- Uma mulher vestida de púrpura e escarlate, com um cálice de ouro na mão encontra-se assentada sobre uma besta.
- A mulher é a grande Babilônia, a mãe de todas as abominações.
- As sete cabeças e 12 os dez chifres.
- A vitória do Cordeiro.
- O castigo da meretriz.
1 Um dos sete anjos que tinham as sete taças veio e falou comigo, dizendo: — Venha! Vou lhe mostrar o julgamento da grande prostituta/meretriz que está sentada sobre muitas águas.
A. Um dos sete anjos: Ver com. de Ap 1:11; cf. 21:9. A identificação deste anjo como um dos que trazem os flagelos dos cap. 15 e 16 subentende que a informação prestes a ser dada a João se relaciona às sete últimas pragas. Esta ligação é confirmada quando se anuncia que o assunto do capítulo, “o julgamento da grande meretriz", acontece durante o sétimo flagelo (ver Ap 16:19).
B. Taças: Ver com. de Ap 15:7; 16:1.
C. Falou comigo: A palavra grega traduzida por “comigo" (meta) pode ser interpretada como a sugestão de proximidade entre João e o anjo. É possível que o anjo tenha se (ver com. de Ap 1:2,10).
D. Vem: O termo tem a força de um imperativo (ver com.do v. 3).
E. Mostrar-te-ei: Ver com. de Ap 1:2; 4:1.
F. Julgamento: Do gr. krima, “sentença”, “decisão”, “veredito”, “decreto". Neste caso, trata-se do veredito celeste contra a "grande meretriz", considerando suas ações criminosas (ver com. dos v. 4-6; cf. com. de Ap 18:10). Observe que o anjo não mostra para João a execução da sentença; neste caso, teria usado a palavra krisis, termo traduzido por “juízo” (Ap 18:10). Ele simplesmente fala sobre isso. krisis pode denotar o ato de investigar um caso ou de executar a sentença (ver com. de Ap 16:19, 18:5; 19:2; cf. Is 23:11).
Apocalipse 17 é formado por duas partes distintas: (1) a visão simbólica dos v.3 a 6, que João contempla; e (2) aquilo que ele ouve (v. 7) como explicação da visão, nos v.8 a 18. A primeira parte expõe os crimes de Babilônia. É, portanto, o auto de acusação do Céu, uma declaração do motivo da sentença divina a ser pronunciada sobre ela (ver com. do v. 6). A segunda parte declara a sentença em si e o meio de sua execução. A carreira criminosa de Babilônia chega ao clímax durante a sexta praga (ver com.de Ap 16:12-16), ao passo que a sentença decretada chega ao ponto de execução durante a sétima (ver com. de Ap 16:17-19; 17:13-17; 18:4, 8; 19:2). Por isso, a primeira parte está mais ligada aos acontecimentos da sexta praga, e a segunda, aos da sétima. Logo, Apocalipse 17 é um esboço da crise final, quando Satanás fará os maiores esforços para aniquilar o povo de Deus (cf. Ap 12:17) e todos os poderes da Terra se arregimentarão contra o remanescente. Deus permite que Satanás e seus instrumentos humanos se aliem a ele para prosseguir até a beira do sucesso na trama para exterminar os santos. Mas, no momento em que o golpe estiver prestes a ser dado, o Senhor intervirá para livrar Seu povo. As hostes do mal, flagradas no ato de tentar matar os santos, ficam sem qualquer justificativa diante do padrão de justiça divina (ver Dn 12:1). Não espanta que João tenha se enchido de admiração ao contemplar o auge do grande drama do mistério da iniquidade (ver com. do v. 6).
G. Meretriz: Do gr. pornē, "prostituta”. É provável que pornē remonte a uma palavra que significa “vender” ou “exportar para venda” itens como escravos. Na Grécia, era comum prostitutas serem compradas como escravas. Com frequência, os profetas do AT comparavam o Israel apóstata a uma mulher adúltera, pois a nação se prostituía com deuses pagãos (Ez 23:30; cf. Is 23:17; ver com. de Ez 16:15; acerca da Babilônia mística como prostituta, ver com. do v. 5; cf. v. 2, 4; Ap 19:2; confira passagens do AT que refletem um pensamento ou um vocabulário semelhante ao de Ap 17, nos com. de Is 47:1; Jr 25:12; 50:1; Ez 26:13).
H. Sentada sobre muitas águas: Isto é, exerce poder despótico sobre muitos outros “povos” e “nações” (ver v. 15). A forma verbal do grego retrata a "grande meretriz" como em poder na época e continuando a exercer esse poder. Assim como a antiga cidade de Babilônia se situava sobre as águas literais do Eufrates (ver com. de Jr 50:12, 38) e repousava, figuradamente, “sobre muitas 14:6; Jr 50:23), a Babilônia moderna é representada assentada sobre os povos da Terra, oprimindo-os (ver com. de Ap 16:12).
2 Os reis da terra se prostituíram com ela, e os que habitam na terra se embriagaram com o vinho da sua prostituição.
A. Prostituíram: Do gr. porneuō, a forma verbal derivada de pornē (ver com. do v. 1). Uma expressão equivalente é usada no AT (cf. Ez 23:30; Os 4:12). Em sentido figurado, como aqui, refere-se a uma aliança ilícita de professos cristãos com outro senhor que não Cristo. Neste caso, trata-se do pacto religioso e político entre uma igreja apostatada (ver com. de Ap 17:5) e as nações da Terra (comparar com Is 23:15, 17).
B. Reis da terra: Isto é, os poderes políticos da Terra (ver com. do v. 12), que colocam sua autoridade e seus recursos à disposição da "grande meretriz” (v. 1; ver com.do v.13) e por meio dos quais ela planeja colocar em prática sua ambição de exterminar o povo de Deus (ver com. dos v. 6, 14) e governar sobre todos “aqueles que habitam sobre a terra” (cf. v. 8). Os “reis da terra” são seus cúmplices no crime.
