santidade do dia. Nas últimas décadas, tem havido tentativas de se invocar a autoridade de Cristo e dos apóstolos para essa mudança. No entanto, uma vez que nenhuma dessas abordagens tem apoio bíblico, são inaceitáveis para os que consideram as Escrituras como a única regra de fé. A crise acontecerá quando a Babilônia simbólica prevalecer sobre o estado secular para impor a observância do domingo mediante uma lei civil e procurar punir os que não a cumprirem. Esta é a questão apresentada em Apocalipse 13:12 a 17.Nessa hora de crise, aqueles que se apegaram à Bíblia se recusarão a deixar a observância do sábado verdadeiro. A profecia aponta para duas características principais que identificam esses fiéis: a guarda dos mandamentos de Deus e a fé em Jesus.
D. Fé em Jesus: Ou, “fé de Jesus". O grego pode ser entendido das duas maneiras, embora o primeiro sentido costume ser preferido. Paulo defende a importância da fé na experiência cristã (ver com. de Rm 3:22). A fé em Jesus e a guarda dos mandamentos representam dois aspectos importantes da vida cristã. Os mandamentos são uma transcrição do caráter de Deus. Eles delineiam o padrão divino de justiça que Deus deseja para os seres humanos. Estes, porém, em seu estado não regenerado, são incapazes de alcançar. “O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar" (Rm 8:7). Apesar de seus melhores esforços, o ser humano carece continuamente da glória de Deus (ver com. de Rm 3:23). No entanto, Jesus veio para que as pessoas possam ser restauradas à imagem de Deus. Ele veio mostrar quem é o Pai e, nesta revelação, ampliou o sentido da lei moral. Mediante Seu poder, os seres humanos são capacitados a guardar os mandamentos (ver com. de Rm 8:3,4) e, assim, refletir a imagem de Deus.
Portanto, a igreja remanescente honra os mandamentos do Senhor e os guarda não em sentido legalista, mas como revelação do caráter de Deus e de Cristo, que habita no coração do cristão verdadeiro (Gl 2:20).
13 Então ouvi uma voz do céu, dizendo: — Escreva: "Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor." — Sim — diz o Espírito —, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.
A. Voz: Não é identificada, mas pode ser a voz do terceiro anjo (v. 9-12).
B. Escreve: Ver com. Ap 1:11.
C. Bem-aventurados os mortos: Esta é uma das sete bem-aventuranças do livro de Apocalipse (ver com. de Mt 5:3; ver as demais em Ap 1:3; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7,14).
D. Desde agora: Sem dúvida, isto se refere ao período das três mensagens angélicas, que engloba a perseguição perpetrada pela besta e por sua imagem, quando o boicote for imposto e a pena de morte entrar em vigência (ver com. de Ap 13:12-17). Os que descerem à sepultura, nessa época, descansarão por um breve período até a indignação passar. Então, terão o privilégio de acordar na ressurreição especial que precederá a ressurreição geral dos justos (ver com. de Dn 12:2).
D. No Senhor: As bem-aventuranças são somente para aqueles que morrem "no Senhor". São os que morreram com a fé fixa em Jesus (ver com. de 1Co 15:18; 1Ts 4:16).
E. O Espírito: Ver com. de Ap 1:4.
F. Fadigas: Do gr. kopoi, "labuta fatigante". "esforço demasiado" (comparar com o uso da palavra em 2Co 6:5; 11:23,27; ITs 1:3).A morte traz descanso da labuta fatigante da vida.
G. Obras: Do gr. erga, "atividades", termo geral contrastado aqui com kopoi.
H. Acompanham: Esta expressão pode ser interpretada de duas formas: (1) Considerando que o grego diz, literalmente, "seguem com eles", isto é, os acompanham, alguns acham que João se refere aqui ao fim dos fardos desta vida e à continuação das atividades no mundo futuro. É claro que as ações cessarão entre a morte e a ressurreição, pois este é um período de inconsciência e inatividade (ver com. de Sl 146:4; 2Co 5:1-3). Porém, o Céu será um lugar de atividades prazerosas. (2) Outros interpretam que a frase diz “suas obras os acompanham”, em alusão à influência que a pessoa de bem deixa quando morre.
14 Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada.
A. Uma nuvem branca: Os v. 14 a 20 narram uma visão simbólica da volta de Cristo. Para entender a passagem, é preciso aplicar as regras de interpretação das visões simbólicas (ver com. de Ez 1:10). As nuvens são significativas na descrição da volta de Cristo (ver com. de At 1:9-11; Mt 24:30; Lc 21:27; Ap 1:7). A natureza das três mensagens angélicas e o fato de serem seguidas pelo retorno de Jesus mostram que elas consistem na mensagem final de Deus para advertir o mundo (ver com. de Ap 18:1-4).
B. Filho de homem: Ver com. de Ap 1:13.
C. Coroa: Dogr.stephanos, "guirlanda", "coroa" de vitória, neste caso (ver com. de Ap 12:3). A coroa de ouro pode ser contrastada com a "coroa [stephanos] de espinhos" (Mt 27:29).