C. Com o vinho: Isto é, ao beber do vinho. Este “vinho" é a política enganosa de Satanás de unir o mundo inteiro sob seu controle, junto com as falsidades e “sinais” que ele usa para fazer seu plano avançar (cf. Ap 13:13, 14; 18:23; 19:20).
D. De sua devassidão: Ou, “[que é] sua prostituição”. A aliança entre o cristianismo apostatado e os poderes políticos da Terra é o meio proposto por Satanás para unir o mundo sob sua liderança.
E. Embebedaram: Isto é, deixaram completamente embriagados. Os poderes normais da razão e do julgamento foram entorpecidos, e a percepção espiritual, amortecida (comparar com Jr 51:7, 2Ts 2:9,10; Ap 13:3, 4, 7, 18; 14:8; 18:3; 19:20). A embriaguez dos habitante da Terra é mencionada aqui após a referência à aliança ilícita entre Babilônia e os reis do mundo. Ao que tudo indica, Babilônia age por intermédio dos reis da terra para conquistar o controle daqueles habitantes que não se submeteram voluntariamente a ela. Tanto governantes quanto súditos são enganados.
F. Os que habitam: Como resultado do rumo que seus líderes tomaram, os habitantes da Terra são enganados (ver com. do v. 8) e induzidos a cooperar com a política da grande meretriz (ver com. de Ap 13:8).
3 O anjo me transportou, no Espírito, a um deserto, e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
A. Transportou-me: Sem dúvida, a sensação de movimento tinha o propósito de ajudar João a fazer a transição mental de sua época e lugar para os da visão (cf. Ez 3:12-14; 8:3; 40:2, 3; Ap 21:10).
B. Em espírito: Ver com. de Ap 1:10; cf. 4:2; 21:10. A ausência de artigo definido no grego enfatiza a qualidade ou a natureza da experiência.
C. Deserto: Do gr. erēmos, “lugar desolado” (ver com. de Ap 12:6). O verbo relacionado usado no v. 16 significa “desolar", “descartar”, “despir”, “abandonar”. O “deserto” era uma região desabitada, onde a vida só podia ser preservada em meio a dificuldades e perigos. Seria difícil obter alimento, abrigo e até mesmo água. Haveria também o risco de animais selvagens e talvez de salteadores. Por isso, alguns consideram que, corresponde a uma situação repleta de dificuldades e perigos, aparentemente para o povo de Deus (ver v. 6, 14). A ausência do no grego torna o termo claramente que especifica uma condição, em vez de um local em particular.
Considerando que Apocalipse 17 parece tratar mais especificamente do tempo das sete últimas pragas (ver com. do v. 1), alguns defendem que a situação desértica mencionada aqui caracteriza a experiência do povo de Deus na época. A situação é semelhante à do "deserto" do cap. 12:6, 13 a 16, embora não seja a mesma.
D. Mulher: Diversas vezes no AT, os profetas representam o povo apóstata como uma mulher libertina (cf. Ez 16:15-58; 23:2-21; Os 2:5; 3:1, etc.). Esta “mulher", a “grande meretriz” (Ap 17:1) ou “Babilônia, a Grande”(v. 5), é culpada do “sangue [..] de todos os que foram mortos sobre a terra” ao longo da história (Ap 18:24). A Babilônia mística consiste em uma oposição religiosa organizada contra o povo de Deus, provavelmente, desde o início dos tempos; aqui, porém, a referência é, sobretudo, ao fim das eras (ver com.de Ap 17:5).
E. Montada: A forma verbal denota ação contínua. No v. 1, a "grande meretriz” é representada em controle direto dos seres humanos nas esferas individual e religiosa. Aqui ela é retratada dirigindo as políticas do governo civil (ver com. do v. 18). Sempre foi característica do cristianismo apostatado querer unir igreja e estado, a fim de consolidar o controle religioso por-meio de políticas públicas (cf. vol. 4,p.921,922; comparar com a declaração de que o reino de Deus “não é deste mundo”, Jo 18:36).
F. Besta: Na profecia bíblica, as bestas representam poderes políticos (Dn 7:3-7, 17; 8:3, 5, 20, 21; cf. Ap 12:3; 13:1). A cor da besta pode sugerir que ela é a síntese do mal. Os nomes de blasfêmia que a cobrem indicam que ela faz oposição a Deus. Logo, a besta pode ser identificada com Satanás atuando por intermédio dos agentes políticos que, em todas as eras, se submeteram a seu controle.
Em certos aspectos, esta besta se parece com o dragão vermelho do cap. 12:3 e, em outros, com a besta semelhante ao leopardo do cap. 13:1 e 2 (ver com. dessas passagens). O contexto revela que a segunda comparação parece mais próxima. A principal diferença entre as bestas de Apocalipse 13 e 17 é que a primeira, identificada com o papado, não faz distinção entre os aspectos religioso e político do poder papal, ao passo que, na-segunda, os dois são distintos, a besta representa o poder político, e a mulher, o poder religioso.
G. Escarlate: Cor brilhante que certamente atrairia a atenção. Em Isaías 1:18, escarlate é a cor do pecado (comparar com o“ dragão, grande, vermelho”, de Ap 12:3).
H. Repleta: A apostasia e a oposição a Deus são completas.
I. Nomes de blasfêmia: Ou, “nomes blasfemos”(ver com.de Mc 2:7; 7:2). Em Apocalipse 13:1, os nomes se encontram nas sete cabeças; aqui, estão. espalhados por toda a besta. Estes nomes revelam o caráter da besta; ela pretende usurpar a prerrogativa da Divindade. O fato de estar “repleta” de nomes de blasfêmia indica que ela se dedica completamente a esse objetivo (comparar com Is 14:13, 14; Jr 50:29,31; Dn 7:8,11,20,25; 11:36,37).
J. Sete cabeças: Ver com. dos v. 9-11 (sobre as bestas de sete cabeças na mitologia antiga, ver com. de Is 27:1).
K. Dez chifres: Ver com. dos v.12-14,17
4 A mulher estava vestida de púrpura e de escarlate, enfeitada com ouro, pedras preciosas e pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e das imundícias da sua prostituição.
A. A mulher: Ver com.do v.3.
B. De púrpura e de escarlata: Comparar com Ez 27:7; Ap 18:7,12,16,17,19. Estas eram as cores da realeza (ver com. de Mt 27:28), da qual esta mulher afirmava fazer parte (cf. Ap 18:7). Escarlate também pode ser considerada a cor do pecado e das prostitutas (ver com. de Ap 17:3). Esta meretriz, uma organização religiosa apóstata, é retratada em toda sua habilidade de sedução, vestida de maneira extravagante e vulgarmente adornada. Ela faz contraste gritante com a esposa do Cordeiro, a quem João viu trajada de linho finíssimo, branco e puro (ver Ap 19:7, 8; cf. T1, 136; Ed, 248; ver com. de Lc 16:19).
C. Abominações e [...] imundícias: Ou, “atos impuros, inclusive as imundícies de sua prostituição". O ouro do cálice engana as pessoas quanto à natureza de seu conteúdo (ver com.do v.2).
5 Na sua testa "fronte" estava escrito um nome, um mistério: " Babilônia, a Grande, a Mãe das Prostitutas "Meretrizes" e das Abominações da Terra ".
A. Fronte: O caráter refletido no nome “Babilônia" é uma escolha ponderada da mulher. Isto pode ser subentendido pelo fato de o nome aparecer em sua fronte (comparar com Ap 13:16).
B. Achava-se escrito um nome: Ou melhor, “um nome permanece escrito", isto é, foi escrito no-passado e permanece lá. O nome reflete o caráter.
C. Mistério: Esta palavra descreve o título, não parte dele; por isso, é tão apropriado o termo “Babilônia mística" (ver com. de Ap 1:20).
D. Babilônia, a Grande: Embora, em certo sentido, a Babilônia mística possa ser considerada representante dos sistemas religiosos apóstatas ao longo da história, no Apocalipse, “Babilônia, a Grande,” designa, de maneira especial, as religiões apostatadas unidas no fim dos tempos (ver com. de Ap 14:8; 16:13, 14; 18:24). Em Apocalipse 17:18, a Babilônia mística é chamada de "a grande cidade" (cf. Ap 16:19; 18:18). Sem dúvida, aqui, a Babilônia é denominada "grande” porque o capítulo aborda mais especificamente o grande esforço final de Satanás para garantir a lealdade da raça humana por meio da religião. "Babilônia, a Grande, "é o nome escolhido pela Inspiração para dar nome à- grande união religiosa tríplice do papado, protestantismo apostatado e espiritismo (ver com. de Ap 16:13,18,19; cf. com. de Ap 14:8; 18:2; cf. GC, 588; Dn 4:30, Zc 10:2, 3; 11:3-9). O termo "Babilônia" se refere às organizações em si e a seus lideres. não aos membros do movimento. Estes são chamados de "muitas águas" e "os que habitam na terra"(v.2; cf. v.8).
E. Mãe das Meretrizes: Conforme já o protestantismo apostatado na época em os vários grupos religiosos que constituem o protestantismo apostatado.
F. Abominações: Ver com. do v.4.
6 Então vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus. E, quando a vi, admirei-me com grande espanto.
A. Embriagada: Ver com. do v. 2. Literalmente, "continuando em estado de embriaguez". No sentido gera, Babilônia pode ser considerada “embriagada” com o sangue dos mártires de todas as eras (Ap18:24),mas, em sentido mais imediato, com o dos mártires e mártires em potencial das cenas finais da história da Terra. Deus considera Babilônia responsável pelo sangue daqueles cuja morte ela decretou, mas que foi impedida de assassinar (ver GC, 628). A Babilônia se encontra completamente bêbada, devido a seu sucesso passado na perseguição dos santos (ver com.de Dn 7:25; Mt 24:21; cf. Ap 6:9-11; 18:24) e da perspectiva de logo ter a satisfação de completar a tarefa sanguinária (ver com. de Ap 16:6; 17:14; GC, 628).
B. Sangue: Ver com. de Ap 16:6.
D. E com o sangue: Ou, “isto é, com o sangue".
E. Testemunhas: Do gr. martures (ver com. de Ap 2:13; comparar com Is 47:6; Jr 51:49; ver com.de Ap 18:24).
F. De Jesus: O provável sentido é "que deram testemunho acerca de Jesus", primeiro por suas palavras e depois mediante o martírio. Foram mortos porque persistiram em testemunhar de Jesus e Sua verdade. Foram leais ao nome de Cristo à custa da própria vida.
G. Quando a vi: Não fica claro se isto se refere ao que João relata no v. 3 a 6 ou somente a sua conduta no v. 6, o clímax de sua carreira de crimes. A resposta do anjo à admiração de João (v.7) pode subentender a primeira opção.
H. Admirei-me com grande espanto: Literalmente, "admirei com grande admiração". O grego reflete uma expressão idiomática típica do hebraico. O anjo havia chamado João para testemunhar a sentença a ser pronunciada sobre Babilônia, a prostituta religiosa (v. 1), e é provável que o apóstolo esperasse ver uma cena de ruína e degradação totais. Em vez disso, porém, ele contempla uma mulher trajada com vestes exuberantes e dispendiosas, bêbada e assentada em uma besta de aspecto temível. Um anjo já contara a João algo sobre essa “mulher” ímpia (ver Ap 14:8; 16:18, 19), mas agora ele ouve um relato mais completo e espantoso de seus crimes. Aquilo que João vê o enche de espanto absoluto, muito além do que o expresso nas outras partes de Apocalipse.
Os crimes da Babilônia mística, mencionados na acusação do anjo, podem ser listados da seguinte forma (cf. com. de Ap 18:4):
- Sedução: Ela seduz os reis da Terra a uma união ilícita com ela, a fim de promover os próprios desígnios sinistros (ver com. do v. 2; Ap 18:3).