D. Foice afiada: Jesus é retratado como um ceifeiro que vem fazer a colheita (v. 15, 16).
15 Outro anjo saiu do santuário, gritando com voz forte para aquele que estava sentado sobre a nuvem: — Pegue a sua foice e comece a colher, pois chegou a hora da colheita, visto que os campos da terra já amadureceram!
A. Outro anjo: Ou seja, além dos três que pronunciaram as mensagens de advertência antes da segunda vinda de Cristo (v.6,8,9)
B. Santuário: Do gr, naos (ver com.de Ap 3:12). O santuário já foi introduzido anteriormente no cenário profético (ver Ap 11:1, 2, 19). João costuma se referir a elementos descritos em visões anteriores. O ambiente continua basicamente o mesmo. Por exemplo, os quatro “seres viventes" (Ap 4:6) são mencionados repetidas vezes nas visões seguintes (ver Ap 7:11; 14:3; 15:7; 19:4).
C. A seara: Os v. 15 a 20 descrevem a grande colheita final. A seara engloba dois eventos distintos. O primeiro é retratado nos v. 16 e 17, e o segundo, nos v. 18 a 20. O primeiro se refere ao ajuntamento dos justos, representados pelos grãos maduros, conforme mostra a palavra grega traduzida por “amadureceu". O segundo faz alusão aos ímpios, representados pelos cachos de uvas "amadurecidas".
D. Já amadureceu: Do gr. xēraino, “ficar seco", “tornar-se murcho”, termo usado para se referir ao amadurecimento das plantações de cereais.
16 E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra e fez a colheita.
17 Então outro anjo saiu do santuário que se encontra no céu, tendo também ele uma foice afiada.
A. Santuário: Ver com.do v. 15.
B. Outro anjo: Ver com. do v. 15.
C. Foice: Ver com. do v. 15.
18 Ainda outro anjo saiu do altar, o anjo que tem autoridade sobre o fogo, e clamou com voz forte ao que tinha a foice afiada, dizendo: — Pegue a sua foice afiada e ajunte os cachos da videira da terra, porque as suas uvas estão maduras!
A. Altar: Pode ser o altar mencionado em Apocalipse 8:3, 5; 9:13.
B. Autoridade sobre o fogo: Não se esclarece por que este anjo tem autoridade sobre o fogo. Talvez o fogo seja um símbolo de vingança (comparar com a expressão “anjo das águas", em Ap 16:5).
C. Falou: Comparar com o v. 15.
D. Cachos da videira: A figura das duas colheitas vem do ano agrícola da antiga Palestina, que consistia de duas ceifas principais: a colheita dos grãos e a vindima. Neste caso, a vindima representa os ímpios reunidos para a destruição.
19 Então o anjo passou a sua foice na terra, ajuntou os cachos da videira da terra e os lançou no grande lagar da ira de Deus.
A. Lagar: A imagem é apropriada no que se refere à cor da vinha, que lembra o sangue. A figura tem como pano de fundo Isaías 63:1 a 6 (ver com. ali).
B. Cólera de Deus: Esta deve ser uma referência às sete últimas pragas (Ap 15:1).
20 O lagar foi pisado fora da cidade. E correu sangue do lagar, chegando até a altura dos freios dos cavalos, numa extensão de cerca de trezentos quilômetros.
A. Pisado: As uvas eram pisadas pelas pessoas nos lagares (ver com. de Is 63:2, 3).
B. Fora da cidade: É provável que esta figura seja extraída de profecias do AT que relatam a destruição dos inimigos de Deus fora de Jerusalém (ver com. de Jl 3:12, 13).
C. Freios dos cavalos: Uma metáfora que expressa o grande e completo extermínio das hostes do mal.
D. Estádios: Mil e seiscentos estádios seriam equivalentes a cerca de 295 km. Não parece haver uma explicação para este número específico (1.600). Jerônimo achava que podia ser uma alusão ao tamanho da Palestina. No entanto, a hipótese não passa de especulação e pouco acrescentaria ao entendimento da passagem. A ideia principal é que os inimigos da igreja de Deus serão, afinal, derrotados por completo. Logo, a igreja pode esperar com expectativa o livramento pleno de todos os seus inimigos e o alegre triunfo do reino de Deus.
REFERÊNCIAS
Bíblia Online (Almeida Revista e Atualizada, Bíblia - Almeida Corrigida Fiel, Bíblia - Nova Almeida Atualizada). https://www.bibliaonline.com.br/
Revista BibliaFacil Apocalipse. https://biblia.com.br/estudo-biblico-biblia-facil-sobre-apocalipse/
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.
Bíblia Online (Almeida Revista e Atualizada, Bíblia - Almeida Corrigida Fiel, Bíblia - Nova Almeida Atualizada). https://www.bibliaonline.com.br/
Revista BibliaFacil Apocalipse. https://biblia.com.br/estudo-biblico-biblia-facil-sobre-apocalipse/
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.