- Opressão: Ela se assenta sobre “muitas águas”, oprimindo os povos da Terra (ver com. de Ap 17:1).
- Contribuição à delinquência humana: Ela embebeda todos os que habitam sobre a Terra, à exceção dos santos, com o vinho de sua política pública, levando-os a se tornar cúmplices de sua trama perversa(ver com.do v. 2). Com sua "prostituição”, ela corrompe a Terra (Ap 19:2).
- Embriaguez: Ela está “embriagada com o sangue dos santos", os quais a ofenderam ao se recusar a beber de sua porção maligna de erro e a se submeter a sua ambição de governar a Terra.
- Homicídio e tentativa de homicídio: Ela trama o assassinato da noiva de Cristo, a "mulher" de Apocalipse 12 (ver com. de Ap 17:6,14; 18:24).
7 O anjo, porém, me disse: — Por que você ficou admirado? Vou lhe explicar o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher:
A. O anjo [...]me disse: No grego, o pronome é enfático: "Eu mesmo direi para ti". O restante do capítulo consiste na interpretação que o anjo faz do "mistério", ou seja, do simbolismo da visão dos v. 3 a 6. A "besta" é explicada nos v. 8 a 17;a "mulher", no v. 18.
8 a besta que você viu era e não é mais, e está para emergir do abismo, e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é mais, mas tornará a aparecer.
A. A besta que viste: Isto é, a besta do v. 3. João não viu a besta no estado em que ela “era e não é", mas, sim, em condição reavivada, após o período do “não é". Todavia, o anjo relata brevemente a carreira passada dessa criatura temível identificando a besta da forma que João a vira (ver com. dos v. 8-11).
Na introdução da visão (v. 1, 2) e na visão em si (v. 3-6), a atenção de João se dirige quase que exclusivamente para a mulher, e a besta é mencionada de forma secundária. No grego dos v. 1 a 6, de acordo com o texto de Nestle, 102 palavras são dedicadas à mulher e apenas 12 à besta. Porém, na explicação (v.7-18), o anjo se demora muito mais na besta, com suas cabeças e chifres. No grego dos v. 7 a 18, somente 36 palavras se referem à mulher, contra 243 direcionadas à besta. Essa diferença digna de nota entre a visão e a explicação pode sugerir que, embora o assunto anunciado seja a sentença divina pronunciada sobre a Babilônia mística e conquanto ela seja a personagem principal dos eventos retratados pela visão, seu breve triunfo e a queda súbita só podem ser compreendidos por meio de um estudo cuidadoso da contribuição feita pela besta, tanto para seu sucesso momentâneo quanto para a derrota final.
B. Era e não é: Em algum momento do passado, a besta estivera em atividade, mas depois desapareceu. A expressão é repetida no final do v. 8 e, mais uma vez, no v. 11. Alguns identificam o período em que a besta "era", com Roma pagã, e o período em que "não é" com o breve intervalo entre o fim da perseguição pagã e o início da perseguição papal; já o período que "está para emergir" corresponderia a Roma papal. Outros creem que a época do "era" equivale ao representado pela besta e suas sete cabeças; o período do "não é" seria o intervalo entre a ferida da sétima cabeça e o reavivamento da besta como "o oitavo" já o período que "está para emergir" corresponderia ao reavivamento da besta, quando ela se torna "o oitavo'. Os defensores do primeiro ponto de vista fazem uma correspondência entre o período em que a besta "era" com o do dragão de Apocalipse 12. ao passo que os defensores da segunda perspectiva também incluem a besta semelhante ao leopardo do Apocalipse 13. O tempo presente "não é" enfatiza a sequência temporal.
C. Está para emergir: Ou, "está prestes a ascender". O anjo continua a falar da trajetória da besta antes de ela emergir do "abismo". Na época em que João contemplou a besta em visão, ela já havia emergido "do abismo.
Quando a expressão "era e não é" se repete ao fim do v. 8, as palavras "mas aparecerá". preferivelmente, "está para ser", tomam o lugar de "está para emergir do abismo", expressão usada no início do versículo (ver abaixo no com. de "mas aparecerá").Por isso, a besta "aparecerá" quando "emergir do abismo". As palavras comparáveis nesta sequência tríplice se encontram no v. 11: "é ele, o oitavo". Logo. quando a besta emerge" do abismo" e aparece. ela existe como "o oitavo", literalmente, "um oitavo". No v. 8, a besta resvala para a "destruição” após emergir do "abismo” e existir como "o oitavo", por um período não especificado.
Quando a besta voltar a existir como "o oitavo", "aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão vendo a besta". Uma declaração semelhante é feita em Apocalipse 13:3, 8 (cf. v. 4) que fala da atitude do mundo em relação à besta daquele capitulo, quando sua ferida mortal é curada: "toda a terra se maravilhou seguindo a besta [...] e adorá-la-ão todos os que habitam sobrea terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo". Se Apocalipse 13 se refere ao mesmo acontecimento de Apocalipse 17:8, conclui-se que a declaração "essa ferida mortal foi curada" (Ap 13 3) equivale à expressão "está para emergir do abismo" (Ap 17:8; cf. 20:3,7). De maneira semelhante, a palavra "sobreviveu" (Ap 13:14) seria correspondente às expressões "mas aparecerá" e "é ele, o oitavo" (Ap 17:8, 11); a ferida na cabeça (Ap 13:3), a ida “para cativeiro” e a ferida à espada" (Ap 13:10,14), encontrariam seu correspondente na descida da “besta" ao "abismo” (Ap 17:8); sua “morte” (Ap 13:3) equivaleria à fase em que a besta passa no "abismo". As semelhanças destacadas aqui tendem a identificar a sétima cabeça da besta com a cabeça papal (ver com. de Ap 17:9,10). No entanto, esta similaridade não comprova a identidade (ver a relação entre as bestas de Ap 13 e com. de Ap 17:3).
D. Abismo: Do gr. abussos, termo que sugere um espaço vasto, impossível de se medir (ver com. de Mc 5:10; Ap 9:1). Na LXX, costuma se referir às profundezas do mar ou a águas subterrâneas. No Salmo 71:20 e em Romanos 10:7, a LXX emprega o termo para aludir ao submundo, ou ao local dos mortos, chamado de Hades (ver com. de Mt 11:23; cf. com. de 2 Sm 12:23; Pv 15:11; Is 14:9). A descida ao “abismo” seria um termo adequado para representar a morte da besta que parece ter sido ferida.
E. Destruição: Do gr. apōleia, "destruição completa”, “aniquilação” (ver com. de Jo 17:12). Isto indica o fim definitivo da besta (cf. Ap 17:11; ver com. de Ap 19:20; 20:10).
F. Aqueles que habitam: Isto é, aqueles sobre os quais a "meretriz" se assentou (v. 1) e que "se embebedaram" "com o vinho da sua devassidão" (v. 2; comparar com Ap 13:3,4,8,12,14; ver com. de Ap 17:1,2).
G. Não foram escritos: Isto é, não se aceita como candidatos a Seu reino.
H. Livro da Vida: Ver com. de Fp 4:3.
I. Desde a fundação: Pode-se compreender que o grego subentende que a escrita dos nomes aparecem no livro da vida já foi realizada "desde a fundação do mundo" ou simplesmente que o livro existe desde essa época. Aqui, é pretendido o segundo significado (comparar com Ap 13:8).
J. Aqueles [...] se admirarão: Do gr. thaumazō, “ficar deslumbrado”, "maravilhar-se" (ver com. do v. 6). Os habitantes da Terra se surpreendem ao contemplar a besta, que eles tinham visto descer para o “abismo” (v. 8), voltar e retomar suas atividades anteriores. Eles se admiram primeiramente e depois a adoram (ver Ap 13:3,4,8,12,14), isto é, concedem apoio voluntário à besta, ao empreender suas artimanhas blasfemas (ver a relação entre a besta dos capítulos 13 e 17, no com. de Ap 17:3).
K. Mas aparecerá: Evidências textuais (cf. p.xvi) favorecem a variante “está para ser” ou "está para vir".
9 — Aqui está a mente que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis,
A. Aqui está o sentido, que tem sabedoria: Comparar com Ap 13:18. O anjo inicia aqui sua explicação sobre a “besta que era e não é, mas aparecerá” do v. 8. Aquilo que João vira era um “mistério” (cf. v. 7; ver com. do v. 5), no sentido de que a realidade fora oculta em linguagem simbólica, e seria necessária "sabedoria" para entender conceitos figurados expressos em termos literais. Embora seja provável que esta declaração do anjo se refira, de maneira mais específica, ao enigma do v. 8 e, por isso, à explicação dos v. 9 e 10, também se aplica à visão inteira e à explicação dos v. 10 a 18 como um todo.
B. Sete cabeças: Ao que tudo indica, elas representam os sete principais poderes políticos por meio dos quais Satanás tentou destruir o povo e a obra de Deus na Terra (ver com. dos v. 2, 3, 6,10).Não fica claro se estas sete cabeças devem ser identificadas com sete nações específicas da história, uma vez que, no Apocalipse, o número "sete" costuma ter valor simbólico, em vez de literal (ver com. de Ap 1:11). Por isso, alguns entendem que as sete cabeças representam toda a oposição política ao povo e à causa de Deus na Terra ao longo da história, sem especificar sete nações distintas.
Outros presumem que os poderes representados pelas sete cabeças devem ser as sete nações específicas já mencionadas nas várias profecias de Daniel e Apocalipse. Identificam as quatro primeiras cabeças com os quatro grandes impérios mundiais de Daniel 2 e 7; a quinta com o chifre pequeno de Daniel 7 e 8 e com a besta semelhante ao leopardo de Apocalipse 13; a sexta com o poder representado em Apocalipse 11:7; e a sétima, com a besta de dois chifres de Apocalipse 13:11. De acordo com esse padrão interpretativo, os poderes representados pelas cinco primeiras cabeças seriam Babilônia, Pérsia, Grécia, o império romano e o papado. A sexta e a sétima cabeça corresponderiam à França revolucionária e aos Estados Unidos, ou os Estados Unidos mais uma organização mundial, ou os Estados Unidos e o papado restaurado.
Outros ainda consideram que as sete cabeças representam os principais poderes perseguidores desde que Deus escolheu um povo e organizou Sua obra na Terra. Por isso, especificam que são Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia, o império romano e o papado. Aqueles que seguem este padrão interpretativo chamam a atenção para o papel importante desempenhado pelo Egito e pela Assíria em relação a Israel tanto na história quanto nas profecias do AT. Eles também apontam para as circunstâncias a seguir, quando cada um desses sete poderes tentou aniquilar o povo de Deus, ou subjugá-lo, ou suprimir seu caráter religioso distintivo: (1) Egito, no mar Vermelho (Êx 14:9-30); (2) Assíria, sob a liderança de Senaqueribe (Is 8:4-8; 36:1-15; 37:3-37); (3) Babilônia, durante o cativeiro (Jr 39:9,10; 52:13-15); (4) Pérsia, sob a influência de Hamã (Et 3:8,9; 7:4; 9:1-6); (5) Grécia, sob o comando de Antíoco Epifânio . (6) Roma, nas perseguições a judeus e cristãos (Dn 8:9-12,13); e (7) o papado ao longo de sua história (Dn 7:21,25; 8:24; 11:33,35).
Considerando que não foi revelado se as sete cabeças representam sete nações em particular, nem em que período da história elas devem ser encontradas, este Comentário considera insuficientes as evidências para fazer uma identificação final das mesmas. Apocalipse 17 trata da besta durante o período em que ela "aparecerá". quando for "o oitavo"(ver com. dos v. 8,11) e, felizmente, a interpretação da mensagem básica do capítulo não depende da identificação das sete cabeças.
C. Montes: Símbolo profético frequente. que designa poderes religiosos ou político religiosos (ver Is 2:2, 3; Jr 17:3; 31:23; 51:23-25; Ez 17:22,23 etc.). Este símbolo também pode ser uma alusão à cidade de Roma com suas sete colinas. Com frequência, os escritores clássicos se referiam a Roma como a Cidade das Sete Colinas. Nos primeiros séculos d.C., os cristãos tinham o costume de se referir a Roma como "Babilônia" (ver com. de IPe 5:13; Ap 14:8), provavelmente para evitar serem considerados subversivos ao falarem e escreverem sobre as atividades romanas contrárias aos cristãos e sobre os juízos iminentes de Deus sobre o império. Considerando a relação histórica da Babilônia antiga com o povo de Deus dos tempos do AT, o titulo "Babilônia" aplicado a Roma em suas relações com 0 cristianismo era particularmente apropriado.
A mulher está sentada. Aqui, a anjo diz que a "mulher" estava sentada nas sets "cabeças", ao passo que, no v. 3, ela é mencionada assentando-se simplesmente na "besta"(ver com. ali). Logo, tudo indica que sentar-se nas sete cabeças é o mesmo que se assentar na besta. Portanto, não há distinção acentuada entre a besta e suas cabeças. É provável que não haja a intenção de estabelecer uma distinção.
D. São também sete reis: Ou, “e sete reis eles são”. Esses “reis” não são um acréscimo às “cabeças” e aos “montes”; em vez disso, presume-se que é possível identificá-los com tais elementos. Não fica claro, porém, se há alguma distinção entre os “reis” e os “montes”.
10 dos quais cinco caíram, um existe e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco tempo.
A. Caíram cinco: Não é especificado o momento em que cinco das cabeças "caíram", uma “existe” e a outra “não chegou”. De modo geral, os estudiosos adventistas defendem um dos três pontos de vista diferentes a seguir acerca do momento referido nesta passagem: (1) segundo o padrão interpretativo que considera as sete cabeças representantes de todos os poderes que se opõem ao povo e à obra de Deus na Terra, independentemente do número, esta declaração significa apenas que a maioria dos poderes havia se extinguido da história; (2) aqueles que interpretam as cinco primeiras cabeças como Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma e o papado entendem que elas já haviam caído quando a ferida mortal foi finalmente aplicada à cabeça papal da besta em 1798 (ver com. de Ap 13:3,4); e (3) os defensores de que as cinco primeiras cabeças são o Egito, a Assíria, Babilônia, Pérsia e Grécia interpretam que o momento indicado pelo v. 10 é a época de João, quando a visão foi dada (ver com. do v. 9).
B. Um existe: De acordo com o segundo ponto de vista, a França ou os Estados Unidos, após 1798; de acordo com o terceiro, o império romano nos dias de João (ver com. acima sobre “caíram cinco").
C. O outro: Segundo o primeiro ponto de vista, a minoria dos poderes políticos que ainda desempenharia seu papel; de acordo com o segundo, os Estados Unidos ou alguma organização mundial como as Nações Unidas; conforme o terceiro, o papado (ver com. sobre “caíram cinco"). É possível observar que, se os eventos preditos em Apocalipse 17 forem parcialmente idênticos aos do cap. 13 (ver com. de Ap 17:3, 8), conclui--se que a cabeça papal corresponde à chamada aqui de "o outro”.
D. Pouco: Do gr. oligos, termo usado 34 vezes no NT com o sentido de “pouco”, “pequeno”, para especificar quantidade, e 8 vezes com o sentido de "curto", para especificar tempo (ver com. de Ap 12:12). A frase pode ser traduzida por: “É necessário que ele permaneça um pouco", ou “É necessário que ele continue brevemente”, no sentido de um "período limitado”, em contraste com um prazo ilimitado. Em Apocalipse 12:12, oligos se refere ao "pouco tempo” destinado a Satanás após sua derrota na cruz (DTN, 758,761; GC, 503). É possível que, nesta passagem, o anjo dê a João a garantia de que Satanás e o poder (ou os poderes) representado pela sétima cabeça nunca alcançarão totalmente seus objetivos. Ou que seu direito de posse foi estritamente limitado. Alguns interpretam oligos de maneira literal nesta passagem, como indicativo de um curto período de tempo.
11 E a besta, que era e não é mais, é também o oitavo rei, mas faz parte dos sete, e caminha para a destruição.
A. A besta, que era: Ver com. do v.8.
B. É ele, o oitavo: Literalmente, “também ele mesmo é um oitavo”. Esta é a besta em seu estado reavivado, no período em que "aparecerá", depois de emergir do “abismo" (ver com. dos v. 8, 10). Alguns consideram que o oitavo poder corresponde somente ao papado; outros sugerem que representa Satanás. Aqueles que adotam o segundo ponto de vista destacam que, na época mencionada aqui, Satanás tentará personificar Cristo (ver com. de 2Ts 2:8).
C. Dos sete: Parece que a besta em si, "o oitavo", é a mesma à qual foram anexadas sete cabeças (Ap 13:11,12). A ausência do artigo definido antes da palavra "oitavo" sugere que a besta era a verdadeira autoridade por trás das sete cabeças. Portanto, ela é mais do que apenas mais uma cabeça, a oitava de uma série. É a síntese e o clímax delas, a própria besta. No grego, assim como na língua portuguesa, a palavra para "oitavo" está no masculino; portanto, não pode se referir a uma cabeça, palavra do gênero feminino.
D. Destruição: Ver com. do v. 8.
12 — Os dez chifres que você viu são dez reis, que ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora.
B. Ainda não receberam reino: Alguns defendem que o número "dez” especifica dez reis ou nações em particular. Outros interpretam “dez” como um número arredondado, referindo-se, portanto, a todos os poderes da categoria chamada de "chifres”, independentemente do total aritmético preciso. Tal uso é comum em outras partes das Escrituras (ver com. de Ap 12:3). Alguns acreditam que os dez chifres representam os mesmos dez poderes especificados em Daniel e, anteriormente, no Apocalipse. Outros, baseados no fato de que estes dez “recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora”, consideram que eles não podem, por esse motivo, ser identificados com as várias nações que surgiram com o esfacelamento do império romano.
C. Hora: Do gr. hōra, “estação”, “dia” (em contraste com o período da noite), "um dia", “uma hora (um doze avos das horas do dia]"e um ponto específico de “tempo". Em Mateus 14:15, hōra é traduzido por "hora", no sentido de horas do dia (ver também Mt 18:1; Jo 16:2; 4:25; 1Jo 2:18; Ap 14:15; Mc 6:35; Lc 2:38; Rm 13:11). Hora também é traduzida como "tempo” (2Co 7:8; ITs 2:17), “temporariamente" (Fm 15) e "tarde" (Mc 11:11). Com certeza, o significado de hōra, em qualquer situação específica, deve ser determinado pelo contexto.
Alguns interpretam a "uma hora" de Apocalipse 17:12 como tempo profético, que representaria um período de cerca de duas semanas. Todavia, o contexto parece sugerir algo diferente. Concorda-se, de modo geral que Apocalipse 18 apresenta uma explicação mais detalhada dos acontecimentos descritos no Apocalipse 17:12 a 17. Mas o período chamado de "um só dia" em Apocalipse 18:8 também é denominado "uma só hora" em Apocalipse 18:10,17,19. Fica clara a referência a um breve período, sem especificar sua duração exata. Por isso, parece preferível interpretar a expressão "uma hora" (Ap 17:12) com o mesmo sentido, indicando um período breve, mas não especificado.
Nem sempre os períodos mencionados em passagens proféticas das Escrituras designam aquilo que se costuma conhecer como tempo profético. Por exemplo, os sete anos de fome preditos por José foram anos literais (Gn 41:25-31), assim como os quarenta anos de peregrinação dos israelitas (Nm 14:34). O mesmo se pode dizer dos quatrocentos anos (Gn 15:13), dos setenta anos (Jr 25:12; 20:10) e dos mil anos (Ap 20:4). A breve "hora" (Ap 17:12) testemunha o clímax do plano satânico para a unificação do mundo por meio de um pacto entre as organizações religiosas apóstatas da Terra, representadas pela mulher, e os poderes políticos do mundo, simbolizados pela besta (ver com. de Ap 16:13, 14; 17:3). Parece que foi durante esta breve “hora” que João viu a "mulher” montada na “besta”, no apogeu de sua carreira, e "embriagada” com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus (v. 3-6).
13 Estes têm um mesmo propósito "pensamento" e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem.
A. Pensamento: Do gr. gnõmē, "opinião”, "intenção", "propósito", "resolução", "decreto". No v. 17, gnōmē aparece mais uma vez traduzido por "pensamento". A "mente" das nações da Terra é o total oposto da de Deus, Representadas pelos dez chifres, elas têm o propósito de se unir a "besta" (ver com do v. 3) para forçar os habitantes da Terra a beber do "vinho" de Babilônia (ver com.do v. 2), ou seja, unir o mundo sob seu controle e eliminar todos aqueles que se recusarem a cooperar (ver com. do v. 14; ver também PE,34,36,282; GC,615,624,626; PR,512, 587; T5, 213; comparar com Ap 16:12-16).
B. Oferecem: Literalmente, “isto é, eles darão”.
C. Poder: Do gr. dunamis “capacidade [potencial]", significando a habilidade de cumprir uma resolução. É por meio dos dez chifres que a besta se propõe a alcançar seu objetivo.
D. Autoridade: Do gr. exousia, “autoridade" (ver com. de Mc 2:10; Rm 13:1). A declaração diz, literalmente: “Estes têm um propósito, a saber, darão sua capacidade e autoridade à besta”. O consentimento unânime de todas as nações é obtido mediante a ação dos três “espíritos” malignos (ver com. de Ap 16:13, 14). Quando a porta da graça se fechar, Deus permitirá uma união político-religiosa mundial, cujo objetivo é aniquilar Seu povo. Tal plano foi contido por Ele desde os dias de Babel (ver com. de Gn 11:4-8; Dn 2:43; Ap 14:8), mas agora Ele retira Sua mão refreadora (Ap 17:17; cf. com. de 2Cr 18:18). "Haverá um elo universal, grande harmonia, uma confederação das forças de Satanás [...] Na batalha a ser travada nos últimos dias, unir-se-ão, em oposição ao povo de Deus, todos os poderes corruptos que apostataram da lealdade à lei de Yahweh”.
14 Lutarão "pelejarão" contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; serão vencedores também os chamados, eleitos e fiéis que estão com o Cordeiro.
A. Pelejarão: Com o mundo unido (ver com. de Ap 16:12-16; 17:13) sob a liderança da “besta” (v. 3, 8, 11), o palco final da longa guerra contra Cristo e Seu povo começa a fervilhar de ação. Esta cena do conflito, chamada de "peleja do grande Dia 21 (ver com. ali). Durante a sexta praga, são feitos preparativos para a batalha (ver com. de Ap 16:12-16), que é travada na sétima.
B. O Cordeiro: Ver com. de Ap 5:6.
C. Os vencerá: O fiel povo de Deus, que sofreu tanto nas mãos de seus inimigos (ver Ap 16:9-11; 12:13-17; 13:7, 15), é livrado quando Aquele que é “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” lançar mão de Seu braço forte e vir defender sua causa (ver com. de Ap 11:15,17; 18:20; 19:2,11-21). Cristo intervém no momento em que as forças do mal lançam seu ataque contra os santos, no início da sétima praga (ver GC, 635, 636; ver com. de Ap 16:17).
D. Senhor dos senhores: O título “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” é usado nas Escrituras para se referir a Cristo quando Ele volta à Terra para vencer as hostes do mal e livrar Seu povo fiel (ver 1Tm 6:15; Ap 19:16; cf. Mt 25:31; Ap 1:5; 17:14; GC,427,428,614,614).
E. Chamados: Literalmente, "convidados", isto é, no NT, para obter a salvação eterna (ver com. de Mt 22:3,14).
F. Eleitos: Ou, “selecionados”. Nem todos os “chamados” se qualificam para ser “eleitos”(ver distinção entre “chamados” e “eleitos” no com. de Mt 22:14; cf. com. de Jo 1:12).
G. Fiéis: Ou, "dignos de confiança”, "confiáveis”. Os “eleitos” devem permanecer “fiéis” "até a morte” (Ap 2:10), se necessário, a fim de ser contados “com ele”, isto é, com Cristo. O acréscimo da palavra “fiéis” subentende que não é suficiente ser “chamado” e “eleito”. Em outras palavras, aqueles que entram na experiência da graça mediante a fé em Cristo devem permanecer na graça para se qualificarem para entrar no reino da glória (ver com. de Jo 3:18-20; Ef 1:4,5; cf. com. de 1Co 3:15; cf. Ez 3:20;18:24; 33:12).
H. Com: Do gr. meta (ver com. do v. 1). Aqui significa “na companhia de”.
15 O anjo disse ainda "falou-me ainda": — As águas que você viu, onde a prostituta está sentada, são povos, multidões, nações e línguas.
A. Falou-me ainda: Ver com. de Ap 17:1.
C. Está assentada: Mais uma vez aqui, o anjo se refere ao que João viu nos v. 3 a 6, dentro do período temporal especificado nos v.11 a 13 (ver com. da passagem).
16 Os dez chifres que você viu e a besta, esses odiarão a prostituta. Eles a deixarão devastada e nua, comerão as carnes dela, e a queimarão no fogo.
A. Os dez chifres: Ver com. do v. 12.
B. E a besta: Os chifres e a besta participam da execução da sentença divina contra Babilônia (sobre a identidade da besta, ver com. do v. 3).
C. Odiarão: Isto representa uma mudança de atitude por parte da “besta” e dos "chifres”. Alguns aplicam esta atitude dos dez chifres à atitude de algumas nações da Europa ocidental em relação ao papado desde a Reforma; outros consideram que o cumprimento desta predição ainda é futuro. Até aqui, os chifres haviam apoiado as políticas defendidas pela mulher (ver com. dos v. 3, 9, 13), em especial a trama para matar os santos (ver com. do v. 14), se voltam contra ela, reconhecendo que os enganou (ver com. do v. 2; ver GC,654-656).
D. A meretriz: Ver com. do v.1.
E. Devastada: Do gr. erēmoō, “desolar", "descartar” (ver com. do v. 3). A forma da palavra no grego sugere que a “meretriz” permanecerá “devastada” para sempre (ver com. de Ap 18:21-23).
F. Despojada: Isto é, despida de suas vestes ostentosas (v. 3, 4) e, assim, deixada em situação de embaraço e vergonha (ver GC,655,656; cf. Ez 23:29; Ap 16:15).
G. Carnes: Literalmente, "pedaços de carne”, que salienta a ação de devorar e a abrangência do ato. Assim como o animal carnívoro lacera e despedaça a vítima no processo de devorá-la, "a meretriz” será destruída violentamente, sem a menor piedade, pelos mesmos poderes que tão pouco tempo antes a apoiavam.
H. A consumirão no fogo: Literalmente, “a queimarão completamente" (comparar com Ap 18:8, que diz: "será consumida no fogo"). Uma mulher figurada, obviamente, é queimada de maneira figurada (ver com. de Ap 18:8, 9; cf. Ez 28:17-19).
17 Porque Deus incutiu no coração "mente" deles que realizem o seu propósito "pensamento", executem-no de comum acordo e deem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus.
A. Coração: Ou, "mente".
B. Incutiu Deus: Os “dez chifres" e a "besta" (ver com. do v. 16) recebem autorização de Deus para executar o "julgamento" ou a do v. 1; cf. com. de 1Sm 16:14; 2Cr 18:18; o clímax do capítulo, apresentando "o julgamento da [ou 'a sentença sobre'] grande meretriz", o assunto anunciado pelo anjo no v.1. Todo o restante consiste em preparativos ou explicações para este relato do destino de “Babilônia, a Grande". Os v. 2 a 6 listam seus crimes (ver com. do v. 6) e explicam o motivo da sentença pronunciada sobre ela, ao passo que os v. 8 a 18 mostram o meio, ou como, a sentença será executada (ver com. do v.1). Babilônia receberá o cumprimento do veredito durante a sétima praga (ver Ap 16:19; cf. com. de Ap 16:19; 18:5,21; 19:2).
C. Executem: Ver com. do v. 13.
D. Deem [...] o reino: Ver com. do v. 13.
E. Cumpram: Isto é, até a sentença ser plenamente executada. A união das organizações religiosas apóstatas (ver com. de Ap 16:13), junto com seus líderes, é a primeira a cair (cf.GC,656),quando o lado político da coalizão político-religiosa universal (ver com. de Ap 16:13; 17:2) se torna um instrumento nas mãos de Deus para executar a sentença contra o lado religioso da união (cf. Is 10:5; 13:4-9; 14:4, 6; 28:17-22; 47:11-15; Jr 25:14,34-48; 50:9-15; 29-31; 51:49; Ez 26:3; Dn 11:45; Zc 11:10; ver com. de Ap 19:2).
F. Palavras de Deus: Isto é, Sua "vontade" expressa na sentença contra a Babilônia mística (ver Ap 16:17,19; 17:1).
18 — A mulher que você viu é a grande cidade que domina sobre os reis da terra.
A. A mulher: Ver com. do v.3.
B. A grande cidade: Babilônia literal ( ver com. de Daniel 4). Desde os dias de oposição organizada aos propósitos de Deus
REFERÊNCIAS
Bíblia Online (Almeida Revista e Atualizada, Bíblia - Almeida Corrigida Fiel, Bíblia - Nova Almeida Atualizada© Copyright © 2017 Sociedade Bíblica do Brasil). https://www.bibliaonline.com.br/.
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia: Filipenses a Apocalipse, Volume 07. CPB, Tatuí, SP. 2014.